A Filha Perdida, que disputa três estatuetas do Oscar, tem grandes atuações

A espetacular Olivia Colman faz Leda, uma mulher cheia de mistérios

Por: Gustavo Klein  -  13/03/22  -  14:44
A espetacular Olivia Colman faz Leda, uma mulher cheia de mistérios
A espetacular Olivia Colman faz Leda, uma mulher cheia de mistérios   Foto: Reprodução

O que, afinal, essa moça está pensando? Por que ela está fazendo isso? Essas são as perguntas que martelaram em minha cabeça enquanto assistia a A Filha Perdida, drama disponível na Netflix que flerta, o tempo todo, com a catástrofe: você acompanha a história com medo de que algo muito ruim aconteça na cena seguinte.


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A personagem principal, Leda (a espetacular Olivia Colman), é uma professora universitária prestes a chegar aos 50 anos, que está passando férias em uma praia paradisíaca da Grécia. Tudo o que ela quer – aparentemente – é descansar à beira-mar e conseguir terminar um trabalho acadêmico. Mas sua paz de espírito é logo atrapalhada por uma barulhenta família norte-americana que também chega ao lugar.


O que faz o espectador ficar atônito são as reações de Leda frente às situações que se apresentam. Por que ela rouba a boneca inseparável de uma criança pequena e a mantém escondida, mesmo vendo o sofrimento da garota e da família? Por que ela mente quase compulsivamente? Que segredos essa mulher esconde? Por que transparece, por trás dos sorrisos plácidos e da aparente calma, tanta fúria mal contida?


Leda estabelece uma relação muito próxima com a mãe da família recém-chegada, uma quase amizade – com muito de rivalidade – que vai pontuar boa parte da história, para o bem e para o mal. Leda é um grande mistério, um quebra-cabeças psicológico que, aos poucos, vai sendo revelado também pelos flashbacks, que a mostram jovem, se sentindo aprisionada em um casamento infeliz e tomando atitudes angustiantes em relação às filhas pequenas (que até certo ponto da história o espectador fica em dúvida se existem de verdade).


O filme é uma adaptação do livro homônimo da escritora italiana Elena Ferrante, cuja coleção Tetralogia Napolitana já tinha dado origem a um seriado de sucesso da HBO Max, My Brilliant Friend – a terceira temporada saiu no dia 28.


A Filha Perdida, que marca a estreia na direção da atriz Maggie Gyllenhaal, concorre a três Oscars: Roteiro Adaptado e, curiosamente, tem as duas atrizes que vivem a perturbada Leda indicadas – Olivia Colman concorre a Melhor Atriz e Jessie Buckley, que interpreta a personagem nos flashbacks da juventude, concorre a Melhor Atriz Coadjuvante. Ambas estão espetaculares, mesmo que a personagem não desperte lá muita simpatia.


Um filme sólido, com bastante clima e que, além da força da natureza que é Olivia, conta com uma parte técnica impecável, um excepcional roteiro e trilha sonora jazzística muito competente em manter a confusão entre passado, presente e futuro. Na vida da protagonista e na cabeça do espectador.


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