Santistas que trabalharam e foram entrevistados por Jô Soares destacam o talento do artista

Apresentador faleceu na madrugada desta sexta-feira (5) e deixa um vazio no mundo do talk show

Por: Ronaldo Abreu Vaio  -  06/08/22  -  07:56
Atualizado em 06/08/22 - 23:13
Pelé reverenciou Jô Soares nesta sexta, com uma postagem em suas redes sociais
Pelé reverenciou Jô Soares nesta sexta, com uma postagem em suas redes sociais   Foto: Reprodução Instagram

O humor perdeu uma de suas pluralidades – fosse ao escrever um livro, ao interpretar uma das dezenas de personagens na TV e no teatro ou em uma entrevista, no talk show que deu forma e vida. Jô Soares morreu nesta sexta (5), aos 84 anos, após um longo período de internação no Hospital Sírio Libanês. A perda deixa um vazio nas artes difícil de ser preenchido. Três santistas que viveram com o artista, cada um à sua maneira, relembram a personalidade e o talento de um dos pioneiros da tevê brasileira.


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O primeiro deles é José Macia, o Pepe, eterno camisa 11 do Santos. Ele foi entrevistado três vezes, tanto no Jô Soares Onze Meia, do SBT, quanto no Programa do Jô, da TV Globo. “Ele era acima do nível, muito inteligente, muito capaz, já tinha as perguntas armadas, mas criava outras na hora, no decorrer da entrevista. Ele era fantástico, dava gosto conversar com ele e era uma pessoa muito simpática, muito agradável”, recorda. “Perdemos uma pessoa especial e um artista de altíssimo nível”.


O ator Nuno Leal Maia, 76 anos, começou na TV Globo no humorístico Planeta dos Homens, no final dos anos 70. No programa, Jô Soares atuava (foi onde surgiu o personagem Irmão Carmelo) e também roteirizava. “Foi uma época em que aprendi muito. Foi uma grande escola”, resume.


Nuno relembra o camarim, que era dividido pela maioria do elenco, que incluía ainda outros peso-pesados do humor e da dramaturgia, como Agildo Ribeiro, Costinha, Fúlvio Stefanini e Ísis de Oliveira. “A gente ria muito. Ele era meio como um rei, capricorniano, ficava agregando todo mundo, era muito talentoso”.


Exigente

O jornalista Eduardo Rajabally praticamente saiu de Santos direto para a produção do então Jô Soares Onze e Meia, em meados dos anos 90. Assim como Nuno, mas com outro viés, Eduardo também fala em aprendizado. “Ele era uma pessoa muito exigente e isso me ajudou bastante, com precisão”.


O trabalho de Eduardo era selecionar possíveis convidados do programa e realizar uma pré-entrevista, verificando se havia mesmo potencial para o convite. “Eram os personagens mais exóticos ou desconhecidos (que passavam por essa triagem)”.


Eduardo, que hoje é documentarista e diretor de séries para TV, carrega com carinho alguns momentos, digamos, épicos vividos no programa, Um deles, quando Roberto Carlos, pela primeira vez, deu entrevista a um canal de TV que não a Globo, depois de 30 anos.


“A amizade entre eles pesou muito. O Roberto levou o trailer dele como camarim e o Jô pediu para que ele fizesse Detalhes no violão. Eu fui lá, no camarim, transmitir o pedido ao Roberto, que já estava ensaiando. No final, ele conversou com todo mundo, agradeceu a todos, foi muito afável”.


Em outra ocasião, recebeu uma fita de VHS, com uma gravação em algum programa de auditório, de um grupo que apresentava uma música inusitada, com um cantor vestido de Chapolin Colorado: eram os Mamonas Assassinas. “Mostrei ao Jô, ele adorou. Mas disse que eles deveriam se apresentar com aquela roupa”.


A aparição no programa praticamente criou o fenômeno Mamonas. Mas como era o homem Jô Soares? “ Como todo mundo, tinha seus dias bons e ruins, mas sempre foi respeitoso. Nos dias bons, nas reuniões, nos divertíamos muito, ríamos demais, ele dava um show para a gente”.


Homenagem de Pelé

Pelé também reverenciou o genial Jô Soares em suas redes sociais, com a seguinte postagem:"Jô era um grande amigo, inteligente, perspicaz, bem humorado e que adorava uma boa conversa. Acordo muito triste com a notícia de que essa grande estrela nos deixou. Apesar daquela famosa fala do filme, não, eu não sou Jô Soares. Mas como profundo admirador, eu adoraria ter sido".


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