Bem-humorada, autobiografia de Roberto Bolaños chega ao Brasil
No livro, Roberto Gómez Bolaños conta como surgiram o Chaves e o Chapolin Colorado
Uma mulher grávida se desesperou ao descobrir que tomou um antigripal sem saber que continha ingrediente abortivo. Diante da dor aguda, o médico recomendou que ela aceitasse perder o bebê, mas a moça insistiu em manter a gravidez, mesmo sob o grave risco de vida, o que tornou a gestação um período de grande sofrimento. “Por causa disso, eu nasci em 21 de fevereiro de 1929”, afirma o mexicano Roberto Gómez Bolaños que, anos depois, alcançou grande sucesso nas séries de TV Chaves e Chapolin.
A frase consta logo no início de
Fila define o futuro
Ao longo da vida, Bolaños, que morreu em 2014, revelou uma enorme capacidade de se reinventar quando necessário – resistência herdada
A grande virada de sua vida começou quando se interessou pelo anúncio de emprego como aprendiz de produtor em uma empresa de publicidade. Ao chegar lá, viu que havia cerca de 60 candidatos à vaga que ambicionava, mas, ao lado, havia outra fila, com apenas cinco pessoas, aspirantes ao cargo de redator aprendiz. “Meu futuro profissional foi definido pela diferença de tempo que eu deveria passar em uma fila”, diverte-se ele, no livro.
Aos 22 anos, portanto, Bolaños começou a escrever freneticamente roteiros para programas de rádio, televisão e cinema – até ensaiou uma primeira carreira como ator no final dos anos 1950.
Foi nessa época que ganhou o apelido de Chespirito, forma elogiosa nascida da admiração do cineasta Agustín Porfirio Delgado, que o chamava de “pequeno Shakespeare”, brincadeira por escrever muito apesar da pequena estatura.
A gênese de Chaves
Na autobiografia, Roberto Gómez Bolaños conta como, em 1968, assinou contrato com uma emissora de TV em ascensão, a Televisión Independiente de México, para inicialmente fazer um programa de meia hora nas tardes de sábado. A atração se chamava Chespirito e dois personagens se destacavam El Chavo del Ocho e El Chapulín Colorado. Os esquetes curtos e bem-humorados fizeram tanto sucesso que ele logo ganhou o horário noturno da segunda-feira – e em uma atração de uma hora de duração.
O êxito novamente foi tão estrondoso, especialmente entre as crianças, que cada personagem ganhou uma série semanal própria.
Identificação
A conexão imediata com os pequenos era motivada, segundo Bolaños, pela imediata identificação – no livro, ele revela suas suspeitas em relação ao sucesso dos personagens.
Roberto Gómez Bolaños morreu em 28 de novembro de 2014, aos 85 anos, vítima de uma parada cardíaca, em sua casa, em Cancún.