Beethoven continua vivo entre nós em 250 anos de história

Compositor alemão revolucionou a música e brindou públicos de todo o mundo com suas canções

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  20/12/20  -  11:53
Compositor alemão Ludwig van Beethoven é celebrado em todo o mundo
Compositor alemão Ludwig van Beethoven é celebrado em todo o mundo   Foto: Marcelo Padron/AT

Há 250 anos, a música ganhava uma referência que iria mudar a forma como artistas lidavam com as composições e fazer com que o público fosse brindado com músicas atemporais, que continuam encantando e surpreendendo as novas gerações. Estamos falando do compositor alemão Ludwig van Beethoven, celebrado em todo o mundo. 


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Apesar da incontestável importância de sua obra, a data do seu nascimento é controversa. A data foi comemorada na última quinta-feira, devido ao único registro encontrado – sua certidão de batismo. Na época dele era costume batizar as crianças até um dia depois do nascimento. 


Ele revelou seu talento muito jovem e começou a compor no final da infância, que foi marcada por uma relação conflituosa com pai alcoólatra, que o fez assumir o sustento da família ainda muito jovem. Aos 21 anos, o compositor se mudou para Viena, onde deu continuidade aos estudos. 


Foi ali que, aos 26 anos, os primeiros sinais de surdez apareceram. Mesmo com o problema auditivo, ele continuou compondo. A famosa nona sinfonia, considerada uma das suas mais importantes obras e a última que ele concluiu, foi feita já com a surdez total do músico. 


“Beethoven fez uma revolução. Existe a música antes e depois dele. Ele não negou o passado, mas, baseado nele, abriu várias portas. Ampliou as formas de tocar instrumentos, trouxe ideias novas nas sinfonias, óperas e quartetos de cordas. Ele foi o pai do romantismo”, avalia o maestro da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos (OSMS), Luis Gustavo Petri, que aponta que o músico é uma grande influência até hoje para todos aqueles que têm formação musical. 


Para o diretor executivo da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Marcelo Lopes, Beethoven teve um papel fundamental na história da música universal. 


“Não só porque foi o compositor que fez a transposição do período clássico para o romântico na música, mas porque, do ponto de vista estético, também alterou totalmente a ideia do que era um concerto. Ele profissionalizou as orquestras e os compositores, fazendo com que o criador da obra musical se tornasse o centro da atenção e razão maior da existência da música clássica, não apenas o intérprete”, aponta. 


O resultado disso pode ser visto no seu legado, em nove sinfonias, 32 sonatas para piano, 16 quartetos de cordas, entre outras obras. 


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Suas obras são conhecidas por todos. Até por aqueles que nem sequer ouviram falar do nome do músico. Basta citar a música do gás para que venha à mente das pessoas um trecho da composição música clássica Für Elise, que ganhou uma versão, no final dos anos 1980, que substituiu as buzinas e os vendedores que gritavam pelas ruas “ó o gás” e se popularizou nos caminhões que vendiam botijões pelos bairros.


Sob encomenda de uma empresa, o músico Hélio Ziskind sintetizou o som de botijões batendo como sinos, com flauta e violinos. A nova roupagem chegou a virar um funk, que viralizou na internet e ganhou as ruas no Carnaval. Essa mesma música chegou a ser conhecida como o som padrão de espera em chamadas telefônicas.


Os acordes iniciais da Quinta Sinfonia também estão entre as músicas mais conhecidas da história, presentes na publicidade, e o coral da Nona Sinfonia se tornou o Hino da Comunidade Europeia e foi executada na queda do Muro de Berlim.


Silêncio na praia


O diretor executivo da Osesp lembra uma passagem, em Santos, de 2007, onde fica claro o encantamento que a música do alemão exerce nas pessoas.


“Em 2007, a Osesp tocou pela primeira vez na Praia do Gonzaga um concerto ao ar livre. O maestro John Neschling programou a Nona Sinfonia inteira. No meio do concerto, resolvi andar entre o público e colher as impressões. Foi impressionante estar no meio de 12 mil pessoas, numa praia, em total silêncio. Ninguém falava, não havia ruídos e as pessoas choravam no último movimento. Era uma catarse coletiva”, conta ele, que ainda pensou:


“O que mais poderia calar uma multidão e unificar os sentimentos de maneira tão contundente? As catedrais de Beethoven se erguem em todos os lugares e a qualquer momento. Basta escutar.”


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