Avião de Marília Mendonça estava 'a um minuto do pouso', diz piloto

Glauco Souza acompanhou o pouso do avião da cantora pelo rádio

Por: Estadão Conteúdo  -  06/11/21  -  14:26
Atualizado em 06/11/21 - 14:27
  A cantora estava em avião que caiu em cachoeira em Minas Gerais
A cantora estava em avião que caiu em cachoeira em Minas Gerais   Foto: Reprodução

"Aquela é uma área que todos os pilotos evitam voar. A gente não sabe por que ele decidiu ir por ali", comenta Rafael Lacerda, que trabalha há dez anos sobrevoando a área de Caratinga, no interior de Minas Gerais, onde a cantora Marília Mendonça morreu na tarde desta sexta-feira (5), após a queda do seu avião. No início desta tarde, ele comandava um voo que partiu de Viçosa com destino ao município, aterrissando cinco minutos após a previsão de chegada da tripulação que levava a cantora.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Lacerda conta que usava uma frequência de rádio aberta pouco antes de chegar a Caratinga e conseguiu ouvir o piloto que transportava Marília Mendonça dando as instruções para o pouso. "Ele reportou duas vezes que tinha ingressado na perna do vento, um procedimento que a gente usa para pousar. Só ouvi isso e, depois, mais nada. Aparentemente, o avião não estava em pane", relata.


No fim da tarde, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou em nota que o avião da cantora atingiu um cabo de uma torre de distribuição da companhia, mas não deixou claro qual seria o papel desse choque para a queda da aeronave. Segundo Lacerda, os fios naquela região costumam atrapalhar o pouso, a ponto de ela ser evitada por quem conhece a área.


"Para nós que estamos acostumados, os fios não chegam a atrapalhar. Mas eles estão em um setor de muita aproximação e com o relevo muito alto, então é uma área que todos os pilotos evitam", relata. "Quando eu pousei, passei por cima do local do acidente e não percebi o avião ali." Lacerda explica ainda que o tempo estava claro, com céu aberto, e o sol em uma posição "que não atrapalhava a visualização dos fios".


"A gente coordenou o pouso com ele, porque aterrissaríamos em um horário muito próximo. Eles estavam a um minuto do pouso", conta Glauco Souza, de 44 anos, que também estava a bordo do avião pilotado por Lacerda. "Só soubemos que ele caiu quando pousamos e vimos que ele não estava no aeroporto. Não ouvimos barulho, não vimos fumaça, sobrevoamos ali e não percebemos."


Destroços sugerem colisão com antena, diz polícia


A Polícia Civil afirmou, em entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, que não têm condições de determinar a causa do acidente aéreo, mas encontrou destroços de uma antena de energia elétrica no local da queda da aeronave. "A gente não pode falar sobre a causa do acidente. Há destroços de uma antena que sugere que o avião tenha colidido com essa antena", afirmou Ivan Salles, delegado regional da Polícia Civil de Caratinga.


"A perícia compareceu ao local e fez os trabalhos. Amanhã continuam os trabalhos. Cabe à Polícia Civil acionar a Cenipa para saber as causas do acidente", completou.


Os policiais também foram cautelosos em relação à causa da morte dos ocupantes. "Foi um acidente com uma energia de grande impacto, que causou diversos traumas nos ocupantes", diz o médico legista Pedro Fernandes.


Tudo sobre:
Logo A Tribuna