Espetáculo com Jean William une o lírico ao popular em Santos

Tenor se apresenta neste sábado (9), no Museu do Café

Por: Giovanna Corerato  -  08/04/22  -  07:58
Artista começou na vida artística muito cedo, inspirado pelo seu avô
Artista começou na vida artística muito cedo, inspirado pelo seu avô   Foto: Rodrigo Casamassa/Divulgação

Unindo o lírico ao popular e o clássico ao nativo, neste sábado (9), o Museu do Café (Rua XV de Novembro, 95, Centro, Santos) recebe o espetáculo Mi Tierra, com o tenor Jean William. A apresentação terá início às 16h e a entrada é gratuita.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


O projeto é uma forma de homenagear os indígenas e também homens e mulheres negros que vieram escravizados para a América. “Esses povos, apesar das agressões e violências que sofreram, trouxeram uma riqueza cultural muito grande. Os maiores ritmos musicais da atualidade são derivados dessas culturas”, explica o tenor.


Reunindo um repertório com boleros, tangos, rumba e salsa, aliados a outros ritmos originários da cultura negra latino-americana derivados de músicas e cantos tradicionais, William divide a apresentação em duas partes.


“Na primeira, faço cantos sagrados e nativos, uma junção da música nativa com uma linguagem eurocentrada. A segunda parte já é um repertório de músicas mais conhecidas, derivadas do bolero, salsa e mambo”.


Além de Santos, Jean William segue com a apresentação para Campinas (SP) e Ribeirão Preto (SP). Para a entrada no evento, é necessário apresentar a carteira de vacinação da covid-19 (física ou digital).


Formação
Como todo músico, Jean William tem uma inspiração: seu avô. “Comecei a cantar na igreja com ele, músico autodidata, logo quando criança. Se a música já fazia parte da minha vida bem antes de eu começar no estilo clássico, foi por causa dele. Eu cantava pop rock, mas quando ganhei uma bolsa de estudos e cheguei na primeira aula de canto, a professora não sabia nada do gênero, ela era do canto lírico”.


Quando começou a se desenvolver na música, vieram o racismo e o preconceito. “Uma professora já chegou a dizer que eu não deveria cantar porque não existiam negros na ópera”, lembra.


Mas, além das dificuldades relacionadas à cor da pele, Jean William entrou na universidade estando atrás de seus colegas de classe.


“Eu venho de uma família muito humilde, então não tinha o hábito de conviver com a música clássica, enquanto na universidade vários colegas de classe frequentaram conservatórios por mais de 10 anos. Eu me sentia muito atrasado e tive que correr atrás do tempo para poder recuperar isso”, confessa.


Toda essa bagagem o levou a valorizar os povos originários em seu espetáculo. Para a apresentação, o músico promete um show com ritmo, alegria e dança muito presentes.


“Sempre acreditei que a música tem esse poder de transformar, de conectar o homem a algo divino e sagrado, mas também algo humano”.


Logo A Tribuna