Atração deste sábado em Santos, Supla fala de memórias e projetos futuros na música

Ao lado de Ritchie, Fernanda Abreu, Philippe Seabra e a Orquestra de Santos, ele canta na Praça Mauá

Por: Natalia Cuqui  -  23/07/22  -  11:03
Supla faz show neste sábado (23), na Praça Mauá, em Santos, ao lado de outros artistas
Supla faz show neste sábado (23), na Praça Mauá, em Santos, ao lado de outros artistas   Foto: Foto Alexsander Ferraz

Não é à toa que Supla é ícone da cena roqueira do Brasil há décadas. Agora nas redes sociais, o músico conquista cada vez mais fãs, de diferentes gerações. Com o single recém-lançado O Tempo Não Vai Curar, Supla integra, ao lado de Ritchie, Fernanda Abreu e Philippe Seabra, a apresentação deste sábado (23), às 19 horas, com a Orquestra Sinfônica Municipal de Santos, na Praça Mauá, sobre o rock dos anos 80. Ele fala ainda do passado e do futuro da música brasileira, relembra algumas memórias da Baixada Santista e conta um pouco do seu lado ‘influenciador digital’ no Instagram.


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O Philippe Seabra (Plebe Rude) contou que você é o líder dos punks. O que você achou desse ‘título’?


Uma época, quando ele foi para Nova Iorque, viu o quanto endiabrado eu estava tocando na noite local. Meu guitarrista era muito louco, chegou a dar um tiro no pé, aconteceu muita loucura. Todas essas bandas de hardcore, como Murphy’s Law, Agnostic Front e Madball, iam no nosso show. Acho que ele quer dizer isso, eu carrego a bandeira, não digo nem do punk, mas do rock. Líder dos punks? Só se for os de butique, né? Aliás, é o nome da minha banda, Supla e os Punks de Butique.


Quais são suas maiores referências?


Bob Marley, John Lennon e Elvis. Mas tem tanta gente. Dos brasileiros, Raul Seixas. O Caetano Veloso, pra mim, é o melhor cantor do Brasil. E do rock, uma pessoa que eu não vejo como ídolo, porque não gosto da palavra, é o Chorão, um cara de Santos.


Como você vê a cena do rock brasileiro?


Veio uma nova geração que fez o que tinha que fazer, NX Zero, Fresno... Teve o boom do rock dos anos 80, aí houve Raimundos, CPM 22 e Charlie Brown Jr. Depois, Fresno, NX Zero. Tem gente fazendo música boa, procurando espaço. Só que o espaço da rebeldia foi para o trap (tipo tecnológica do rap), porque é mais fácil de fazer, no custo. Pra ter uma banda de rock, custam caro um amplificador bom, uma guitarra boa. Tem muito mais trappers que saíram do anonimato e estão ganhando a vida assim.


Como foi gravar um clipe em Cubatão? Como foi a escolha da locação?


Pelo polo industrial, onde o visual é muito louco. Eu fiz o clipe ali, aquela foi a música que deu o pontapé para eu lançar meu álbum Suplaego.


Quais são suas melhores memórias de Santos?


Tenho dois shows que marcaram: um na praia. A gente chegou de limusine, os fãs quebraram toda a limusine, foi uma loucura. E no Caiçara também foi muito louco. São coisas memoráveis em Santos. Os dois foram no final dos anos 80.


Quais são os projetos atuais?


Tocar pelo Brasil, com os Punks de Butique. Estamos tocando direto, lançando uma música atrás da outra. Esta semana eu lancei um single chamado O Tempo Não Vai Curar. Lançamos na semana passada duas músicas ao vivo e lanço mais uma música com o João (Suplicy).


Sabemos que você é torcedor do Santos. Como você vê a situação do time hoje?


Triste. Não sei nem o que falar. É triste, porque não acho os jogadores com falta de vontade, mas não sei dizer o que é. Se alguém soubesse, o time não ia estar nessa situação. De noite, quando vou comer um hambúrguer, chegam aqueles palmeirenses: eles só ganham, é irritante. E o Santos, quando jogou contra o Palmeiras na Vila, jogou bem para caramba. Teve jogos que eu vi e nem consegui me empolgar. A gente teve o Robinho, o Neymar, teve tanto jogador...


Você é um cara que interage muito com os fãs nas redes sociais, respondendo perguntas em vídeos. Como você se sente com o carinho e até com as piadinhas que eles fazem?


Gosto de tudo, faz parte. As piadinhas, os trocadilhos, surgiram na pandemia. Aconteceu naturalmente. Ao mesmo tempo, não tem só piadinha, sempre dou uns toques. Ontem mesmo, um cara fez uma piadinha: ‘se eu vir um cara na rua, dava as calças pro cara?’, Aí, eu falei para ele: ‘olha, independentemente da sua piadinha, quando você encontrar uma pessoa na rua pedindo dinheiro, se você não tiver dinheiro, só de parar e trocar uma ideia com a pessoa, ela já vai adorar, porque ela se sente invisível, o morador de rua se sente invisível. Se você tiver um dinheiro também pode dar, aí o cara vai gastar como ele quiser, não é da sua conta’. Vou falando coisas simples que podem ajudar de uma forma bacana. Encontrei a ex-esposa do meu irmão no aniversário da minha sobrinha e ela falou: ‘pô meu, o meu filho acompanha você e ele gosta das coisas que você fala’.


Você nunca tinha feito isso antes, né?


Não fazia nada, não gostava. Acho legal a internet, mas tem que tomar cuidado, às vezes, pois ela cria ansiedade tanto para o novo como para o velho. Ficar vendo a vida maravilhosa dos outros. Mas a gente sabe, a vida de ninguém é 100% maravilhosa.


De onde veio o apelido Papito? E o Champs?


Papito é uma gíria porto-rriquenha. O síndico do meu prédio em Nova Iorque, quando eu morava lá, me chamava de Papito. Eu gostei e comecei a chamar todo mundo de Papito. O Champs é para cima, sabe? É uma palavra engraçada de falar e também vale pra homem, mulher, qualquer coisa. Eu gosto de falar Champs.


Você tem alguma meta, algum sonho como músico?


Eu adoraria conseguir um hit mundial. Acho que Green Hair poderia ter sido um hit mundial. Não sei como vai acontecer, mas eu gostaria. Você tem que continuar trabalhando, não vai cair do céu.


O que o público pode esperar do show deste sábado?


É um show bem divertido, meio nostálgico. Cada um canta duas canções e é legal ver essas canções feitas por uma orquestra.


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