Jornalista lança livro sobre tensões políticas e sociais em países da América Latina
Sylvia Colombo retratou na obra os países Bolívia, Chile, Venezuela, Equador e Colômbia
Uma peste que abalou estruturas já enfraquecidas. Um sentimento de raiva, latente no coletivo insatisfeito com seus governos e a atual conjuntura social. Além das particularidades de cada nação, na América Latina estes elementos compõem realidades que dialogam entre si. Isso é o que acredita a jornalista Sylvia Colombo, correspondente do jornal Folha de S.Paulo na América Latina. Esse é o cenário de seu novo livro: O Ano da Cólera (Editora Rocco, também no formato e-book).
Na obra, em 256 páginas, Sylvia escreve sobre as tensões políticas e sociais que eclodiram nos dois últimos anos. Bolívia, Chile, Venezuela, Equador e Colômbia são os cinco países latino-americanos retratados.
Sylvia escreveu o livro diretamente da Argentina, onde mora há 5 anos por conta de sua profissão. De lá, ela viaja para ver a realidade dos países vizinhos. Por conta das restrições da pandemia, ela não pode viajar tanto quanto de costume. Seu olhar apurado, por escrever há cerca de dez anos sobre a região, a auxiliou nesse processo.
“O entendimento da notícia por parte de quem consome é muito diferente quando ela é escrita por um repórter que estava em campo, no lugar em que as coisas acontecem”, diz Sylvia, evidenciando a importância de correspondentes internacionais. “Este livro é uma homenagem a todos os correspondentes”.
“O Brasil não é uma ilha”
É proposital que o Brasil não seja um dos países principais de seu livro. “O Brasil fala demais do Brasil e fala muito pouco de seus vizinhos”.
Para a jornalista, é importante que os brasileiros saibam mais sobre a história da região latino-americana, porque há similaridades de problemas, e soluções podem ser encontradas a partir desse intercâmbio cultural.
O Ano da Cólera, que também faz referência a O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez, busca suprir essa falha da cobertura jornalística brasileira ao olhar fora das fronteiras.
Além disso, ela acredita que a pandemia evidenciou problemas da América Latina, como a violência e o tráfico de drogas. Sylvia cita, também, a disputa por vacina entre os países da região. “O pior que pode acontecer, é o que está acontecendo”. Ao contrário, um maior diálogo poderia resultar em acordos e consensos coletivos.