Memória une ficção e realidade em história em quadrinhos

Cartunista Seri busca inspiração no passado em Rita de Cássia

Por: Ronaldo Abreu Vaio  -  10/02/22  -  16:30
Cartunista e chargista Seri desenvolveu o livro a partir da lei estadual de incentivo fiscal, o Proac
Cartunista e chargista Seri desenvolveu o livro a partir da lei estadual de incentivo fiscal, o Proac   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Duas pontas no laço do tempo. Uma volta ao próprio passado traçada nas linhas retas, ou nem tanto, de uma história em quadrinhos. É o que apresenta o cartunista Seri em Rita de Cássia – Retalhos em Quadrinhos, livro recém-lançado pela Papale’s Editorial.


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“É de uma história que a gente ouve dos pais, dos avós, no almoço, no café da tarde. A oralidade que passa de pai para filho”, explica.


Seri foi juntando essas histórias de vida e da casa de sua infância para elaborar uma ficção calcada, até certo ponto, em reminiscências. “Uma pessoa da família tem uma história parecida”, resume. “Tenho uma dívida afetiva com essa pessoa. (O livro) é como se fosse uma grande linha do tempo”.


Essa linha do tempo cobre 50 anos, de 1957 a 2007, em ‘retalhos’, como frisa Seri, da saga de Rita e sua luta não só para sobreviver, mas sobretudo para ser feliz – que, no fundo, é uma luta de todos nós que caminhamos por este mundo.


“A gente acaba procurando algo superficial. Acha que ter carrão ou aspirador de pó melhor é a felicidade”.


Tempo rei

O livro foi desenvolvido a partir de um projeto aprovado pelo Programa de Ação Cultural de São Paulo (Proac). Acostumado à correria dos jornais diários (ele já foi chargista em A Tribuna), com o sinal verde, Seri teve a tranquilidade e o tempo necessários para desenvolver a obra.


“Sempre trabalhei com tudo muito rápido e sintético. Nunca havia produzido um quadrinho com mais de uma página. De repente, tive tempo”.


Mas o tempo urge, às vezes até ruge. Na experiência em grandes jornais, Seri vê o chargista como eminentemente de ‘oposição’ a qualquer governo. “Ele tem que ser crítico do que está aí”.


No momento, em sua visão, ‘o que está aí’ fornece material de sobra para a crítica. “Cresceu a nossa responsabilidade em relação ao que vem sendo divulgado (fake news)”, avalia. “Nas redes sociais, a gente tem que saber filtrar (a informação) – como sempre fez e faz um jornal”.


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