Los Hermanos mostram o poder da música ao vivo em live
Apresentação, realizada na última quinta, contou como parte do lançamento do novo disco lançado nas plataformas no mesmo dia
"Saudades de uma aglomeração, né, minha filha?". Milhares de fãs dos Los Hermanos acompanharam na quinta, 14, a "live" promovida pela banda como parte do lançamento de Los Hermanos 2019, o novo disco ao vivo lançado nas plataformas no mesmo dia, já disponível.
Num momento único e terrível para o sistema da música ao vivo no mundo todo, e quando artistas procuram formas de se comunicar com os fãs, a banda apresentou uma novidade: o vídeo mostra o "ponto de vista Hermanos", ou seja, a câmera, de cima do palco ou no solo, fica apontada o tempo todo para a plateia, para "los fãs", num tipo de homenagem que ganha novos significados nos tempos em que vivemos.
O vídeo, agora disponível no canal oficial da banda, mas transmitido ao vivo com um chat, criando uma espécie de festa entre pessoas conectadas de diversos locais, mostra a cerca de 1h30 do disco gravado, interpolada com imagens, em shows nas 11 cidades pelas quais a banda passou em 2019. É uma hora e meia de faces, cantando emocionadas músicas que marcaram uma geração de brasileiros, talvez a última de amantes da música tão centralizada por uma banda de rock nacional, cria deste solo.
O repertório é conhecido. É fácil perceber que a iniciativa da banda, certamente pensada antes da pandemia, propõe um ato simples como olhar para as pessoas, estipulando uma base de empatia e solidariedade em falta no Brasil.
Com O Vencedor, Marcelo Camelo aponta o microfone e o público canta, vibrante, os primeiros versos de uma música que preconiza um tipo de otimismo melancólico, signo de uma geração, transformado em música: "Olha lá, quem acha que perder / É ser menor na vida / Olha lá, quem sempre quer vitória / E perde a glória de chorar / Eu que já não quero mais ser um vencedor / Levo a vida devagar pra não faltar amor". Com Primeiro Andar, A Outra, Pois É, Sentimental, a banda arranca lágrimas desgarradas de rostos às vezes mais jovens que as músicas, marcas de uma idade em que sofrer por amor é regra, e não exceção.
De Onde Vem a Calma é nomeada pelos fãs de "Evangelho Segundo São Camelo", e uma série de canções do primeiro disco recupera das entranhas do início dos anos 2000 as batidas aceleradas descendentes do indie rock de guitarras do século passado.
"Claro que a peça central disso tudo são vocês, ano após ano, e agora enchendo estádios", diz Camelo, genuinamente impressionado "Um sonho que a gente jamais ousou sonhar, como disse o Bruno", referindo-se a Bruno Medina que, como Rodrigo Barba, participou do chat no YouTube.