Projeto de Santos encara desafios da arte remota: 'Nem todo mundo tem internet'; VÍDEO

Arte no Dique segue modelo híbrido de ensino, com cerca de 65% dos alunos em casa

Por: Jordana Langella  -  15/07/21  -  10:11
Atualizado em 15/07/21 - 10:38
    Alguns alunos fazem oficinas de percussão online, na sede da Vila Gilda, em Santos
Alguns alunos fazem oficinas de percussão online, na sede da Vila Gilda, em Santos   Foto: Jordana Langella/ AT

Transformar a vida de crianças e adolescentes por meio da cultura é o que move o Arte no Dique, projeto que oferece desde 2002 oficinas artísticas para moradores de áreas vulneráveis de Santos. A sede do instituto fica na Vila Gilda, uma das áreas mais vulneráveis da Cidade, onde palafitas se aglomeram à beira do Rio Bugre. Porém, assim como outras iniciativas educacionais, também teve sua missão afetada pela necessidade do ensino remoto, somado à falta de recursos básicos, como internet e celular. Veja mais detalhes na videorreportagem abaixo.



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É o que explica Edson Adriano dos Santos, de 47 anos, professor de percussão há cinco anos na escola. Desde o início da pandemia, além da falta de contato com os alunos, a principal dificuldade dele foi mantê-los fora das ruas, centrados nas aulas de música. “É difícil querer que dentro de um barraco que suporta duas pessoas, mas tem sete, pedir para criança ficar dentro de casa. Essa criança não tem outro lugar para brincar além da rua”.


Mas não só isso, a dificuldade do acesso à internet é um problema na Vila Gilda. “O ensino à distância em uma comunidade como a nossa é muito sensível, porque nem todo mundo tem acesso à internet. Em alguns momentos, nossos monitores levaram as apostilas diretamente para casa dos pais dos alunos e nem sempre o acesso é fácil”, comentou Marcos Vinicius Santos, publicitário de 33 anos, responsável pela área de projetos do Arte no Dique.


Contudo, apesar das dificuldades atuais, em meio à pandemia também houve espaço para criatividade entre os responsáveis pelo Arte no Dique. Além das aulas que já eram ministradas, oficinas de empreendedorismo foram criadas - manicure e pedicure, além de barista. “Pensamos nessas atividades como forma de gerar renda e melhorar a vida socioeconômica das pessoas”, acrescentou Marcos Vinicius.


   Aulas de barista foram criadas durante a pandemia
Aulas de barista foram criadas durante a pandemia   Foto: Marcos Vinicius Santos

Hoje, as oficinas tradicionais da escola de percussão, capoeira, taekwondo e violão seguem o modelo híbrido de ensino, não só na Vila Gilda, mas em lugares periféricos de Santos. De 1150 alunos de toda a Cidade, apenas 400 voltaram ao modelo presencial, ou seja, quase 35% ainda permanecem em casa, o que dificulta o processo de aprendizado. “A gente que mora na Vila Gilda sabe das dificuldades, aqui tem trabalhador e os meninos querem estudar, mas temos todos esses problemas. E o Arte no Dique é um facilitador, uma oportunidade com oficinas artísticas para as crianças, além de ensinar a cidadania, em como conviver em grupo”.


Resiliência e esperança que caracterizam as bases do Arte no Dique, ressaltada pelo presidente José Virgílio. “A arte e a cultura são fundamentais para equilibrar a mente das pessoas, tocar um instrumento, por exemplo, é uma forma de aliviar o estresse e nós damos perspectiva para as pessoas, em momento de desemprego avassalador”, finalizou.


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