Pela arte e resistência na pandemia, galeristas se unem na ação p.art.ilha
Arte de Thiago Toes, da Galeria OMA, é uma das obras do projeto
Os impactos da pandemia no mundo artístico seguem muito fortes. Segundo o relatório anual da Art Basel, organização que analisa a movimentação internacional no setor, o mercado de arte caiu 22% na pandemia em todo o mundo, voltando ao nível alcançado na crise econômica de 2009. Para enfrentar essa situação, galerias de arte do Brasil se unem na ação p.art.ilha, que apoia profissionais da área e instituições sociais.
A iniciativa começou em abril de 2020, com o acirramento da pandemia no País, quando cerca de 40 galerias se reuniram para movimentar o mercado. A ação transcorreu de abril a junho, propiciando a venda de 407 trabalhos de mais de 100 artistas brasileiros.
Neste mês, eles se reúnem de forma simultânea com um catálogo de obras em condições especiais, como créditos de 50% do valor investido para comprar outras obras da mesma galeria. Dez por cento do valor das vendas será doado à Associação Adote uma Família em Paraisópolis, de São Paulo.
Entre as galerias participantes estão a Aura e OMA, respectivamente de São Paulo e São Bernardo do Campo. Segundo Bruna Bailune, arquiteta e sócia-proprietária da Aura, a p.art.ilha começou em um grupo de WhatsApp. “Fomos nos reunindo durante esse período para pensar em estratégias de como agir em conjunto, porque todos estavam assustados com a pandemia”.
O resultado da primeira ação, em 2020, foi bem positivo. As mudanças no perfil de consumo e migração para o digital, segundo a galerista, vieram para ficar. “As galerias ficaram por muito tempo dependentes das feiras e dos espaços físicos. Com a pandemia, todo mundo foi jogado para o on-line e isso foi positivo, porque as galerias passaram a colocar suas obras nos sites e, obrigatoriamente, tiveram que colocar preços. Entendemos os benefícios dessa transparência, que é algo que aproxima os clientes. Esse é um dos pontos transformadores”.
Administrador de formação, Thomaz Pacheco se dedica exclusivamente à OMA Galeria atualmente. Ele também vê no meio digital uma boa oportunidade de negócios. “A experiência das artes visuais na internet é muito diferente. Então tem sido um constante desafio para nos mantermos ativos. Foi um desafio surreal nos mantermos ativos em 2020, e o p.art.ilha foi um dos respiros pontuais que tivemos”.
Thomaz destaca a arte como instrumento de resistência. “Vejo pessoas sendo transformadas por meio da arte todos os dias. Com a pandemia, nós vimos o quanto a arte e a cultura foram fundamentais para manter a saúde mental das pessoas. E a arte traz consciência crítica, que é um elemento fundamental de resistência. Arte é vida”. A ação da p.art.ilha começa hoje e transcorre por todo este mês. Visite o perfil @p.art.ilha no Instagram.
