Poesias invadem as ruas de Santos

Coletivo Agente fez intervenções ocupando espaços públicos com obras de poetas santistas

Por: Egle Cisterna  -  02/02/20  -  11:35
Coletivo Agente leva poesia para as ruas de Santos
Coletivo Agente leva poesia para as ruas de Santos   Foto: Vanessa Rodrigues / AT

Um olhar mais atento pela Cidade pode fazer com que quem circula por Santos se depare com um trecho de uma poesia de um autor santista em algum canto, seja num canal, numa faixa de pedestres ou num muro de um morro.


Essas intervenções, que despertam a atenção de quem passa faz parte do projeto "Invasões Poéticas", que propões uma ocupação em diversos espaços públicos da cidade e pretende despertar para o diálogo da produção literária local.


Ação foi proposta pelo Coletivo Agente, formado por pelo ator Erik Morais e pela artista visual Natália Brescancini, cujo projeto foi selecionado na 7ª edição do Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes no Município de Santos do Fundo de Assistência à Cultura (Facult).


Eles escolheram trechos de poemas de Madô Martins, Marcelo Ariel e Marcelo Ignácio e fizeram cinco ações na Cidade, no Centro, na Zona Noroeste, no Morro da Nova Cintra e em alguns canais da Zona Leste.


A seleção dos poetas foi feita pela proximidade com os integrantes do coletivo. “Os autores têm a ver com as pessoas que a gente conhecia, já tinha visto em sarau, conhecia o trabalho ou já tinha lido. A questão central era escolher poetas da região para dialogar com a própria cidade e cobrir uma certa diversidade nas vozes”, explica Natália.


No Centro Histórico, por conta da questão da preservação dos imóveis antigos, a dupla usou projeções das poesias e imagens produzidas com base nos textos.


No Nova Cintra, os artistas colaram três grandes lambe-lambes artesanais com versos dos poetas parceiros. No Canal 1, o poema Raízes, de Madô foi transformado em um lambe-lambe de 15 metros que compõe a mureta lateral do local.


Já com as técnicas de estêncil, os canais 3, 4, 5 e 6, além de algumas faixas de sinalização de solo em seu entorno, ganharam as letras poéticas dos escritores santistas. O mesmo processo aconteceu no canal da Avenida Jovino de Melo, na Zona Noroeste.


"É muito bom os poemas circularem. A poesia pode ser o contrário dos slogans fascistas que estão circulando por aí. Falta mais espaço para os poetas nas escolas e na vida da Cidade em geral. E projetos como esse são necessários, mas insuficientes”, avalia Ariel, que aponta a falta de políticas culturais para fazer com que a população aprenda a pensar por si mesma.


Videopoemas


A fase das instalações foi concluída em janeiro e agora a dupla prepara um trabalho audiovisual para fechar o projeto do Facult. São imagens e textos que fazem o desdobramento da poesia em outros formatos digitais. Os videopoemas devem estar nas redes sociais do Coletivo Agente em 15 dias.


O trabalho das ações das invasões também ganhou registro do fotógrafo Maurice Pirrote. “Como são ações efêmeras, o registro é super importante e com o registro, isso ganha vida em outras plataformas”, diz a artista visual.


Desdobramentos


“Uma coisa legal que aconteceu é que outros poetas começaram a nos procurar querendo participar e estão doando versos. Estamos criando uma rede de poetas até gente de fora da Baixada”, conta Morais.


Para atender essa nova demanda, o Coletivo estuda novas parcerias para ampliar a invasão de poesias pela Cidade e impulsionar essas novas vozes.


“A gente tinha uma noção do movimento literário em Santos, mas foi descobrindo muito mais coisas através destes contatos e percebeu que é uma coisa muito mais forte. O projeto vai ganhar uma vida maior que o edital”, promete o artista.


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