Livro retrata comunidade japonesa em São Paulo com música e romance
'A Melodia dos Sonhos', de Juliana Marinho, traz referências da comunidade nipônica na capital paulista
Quando as primeiras 165 famílias japonesas desembarcaram no Brasil do navio Kasato Maru, em 1908, não se fazia ideia da dimensão que a expansão da comunidade nipônica atingiria no País. Divididos especialmente entre São Paulo e Paraná, estima-se que cerca de 2 milhões façam parte da população brasileira hoje, formando uma das maiores comunidades nikkei (de japoneses e descendentes que moram no exterior) em todo o mundo.
Em São Paulo, alguns lugares icônicos marcam o circuito turístico cultural, ilustrando essa forte integração entre ocidente e oriente que se expande continuamente na Capital paulista. Imersa nesse cenário tão fértil para a imaginação, a escritora Juliana Marinho, de 43 anos, lança o romance A Melodia dos Sonhos, ambientado em uma comunidade japonesa da cidade.
Segundo a autora, essa herança cultural foi o gancho para se aventurar na temática. A trama acompanha o romance entre a jovem asiática Sayuri, que trabalha no mundo digital, longe das agitações sociais, e o carismático Tomás, um musicista que vive o sonho de fazer parte de uma grande orquestra. Unidos pela música, eles passam por transformações e processos de cura.
Ligação
Os japoneses têm uma forte ligação com o Brasil, e Juliana evidencia essas proximidades no texto. “Sempre importante trazer para a Literatura informações culturais e diferentes costumes. Deixa a história mais rica, desperta curiosidade no leitor para continuar lendo uma página depois da outra. Contribuições de origem japonesa, como os mangás, a comida e a religião budista, integram a realidade brasileira, e a Literatura é só mais um meio de retratar a influência oriental no País”.
Em seu processo criativo, a escritora faz questão de levar seus leitores em um passeio pela narrativa. Esse traço já faz parte de sua assinatura. “Minha maior inspiração para escrever vem das viagens a lugares românticos, envolvimento na história local e nos costumes. Elaboro um roteiro, escolho o tema central que vou trabalhar e crio o enredo”.
Musicoterapia
Além de promover um retrato único da multiculturalidade de São Paulo, a história também aborda outros dois temas essenciais: a ansiedade e fobia social entre os jovens; e a união da arte e saúde na promoção do bem-estar, por meio da musicoterapia.
O assunto entrou na vida da autora em um trabalho na pós-graduação em Psicologia Positiva, Ciência do Bem-estar e Autorrealização. “A música é muito presente em minha vida. Fiz uma sessão de musicoterapia, um trabalho terapêutico fundamentado no som, com enfoque na questão vibracional. Depois disso, me interessei pelo método e optei por trabalhar o tema na pós-graduação”.
A musicoterapia pode ser definida como um processo sistemático de intervenção, onde as experiências musicais e as relações desenvolvidas por meio delas agem como forças dinâmicas de mudança.
“Não é simplesmente prescrever que escute a música preferida e a doença tratada não existirá mais”, explica Juliana. “A terapia vai mais além dos padrões de compreensão consciente da pessoa em tratamento. É necessário que as ondas sonoras sejam codificadas, decifradas e armazenadas pelo cérebro”.
No livro, ela aborda esses conceitos de forma mais acessível. “Eu trago o poder da música para dentro do livro, mostrando resultados benéficos para as questões e dificuldades dos personagens. Ela desloca o foco da doença para o núcleo saudável da pessoa, transforma as impossibilidades em possibilidades”.
A experiência enfrentando a ansiedade também contribuiu na busca por métodos terapêuticos. Para reforçar a relevância da música em seu bem-estar, Juliana propõe uma experiência musical aos seus leitores com uma playlist especial criada para o livro. “O leitor pode curtir as músicas que cito no livro numa imersão musical enquanto lê”. Para acessá-la, é só buscar pelo título A Melodia dos Sonhos ou pelo perfil da autora, @julianamarinho, no Spotify.