De Série em Série: Zero, da Netflix, traz super-herói da periferia e críticas sociais

Baseada nos quadrinhos do italiano Menotti, série já está no top 10 da Netflix com menos de uma semana de estreia

Por: Bia Viana  -  24/04/21  -  10:11
   A série nos apresenta Omar, um jovem negro que tem uma incrível habilidade com desenhos no estilo mangá
A série nos apresenta Omar, um jovem negro que tem uma incrível habilidade com desenhos no estilo mangá   Foto: Divulgação

Um novo super-herói chegou na cidade! Esqueça os grandes astros da Marvel e DC: a onda do momento é a série Zero, baseada nos quadrinhos do cartunista italiano Menotti, que integra o catálogo de originais Netflix nesta semana já ocupando uma posição de destaque no Top 10 da plataforma.


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A série nos apresenta Omar (Giuseppe Dave Seke), mais conhecido como Zero, um jovem negro que trabalha como entregador de pizza e tem uma incrível habilidade com desenhos no estilo mangá. Sempre se sentindo invisível perante o mundo à sua volta, ele é surpreendido quando descobre, em uma situação estranha, que possui um superpoder: Omar é literalmente capaz de ficar invisível. E todo duplo sentido neste despertar de identidade é válido para um bom entendimento da trama.


Além da inusitada habilidade, outros acontecimentos importantes impactam sua rotina. Omar, que vive no subúrbio de Milão com a irmã mais nova e o pai, enfrenta várias dúvidas sobre quem realmente é e quem deseja ser. Por isso, duas pessoas surgem para mudar completamente sua visão de mundo: Anna (Beatrice Granno), uma cliente rica da pizzaria que acaba se tornando a garota de seus sonhos, e Sharif (Haroun Fall), outro residente de seu bairro que descobre acidentalmente o seu poder de invisibilidade. Quando encontra esses dois personagens, Omar é forçado a sair da zona de conforto e embarcar em uma jornada de autodescoberta pelas ruas milanesas.


Também é graças a esses encontros que Omar descobre sua missão. Para cumpri-la, ele conta com os sempre necessários sidekicks (parceiros) de todo super-herói. Omar se junta ao grupo de Sharif, que coloca seus amigos Momo (Dylan Magon), Sara (Daniela Scattolin) e Inno (Madior Fall) a disposição para sua aventura.


O elenco é divertido e bem coeso, o que fortalece a dinâmica da série e nos faz esquecer quão rápidas e abruptas são formadas as relações na série. Giuseppe, que logo em seu primeiro papel profissional já interpreta um protagonista, tem uma naturalidade genuína para interpretar seu personagem. Outro destaque vai para Haroun Fall, que traz a performance clássica do mandachuva do bem, um ‘malandro carismático’ que parece perigoso, mas que com forte senso de lealdade se torna o principal aliado de Omar e um elo importante na trama.


O roteiro segue fielmente a jornada do herói, uma estrutura narrativa que é utilizada como fórmula para desenhar as aventuras do mocinho em um filme ou série de herói. Além desse suspense, que também se dá pelo arco ‘sobrenatural’ do personagem, também temos pitadas de comédia e romance, que dão leveza à narrativa.


À margem da sociedade, tanto por ser filho de imigrantes senegaleses como um jovem negro sobrevivendo na periferia italiana, Omar também representa um questionamento importante às estruturas sociais. Há a preocupação em tecer uma crítica ao sistema capitalista e ao abismo social presente em toda a sociedade contemporânea, mas a série não enfatiza a questão com diálogos, deixando essas reflexões como pano de fundo da história.


Com um estilo Robin Hood e Lupin, Zero é uma opção digna de maratona. Com apenas oito episódios de 25 a 30 minutos, a série é descontraída, mesmo com suas surpresas e revelações – ideal para quem busca um entretenimento mais leve no fim de semana.


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