Representantes da força feminina em várias áreas falam de desafios e legado

Para marcar o primeiro domingo do mês de março, em homenagem à mulher, conversamos com representantes da força feminina de diferentes áreas e perguntamos para cada uma delas: qual legado será deixado para a próxima geração e quais são os desafios e os desejos que ficarão para o futuro?

As entrevistadas, a seguir, são figuras inspiradoras e influentes. Mulheres que lutam diariamente, em ambientes muitas vezes masculinos e que deixam como contribuição algumas conquistas fundamentais para que a sociedade finalmente consiga alcançar a tão falada – e almejada – igualdade de gênero.

“Embora o mercado de trabalho tenha sofrido mudanças com o passar dos anos, e por mais que existam leis trabalhistas que protejam a trabalhadora ‘cis’, as travestis e as mulheres transexuais ainda enfrentam muitas dificuldades, tanto para entrar no mercado de trabalho formal quanto para manter-se nele. O maior legado a ser deixado é que essas pessoas parem de sofrer o preconceito e a intolerância por serem quem são, ainda enraizados na sociedade. Já os desafios e desejos são que, num futuro próximo, tenhamos mais empresas com políticas de diversidade e inclusão, já que o problema em questão não se trata apenas de contratar funcionários de diferentes identidades de gênero, mas de criar um ambiente onde essas pessoas se sintam seguras, respeitadas e, principalmente, incluídas"
TAIANE MIYAKE
Coordenadora de Diversidade, Departamento de Direitos Humanos e Cidadania/ Prefeitura de Santos

“Acredito que estamos mostrando com certeza que nós mulheres podemos tudo. Basta querer e lutar, não desistir nunca e acreditar que sonhos podem se tornar realidade se fizermos o que é certo. Devemos continuar em busca de novas conquistas e pôr em prática projetos de massificação da prática da modalidade (maratona aquática) pelo Brasil afora, a começar por Santos!"
ANA MARCELA CUNHA
Campeã olímpica de maratona aquática e atleta da Unisanta

“O legado que deixamos para a próxima geração de mulheres é a continuidade da luta pelos nossos direitos e contra a violência. A igualdade de gêneros é um pleito que atravessa gerações e, com muita honra, celebramos as conquistas de grandes mulheres do passado e trabalhamos para ampliar a participação feminina na sociedade, reduzindo números de violência doméstica e ampliando a participação feminina em ambientes tradicionalmente machistas, como a Segurança Pública. Um grande desafio que ainda temos é a pequena participação de mulheres em cargos políticos eletivos. As mulheres são mais da metade da população, mas ainda ocupam apenas 15% das cadeiras na Câmara Federal e 19% na Assembleia Legislativa de São Paulo. É muito importante ampliar a visão feminina"
RAQUEL KOBASHI GALLINATI
Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

“O futuro começa agora. Não há mais tempo a perder com ilusões sobre um mundo melhor se não fizermos o que precisa ser feito imediatamente. Quando nos deparamos com questões ambientais e os desmatamentos, estamos tratando de um assunto mundial, que por mais que homens e mulheres se unam, essa lacuna será uma herança herdada, pela próxima geração como emergência. Outro assunto que deve ser tratado com respeito e atenção é a intolerância racial e de gêneros. O que obrigatoriamente deveria ser tratado nas bases escolares. Por isso, nada é menos importante quanto o fato de estarmos preparados intelectualmente, para entender e aprender sobre política e os caminhos da Educação. Um povo que não sabe escolher seus líderes tampouco saberá ensinar o dever de casa aos seus filhos. Teria muitos temas para abordar. Mas a mensagem mais contemporânea, no Dia Internacional da Mulher, é que nossa voz seja ouvida sem que precisemos gritar, e que a fé não tenha limites para alcançarmos todos os nossos sonhos"
RENATA VIEGAS
Reitora da Unimes

“Muitas mulheres lutaram para as conquistas que experimentamos hoje: direito ao voto, mais representação nos espaços de poder, apesar de estarmos distantes do ideal. E precisamos reconhecer mulheres importantes que, muitas vezes, foram apagadas pela história. Nosso desafio hoje é ampliar essas conquistas e seguir lutando por uma vida sem violências para as mulheres. O Brasil ocupa tristes posições quando o assunto é violência doméstica e assassinato de mulheres. Não dá pra pensar um projeto de país que não priorize a vida das mulheres"
DJAMILA RIBEIRO
Filósofa, escritora e acadêmica

“O grande desafio foi mostrar que a capacidade e o comprometimento independem do gênero. Ocupando espaços anteriormente privativos dos homens, mostramos que já vencemos muitas batalhas, mas ainda estamos em guerra. As minhas lutas diárias são ser sempre uma pessoa melhor e nunca deixar de ser eu"
RAQUEL CHINI
Prefeita de Praia Grande