Elas por elas

Cantoras soltam a voz e carreiras começam a decolar

Por: Bruna Faro & Da Redação &  -  16/06/19  -  19:49
A sambista Didi Gomes busca apoio para realizar novos projetos
A sambista Didi Gomes busca apoio para realizar novos projetos   Foto: Divulgação

Não é possível saber ao certo qual foi a primeira mulher a se destacar no mundo musical. Mas sabemos que, nesse mercado, os homens acabam ganhando mais destaque. Quer um exemplo? Existem muitas bandas de rock formadas só por mulheres, mas são poucas as que conseguem ficar famosas...


Outro exemplo: você aprendeu na escola sobre a compositora alemã Fanny Mendelssohn? Quando pensamos em compositores de música erudita, só lembramos de Mozart, Beethoven, Bach... Nomes como Fanny, vivem no esquecimento. Até a brasileira Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra, poderia ser assunto para um curso inteiro.


Felizmente essa visão melhorou muito nos últimos anos. Vemos mulheres invadirem os palcos e backstages para mostrar sua força nesse mercado predominantemente masculino. “Hoje é um pouco mais fácil. Vale ressaltar que muitas empresas prezam pela diversidade de gênero e não mais discriminam profissionais, sejam mulheres, negros, LGBTQ. Quando ingressei nesse mercado, a gente precisava pisar em ovos pra não desagradar homens”, declara a produtora musical Juliana Negri.


Ela trabalha na área há 17 anos e atua como diretora de produção, produtora executiva e artística, além de gestora de conteúdo da escola On Stage Lab, a primeira com cursos voltados à cadeia produtiva da música e entretenimento ao vivo.


De acordo com ela, a escola percebeu um crescimento no número de algumas mulheres, o que considera um grande avanço. “Hoje, somos maioria em diversas áreas.Ainda precisamos que as meninas estejam em departamentos como o de produção técnica, a galera da graxa. Mas várias de nossas alunas formadas hoje atuam em posições de destaque. Isso é muito bacana”.


Representatividade


A representação feminina é visível até para quem está de fora do mercado. As moças têm aparecido mais nos meios de entretenimento e lutado para ter seu lugar nessa indústria. Existem até eventos e campanhas que promovem isso, como Time’s Up, Me Too e Women Walk Together.


Os dois primeiros foram criados em Hollywood para falar sobre casos de assédio no trabalho, sendo apoiados por grandes estrelas.


O terceiro, Women Walk Together, foi o primeiro Showcase feito só por mulheres profissionais desse meio. Criado ano passado em comemoração aos 100 anos de Nelson Mandela e em apoio à campanha #WalkTogether do The Elders, uma entidade da ONU. O evento aconteceu simultaneamente em cinco países ao redor do mundo, com o intuito de enaltecer e reunir as mulheres da indústria musical.


Juliana foi uma das palestrantes, além de ajudar na produção do evento. “Foi muito legal! Levantamos um awerness importante, uma bandeira que precisava dessa atenção”, destaca a produtora, que enfatiza a visão da sociedade sobre a figura feminina.“Não somos mais ‘sexo frágil’”. Nossa capacidade profissional deve se sobrepor ao nosso gênero, e o que buscamos com esse movimento é isso: equidade de tratamento, de pagamento de cachês, de reconhecimento das nossas habilidades”.


Aumentar a representatividade da mulher é essencial para um ambiente de trabalho igualitário. Para isso, mulheres como Juliana buscam reforçar a importância feminina, servindo como inspiração para outras.


“Nossas habilidades são incríveis demais pra ficarem no escuro. Lutem por seus direitos, não permitam serem constrangidas por seus corpos, cor de pele, forma de se vestir. Tenham postura profissional no mercado e não admitam ser intimidadas! Essa é uma luta de todas nós”.


Paula Toller - Cantora e compositora
“Em 2002, lancei a música 'Nada Sei'. Um mega hit e tinha o refrão no feminino: sou errada, sou errante... Foi muito legal ver os homens cantando sem nenhum constrangimento. Me sinto muito bem sendo mulher,mas nunca foquei em romper barreiras. Fiz o que gostava com muita determinação e grandes parceiros masculinos. Minhas letras são para todos”


Didi Gomes - Cantora e compositora
“Creio que a mulher no cenário musical hoje já está mais firmada. O problema é o espaço, pois são muitos talentos buscando por mais independência musical. Hoje vejo mais respeito às mulheres graças às grandes artistas que abriram caminho para novas gerações. O que falta são mulheres cantoras se unirem mais”.


Hanna - Cantora, atriz e compositora
“Os incentivos musicais devem continuar, pois onde existe luta sempre haverá um vencedor. E sabemos que é um grande desafio vencer sendo mulher. Eu já tive muitos assédios. Mas meu conselho para as mulheres que estão no mercado musical é que nunca desistam dos seus sonhos”.


Rafaella Laranja - Cantora e compositora
“Sobre arrumar espaço na indústria da música, sinceramente, não vejo diferença entre gêneros! A dificuldade é geral. O que eu vejo é que ainda somos minoria, talvez por um processo de evolução, à medida que nós, mulheres, ainda estamos nos colocando no mercado de trabalho. Além disso, acho que as mulheres dão um‘colorido’, uma graça especial!”


Mariana Volker - Cantora e compositora
“De uns anos pra cá, começou um movimento muito maior de união, respeito e apoio entre as mulheres, o que é de extrema importância, visto que a gente lida com uma sociedade que tenta desestabilizar a figura e força da mulher. Mas ainda há mais espaço para a quebra dessas barreiras, ampliando as redes de sororidade e empatia. Juntas somos mais fortes!”


Rachell Luz - Cantora e compositora
“Com certeza, a mulher tem encontrado mais espaço, em todas as áreas. É importante conseguir este espaço e ter posicionamento firme. A mulher vem se unindo mais e competindo menos, e acho que cada vez mais esta balança vai ficar equilibrada. Menos competição, mais apoio, todas se unindo e se ajudando para conquistar nosso lugar”.


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