Revelações da musa Vera Fischer: “Tinha medo do palco. Hoje, me faz bem”

Consagrada no cinema e na TV, atriz se apresenta no Teatro Municipal Braz Cubas, em Santos, nos dias 19 e 20 deste mês

Por: Júnior Batista  -  07/08/22  -  10:40
  Foto: Carlos Costa/Divulgação

Vera Fischer está de volta aos palcos após quatro anos para apresentar a peça Quando eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito, que terá duas sessões em Santos nos dias 19 e 20 deste mês, no Teatro Municipal Braz Cubas. Assinante de A Tribuna e acompanhante têm 30% de desconto no ingresso pessoal. As vendas acontecem pelo site ingressodigital.com. Aos 70 anos de idade, ela se reinventou na pandemia: até então, nem celular tinha. Fez lives e começou a interagir com seus fãs-clubes – são 50 ao todo. Na entrevista a seguir, ela conta sobre a peça e a vida pessoal. Há projetos sobre os quais não pode comentar, que envolvem cinema e streaming. Diz, ainda, que se esforça para colaborar em discussões sobre Cultura, como quando foi à Câmara pedir a aprovação da Lei Paulo Gustavo, que garante recursos públicos ao setor. Falou sobre seus hobbies e admitiu que gosta de ver desde comédias bobas até filmes de terror, tudo ao lado do gatinho com quem divide o apartamento em que mora.


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Este é seu retorno aos palcos após quatro anos. O que a fez aceitar o papel?
“(Dulce Carmona, sua personagem) é uma mulher diferente de tudo que já havia feito. Eu adorei o texto (...) Um ano antes de estrear, o Tadeu (Aguiar, diretor da peça) me chamou para fazer uma leitura sem compromisso, porque a peça estava engatilhada há anos, mas não havia estreado. E ele adorou. Essa peça é muito boa, uma comédia inteligente, sarcástica e venenosa.


É uma personagem que instiga, então...
A mãe muda a forma de agir. Ela tem várias pessoas dentro dela. No começo, é mais dura, depois vai ficando engraçada, falando coisas absurdas. É a personagem mais multifacetada dessa peça. É uma mãe que mora com o filho numa casa que já foi muito rica, aquilo de família rígida e chique. Só que eles estão decadentes. E a relação do filho com ela é de amor, mas com possessão. Quando ele conta que está namorando, ela fica contra sem nem conhecer a garota. Quando ela a conhece, as duas se pesquisam e o filho fica de bobo no meio da história. Sobre o título, as pessoas vão acabar entendendo somente no final.


A peça era para ter estreado em 2020, mas foi suspensa por conta da pandemia. Como está sendo esse retorno e a chegada a Santos?
Santos sempre foi uma praça maravilhosa e faz tempo que não levava peças para a Cidade. Eu estava morrendo de saudades de encontrar o público dessa forma ,pessoalmente. Eu comecei a fazer teatro aos 30 anos, já reconhecida na TV, e tinha bastante medo do julgamento das pessoas. Hoje, eu me sinto muito bem com essa relação, as pessoas me param, tiram fotos. É maravilhoso esse retorno.


Foi muito difícil na pandemia?
Desde o início da pandemia, estou valorizando o mais simples e lidando com menos coisas. A pandemia só me deu um problema: fazer exercício físico em casa. Não tinha como. Tive problemas no quadril e joelhos, porque só ficava lendo, vendo TV, no celular. Agora que estou voltando, estou retomando e fazendo fisioterapia, até porque a peça exige muito de mim. Tem escada e eu uso salto. Até pensamos em retirar a escada da peça, mas eu acho que perderia. Já que estou voltando aos palcos, eu volto e trato a dor. É assim a vida do ator, é um esforço. Pega ônibus, avião... Aos 70 anos, tudo isso pesa. Mas com a reação do público e essa peça tão bem escrita e dirigida, tudo vale a pena. O público está aceitando tanto que me deixa muito feliz.


Na pandemia, você fez lives, indicou livros... Como foi a troca com o público?
Até pouco antes da pandemia, nem celular eu tinha. Meu filho que insistiu. Sempre fui contra porque tinha telefone fixo para falar com quem eu quisesse. O celular te leva para a função, você fica disponível o dia inteiro, é uma loucura. Mas, na pandemia, comecei a mexer e fiquei surpresa. Eu tinha uns cinco fãs-clubes, agora tenho 50. E os jovens têm me procurado muito. Eles não acompanharam coisas antigas que fiz, mas pesquisam, me mandam coisas, eu fico surpresa com o que conseguem achar.


E fazem memes, né?
Sim! Eles fizeram uma montagem com meu rosto no lugar da Feiticeira Escarlate, de WandaVision. Isso chegou na Disney, dona da série, e eles me chamaram para fazer uma paródia chamando para a divulgação no Brasil. Olha onde pode chegar... Eles brincam, fazem montagens. Isso me renova também.


Você foi Miss Brasil. Ainda assiste aos concursos?
Gosto de ver os concursos e também documentários de pessoas que eu admiro. Achei incrível a Angela Ponce, uma modelo transgênero, ter ganho o Miss Universo Espanha. Lindíssima e ainda fazia trabalho com pobres. Foi fantástico. Hoje, o concurso não é mais como na minha época, que era só ser bonita e ter 18 anos. Elas têm mais idade, têm profissão. E não ganha só porque é mais bonita, mas pela sua história. Tem apresentadoras, as que fazem trabalhos filantrópicos, cantoras... Eu mesma nem acho que era a mais bonita, acho que meu jeitão mais impetuosa me fez ganhar.


Além disso, você esteve na Câmara dos Deputados para pressionar pela aprovação da Lei Paulo Gustavo.
A gente precisa fazer isso. É triste viver num País que despreza a cultura. Essa profissão é muito difícil. Todos nós temos que fazer todo o tipo de esforço pela Cultura.


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