Segue a crise institucional

A torcida é para que os políticos sejam serenos e o eleitor tenha tranquilidade para escolher seus representantes

Por: Redação  -  02/05/22  -  06:13
Jair Bolsonaro tem sido criticado por colocar a lisura do processo eleitoral em xeque
Jair Bolsonaro tem sido criticado por colocar a lisura do processo eleitoral em xeque   Foto: Isac Nóbrega/PR

Depois de protagonizar um dos episódios mais polêmicos da história republicana ao perdoar os crimes do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques ao regime democrático e ao próprio tribunal, Jair Bolsonaro voltou a mira para as eleições. A investida, agora, foi contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


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Em busca da reeleição, o presidente colocou a lisura do processo eleitoral em xeque e sugeriu a participação das Forças Armadas na apuração dos votos. Apesar de não haver nada concreto que indique fraudes ou falhas na urnas eletrônicas, Bolsonaro insiste em criar um clima hostil para o pleito que se avizinha.


No meio dessa briga, Câmara e Senado agiram de maneiras diferentes. No caso de Daniel Silveira, as duas casas legislativas, medindo bem as palavras, deixaram claro que não estavam de acordo com a pena de prisão imposta pelo STF. Arthur Lira, presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, ressaltaram que, uma vez concedido o perdão por Bolsonaro, somente o Legislativo poderia retirar o mandato conferido pelo povo.


Aí, o corporativismo falou mais alto. Por mais inconveniente e irrelevante que Silveira seja, ele é um parlamentar. E o que não falta é parlamentar com processos tramitando na Corte. A queda de um pode significar uma reação em cadeia.


Já no que se refere às eleições, Lira e Pacheco tomaram rumo diferente. Sem citar o nome do presidente da República, eles fizeram declarações defendendo a urna eletrônica e a Justiça Eleitoral. Em Brasília, os dirigentes se reuniram pessoalmente e demonstraram descontentamento, segundo informações. Eles lembraram que Jair Bolsonaro havia prometido parar de atacar as urnas eletrônicas quando o voto impresso foi derrotado no Congresso.


E que a promessa não foi cumprida. Na sexta-feira, o presidente falou em tom mais ameno. Sobre o caso Silveira, deixou claro que não tem a intenção de enfrentar o STF, mas que não poderia aceitar uma “injustiça” e um “atentado à liberdade de expressão”. Ao menos, reconheceu que as afirmações do deputado, um dos tantos que se elegeram na onda radical de 2018, foram ruins.


O recuo do presidente, contudo, não indica uma tendência. Não é a primeira vez que ele faz críticas pesadas a um suposto inimigo, recua e, em seguida, retoma o ataque. No começo da pandemia, ao se contrariar com as medidas tomadas pelo então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro começou a fritar o subordinado publicamente. Sem mais nem menos, declarou que havia chegado a um entendimento com ele. Um dia depois, contudo, retomou a postura bélica. O resto é história.


Embora nada aponte para um bom caminho daqui até outubro, a torcida é para que os políticos sejam serenos e o eleitor tenha a tranquilidade necessária e escolha seus representantes livre de sabotagem e histeria.


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