'Como você quantifica amor? Simplesmente é amor', diz Joaquim Lopes

Na entrevista a seguir, o ator de 39 anos comenta sobre a importância de falar sobre adoção em rede nacional

Por: De Estadão Conteúdo  -  04/06/19  -  09:41
"A única coisa que importa nesse caso e em todos os outros é o bem-estar da criança”, diz o ator   Foto: Joel Cotta/ Globo

Em Malhação, Joaquim Lopes é um pai exemplar, que carrega o mesmo nome do ator. No folhetim adolescente das tardes da Globo, o marido de Lígia (Paloma Duarte) enfrenta, junto com a esposa, a ameaça de Rita (Alanis Guillen). A jovem está decidida a não desistir de ter a filha biológica Nina de volta. Mesmo após perder a primeira disputa judicial pela guarda, Rita decidiu se aproximar da família adotiva, o que deixa Joaquim e Lígia em pânico. E faz Lara (Rosanne Mulholland) agir em defesa da irmã e do cunhado. Além disso, a situação piora quando o veterinário nota o encantamento do filho Filipe (Pedro Novaes) pela moça. Sem falar que, mais adiante, seu casamento passará por momentos de tensão, por conta do interesse de outras mulheres por ele.


Na entrevista a seguir, o ator de 39 anos comenta sobre a importância de falar sobre adoção em rede nacional; ressalta que o bem-estar do menor deve ser o mais importante para a decisão da Justiça e confessa que o contato com uma criança pequena aguçou ainda mais seu desejo de se tornar pai. Além disso, Joaquim valoriza a oportunidade de dialogar com os jovens que assistem à novela e relembra o período de transição de apresentador do Vídeo Show para os folhetins.


Em Malhação, em um primeiro momento, a família adotiva venceu na Justiça. Mas a disputa pela guarda da criança continua. Como você vê essa situação?


Acho que o drama acrescenta na discussão. Quem deve ficar com a criança? Qual é o amor que vale? O biológico ou adotivo? Será que existe diferença? São todas as formas de amar mesmo! Não existe resposta certa para uma questão assim. Como você quantifica amor? Simplesmente é amor.


Na vida real, você ficaria do lado da mãe biológica ou da adotiva?


Eu quero ouvir o que a galera de casa, que está vendo, pensa. Não consigo opinar justamente por estar dentro, envolvido na trama. Fico com medo de dar uma resposta tendenciosa. A única coisa que importa nesse caso e em todos os outros é o bem-estar da criança. O que for o melhor para ela é o que deve ser feito sempre.


O que você pensa sobre falar de adoção em uma novela?


É um assunto que precisa ser abordado, porque a adoção no Brasil ainda é muito complicada. Tem uma burocracia grande. Nem sempre os interesses da criança são a prioridade, como deve ser. Então, é um tema que estava precisando voltar às telas para ver se fomentamos mais discussões sobre isso.


Você ainda não é pai. Como é viver um na ficção?


Fico lisonjeado, porque, em primeiro lugar, eu me acho muito parecido com o Pedro Novaes (risos). Estou brincando! O moleque é bonito demais! E também sou pai da Nina, que são duas meninas gêmeas que interpretam, de um aninho e pouco. São duas fofas, muito calmas, profissionais, reagem no meio da cena e a gente tem de improvisar junto com elas.


A convivência com essas crianças despertou um lado paterno em você?


Isso sempre existiu. Quero ser pai ainda. Essa convivência com elas só deixou esse desejo ainda mais latente.


Malhação é uma novela que dialoga muito com os jovens nas redes sociais. Como você mantém contato com eles?


Uso mais o Instagram. No Twitter, quase não posto nada. Tenho de reaprender a lidar com isso, porque os fãs de Malhação estão muito presentes lá para uma troca. E eu quero ouvir o que eles têm para dizer, saber o que está atravessando a tela e chegando ao coração dessas pessoas e o que não está, para que alguma coisa possa ser feita.


Essa temporada de Malhação também trata da violência urbana. O que pensa disso?


Infelizmente, o nosso país vive uma onda de violência. Seja contra a mulher, contra o homossexual ou a população negra. Está inerente na nossa sociedade. Então, a gente tem que falar sobre isso ininterruptamente, até que alguma coisa seja feita de verdade e não seja só papinho de internet. Falar é fácil, fazer é que é difícil.


Antes de integrar o elenco de Malhação, você havia voltado para o Vídeo Show e ficou lá até o último dia. Como foi essa nova mudança?


Sim, eu estava no Vídeo Show, aí fiz Orgulho e Paixão (2018), voltei para o Vídeo Show e, agora, Malhação. Eu sou funcionário da TV Globo, estou à disposição da casa e confio nas diretrizes que eles têm para a empresa e para as carreiras, principalmente a minha. É bom mostrar que consigo transitar entre o entretenimento e a dramaturgia. Estou feliz por atuar em um produto legendário como Malhação, que está aí há 25 anos.


Logo A Tribuna