Filme produzido por santistas, 'Mulheres de Fé' será exibido em festival na capital

Duas estreantes na direção do Instituto Querô produziram o filme, que será exibido no evento Visões Periféricas

Por: Bia Viana  -  18/03/21  -  10:44
Produção do documentário foi bem desafiadora, especialmente por tratar de religiosidade e feminismo
Produção do documentário foi bem desafiadora, especialmente por tratar de religiosidade e feminismo   Foto: Divulgação

Estreantes na direção com o filme Mulheres de Fé, produzido pelo Instituto Querô, de Santos, Bruna Santos e Dalila Ramos, ambas de 20 anos, foram selecionadas para o Festival Visões Periféricas. O evento paulistano reúne uma ampla curadoria de filmes produzidos por artistas de comunidades periféricas, garantindo maior visibilidade ao cinema independente e reunindo pautas representativas no audiovisual.


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Bruna é estudante de Mídias Digitais da Praia Grande, e entrou no Querô em 2019, após se formar no Ensino Médio, seguindo o sonho de estudar cinema. Dalila mora na Área Continental de São Vicente e cursa o último ano no Instituto. A ideia da dupla surgiu após descobrirem uma reportagem sobre um grupo chamado Frente Evangélica Pela Legalização do Aborto (Fepla). “Achamos o tema muito interessante, mas tivemos dificuldade em achar personagens. Por isso, mudamos o recorte para mulheres religiosas feministas”, conta Bruna.


A insegurança como cineastas de primeira viagem até veio, mas elas contaram com apoio de 12 jovens voluntários, tutores e uma equipe completa do Querô. Ao todo, o projeto levou cerca de três meses para ser concluído. A produção do documentário foi bem desafiadora, especialmente por tratar sobre religiosidade e feminismo. A dupla foi até São Paulo explorar o assunto e participou de cerimônias religiosas para captar a essência do filme. “O momento mais marcante para mim foi o dia da gravação, porque ficamos semanas estudando o tema e as personagens. Foi surreal viver o mundo delas pessoalmente e gravar um filme pela primeira vez”, descreve Dalila.


Ciente da grande responsabilidade, a dupla prezou pela visão das personagens para uma narrativa mais realista. Entretanto, a identidade das duas diretoras com o tema se dá por vias distintas: para Dalila, que atualmente não tem religião, mas cresceu frequentando a Igreja Católica, a relação com o filme vem do incômodo na “forma como a mulher é vista e a falta de presença feminina em cargos importantes dentro da igreja”.


Já Bruna, que também foi criada no catolicismo mas não tem religião atualmente, esta é uma pauta inédita. “Queremos mostrar que você não precisa deixar sua religião para apoiar o movimento feminista, pois as duas coisas andam juntas”.


Iniciando suas carreiras na arte, a dupla reconhece a importância da participação no festival. “A gente sempre fica na expectativa dos festivais, mas quando isso realmente acontece, ainda mais em um evento desse porte, é muito legal. Espero que a mensagem do filme toque as pessoas que o assistirem, ainda mais nesse momento de pandemia, quando precisamos mais ainda de fé, amor e força”, espera.


Dalila destaca as reflexões necessárias da correlação entre igreja e feminismo. “Fizemos o documentário na intenção de que muitas pessoas se identificassem com a história dessas mulheres. Tive a sensação de missão cumprida. Me sinto muito grata por todo o processo, aprendi muitas coisas que sempre vou levar comigo”.
Mulheres de Fé estará em exibição no site do Festival Visões Periféricas , de forma gratuita, a partir do dia 24.


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