25 anos sem Renato Russo: relembre o legado do artista

Ícone de uma geração, o músico deixou um legado na história do rock nacional e MPB

Por: Ronaldo Abreu Vaio  -  11/10/21  -  08:38
 Nesta segunda (11), relembramos 25 anos sem Renato Russo, líder da Legião Urbana
Nesta segunda (11), relembramos 25 anos sem Renato Russo, líder da Legião Urbana   Foto: Reprodução/Twitter

Onze de outubro, 25 anos atrás, calava-se uma das principais vozes, não só do BRock 80 (o rock brasileiro da década), mas de toda a MPB: morria Renato Russo. Alma do icônico grupo Legião Urbana, Renato, por suas letras poéticas, existencialistas e, por vezes, melancólicas, foi alçado ao patamar de um dos principais porta-vozes daquela geração.


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“Renato Russo foi único. Ninguém fazia algo parecido com o que ele fez. Por isso, ele permanece até hoje”, resume o jornalista e crítico literário de A Tribuna, Julinho Bittencourt. Lá se vão quase quatro décadas dos anos 80. Julinho separa o joio do trigo da música daquela época – e o tempo é uma ótima peneira para isso. Ele reconhece que, apesar de ser da mesma geração, a princípio não foi seduzido pelo som jovem daquele momento, nem mesmo pela profundidade do Legião. “Só fui entender, me integrar ao som deles, ao significado deles, quando me mudei para Brasília (nos anos 2000)”.


A Capital Federal, onde a banda se formou, ainda nos anos 70, é peça-chave para entender a estética de Renato Russo. “Ele tem uma coisa na oratória, na poesia dele, que é muito ligada àquela cidade, sobre o constrangimento que ela tem com a política, de sediar o que tem de pior no País, apesar de ser uma cidade maravilhosa, com uma população linda. Fica muito latente na música do Renato esse constrangimento com o que é o Brasil e o que ele poderia ser”.


De Brasília para todos

Talvez um exemplo eloquente dessa simbiose artística – e carregada de revolta –, com a Capital esteja nos versos da canção Que País É Esse?. Originalmente composta por Renato em 1978, dá nome também ao terceiro álbum do Legião Urbana, de 1987: “Nas favelas, no Senado/Sujeira pra todo lado/Ninguém respeita a Constituição/Mas todos acreditam no futuro da nação”.


Mas Brasília foi apenas o referencial, a uma voz fadada a se comunicar com o País inteiro. Renato trazia as principais mensagens com as quais os jovens se identificavam à época: um tempo de incertezas, em que o passado ainda estava muito próximo para permitir abraçar o futuro de peito aberto.


“Ele foi o porta-voz dessa geração, uma geração deprimida, que chegou na juventude com a democracia instaurada no Brasil, mas que olhou para os lados e se perguntou: ‘e agora, o que eu faço com isso?’. Soma-se a isso, ainda, o pesadelo da Aids”, avalia Julinho. “Era um cara culto, que lia muito, sabia inglês. E acabou criando uma obra meio à parte de tudo o que estava acontecendo à época. Ele deixou um vazio, um vácuo mesmo”.


Último Show

A última apresentação do Legião Urbana com Renato nos vocais foi em Santos, em 14 de janeiro de 1995, na Reggae Night, na subida do Morro da Nova Cintra. O guitarrista Dado Villa-Lobos disse em entrevistas ao longo dos anos, que esse foi umdos piores shows da banda, pois vinham de uma longa turnê desde 1993, e a doença de Renato já o limitava no palco.


A Vida

Renato Russo é, na verdade, Renato Manfredini Júnior. O sobrenome artístico foi inspirado em três ídolos: os filósofos Bertrand Russell e Jean-Jacques Rousseau; e o pintor Henri Rousseau. Apesar de Brasília ter papel central em sua obra, ele nasceu no Rio, em 27 demarço de 1960. Filho do funcionário do Banco do Brasil, Renato Manfredini, com a professora de inglês Maria do Carmo. Mudaram para Brasília quando ele tinha 13 anos.


Aos 15, em 1975, foi diagnosticado com epifisiólise, uma doença dos ossos, e submetido a uma cirurgia para implantação de três pinos de platina na bacia. Renato ficou seis meses de cama e passou um ano e meio em árdua recuperação.


Nesse período, mergulhou na audição de discos e na leitura, iniciando a construção de seu acervo com mais de 6 mil itens. E, claro, recebendo as influências que ajudaram a moldar o artista. A primeira incursão na música foi em 1979, na banda Aborto Elétrico, com sonoridade punk, bem típica do final dos anos 70. Boa parte das músicas que ganhariam o País na década seguinte foi composta nessa época.


Em 1982, o Legião Urbana foi formado. Dois anos depois, a gravadora EMI-Odeon, do Rio de Janeiro, contrata o grupo e o primeiro álbum, intitulado apenas Legião Urbana, saiu no ano seguinte. Foram oito discos com músicas inéditas, até 1997.


Renato Russo morreu em 11 de outubro de 1996, em decorrência de complicações da Aids. Ele deixou o filho Giuliano.


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