Cantora de Santos lança clipe musical para conscientizar sobre o lugar da mulher na sociedade
Tuas Palavras, de Lua Marina, aborda os direitos da mulher
![Lua compôs a canção justamente para trazer o 8 de março à sua verdadeira essência: a de luta por direitos e contra a violência à mulher](http://atribuna.inf.br/storage/Variedades/Pop_&_Art/img1815857014831.webp)
Igualdade para além das palavras, mas também por meio delas. A cantora santista Lua Marina lança nesta terça-feira (8), no Dia Internacional da Mulher, o clipe da música Tuas Palavras, uma composição que vem à luz como forma de conscientização sobre o lugar da mulher na sociedade – tanto o que ela ocupa, quanto o que ela, efetivamente, deveria ocupar.
“A gente está avançando, temos conquistado espaços de decisão, na política, na justiça. Uma das convidadas do clipe, inclusive, é uma juíza de São Vicente”, explica a cantora, que teve ao lado na composição o marido, o também músico Ugo Castro Alves.
O videoclipe foi concebido para apresentar mulheres e diversas em suas trajetórias, personalidades, orientação sexual, profissões e atuação na sociedade. Assim, foram escolhidas três mulheres da Baixada Santista, com representativa de um feminino pleno e atuante. “São mulheres que têm aberto caminhos a outras que vêm depois”.
As três escolhidas para participar do clipe são a poeta, fotógrafa e arte educadora Ornella Rodrigues; a mãe, ativista, educadora, filósofa e produtora cultural Juliana Bordallo; e Fernada Carvalho, dançarina e juíza na Justiça Restaurativa – citada por Lua.
Pequenas violências
Apesar dos avanços reconhecidos, ainda há muito o que ser trabalhado para modificar de maneira contundente séculos de cultura patriarcal e machista. Segundo avalia Lua, as chamadas “pequenas violências” que passam como práticas corriqueiras acabam por perpetuar nas mulheres um padrão de ser e estar em sociedade.
“São pequenas violências que parecem ingênuas. Começa em furar a orelha do bebê desnecessariamente, porque menina tem que usar brinco. Parece ingênuo, mas vai formatando uma ideia de corpo, imposta e padronizada”.
Outro elemento do tipo, segundo Lua, é o culto ao salto alto, erroneamente visto, muitas vezes, como forma de empoderamento. “Fiz um post certa vez sobre a dor de usar e dos problemas físicos que traz. Uma amiga comentou que, durante muitos anos, se impôs essa dor. Esse é um padrão associado à sexualidade, mas a mulher é muito mais do que isso”.
Incômodo
Tanto a canção quanto o clipe que será lançado nesta terça (8), às 20 horas, no canal do YouTube do Festival Mais, foram concebidos a partir das inquietações de Lua sobre o uso do 8 de março. “A gente vê a data tratada com perfumarias, com rosas, homenagens. Isso me incomodava, pois é na verdade um momento de reflexão e afirmação”.