Psicóloga de São Paulo analisa verdades e mentiras sobre o cigarro

Há relação entre tabagismo e o emocional, mas ideias difundidas como a de que fumar diminui o estresse não procedem

Por: Cláudia Duarte Cunha  -  05/06/22  -  14:20
A nicotina, que é o princípio ativo do tabaco, provoca tanta dependência quanto outras drogas
A nicotina, que é o princípio ativo do tabaco, provoca tanta dependência quanto outras drogas   Foto: Adobe Stock

De acordo com o último relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de tabaco é um fator de risco para desencadear doenças cardiovasculares e respiratórias e está associado a mais de 20 tipos ou subtipos diferentes de câncer e outras condições de saúde debilitantes.


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Em 2020, estima-se que 22,3% da população mundial, incluindo pessoas com 15 anos ou mais, usavam alguma forma de tabaco. Mas e a saúde mental? Será que de alguma forma também é prejudicada pelo fumo? A psicóloga Juliane Verdi Haddad, de São Paulo, comenta alguns mitos e verdades do tabagismo a seguir:


VERDADE
Gatilhos psicológicos podem fazer uma pessoa começar a fumar

“Alguém pode fumar o seu primeiro cigarro por vários motivos e isso inclui um momento de tristeza, seja para um adolescente ou para um adulto; de repente, com um amigo oferecendo um cigarro e a pessoa entendendo aquilo como um ‘acolhimento’. A memória emocional do momento pode incentivar que aquilo se repita. Pessoas mais tímidas também chegam a sentir que, ao fumar, acabam sendo mais aceitas e, dessa forma, começam a fazer parte de um grupo. Além disso, temos também as famílias de fumantes, em que o tabagismo é um comportamento aprendido desde a infância. Essa pessoa tende a desenvolver o vício sem que ela perceba”.


MITO
Fumar diminui o estresse

“Como todo vício, o cigarro envolve questões psicológicas. Há uma falsa impressão de que o uso do tabaco pode trazer a sensação de relaxamento. Quando o indivíduo deixa de fumar ou consumir qualquer outra droga, vem a abstinência. O corpo começa a sentir falta e é comum ter uma sensação de vazio. Então, quando a pessoa volta a fumar e supre aquela necessidade, ela entende aquilo como algo que faz bem e o processo é justamente inverso”.


VERDADE
Quadros de ansiedade levam a um agravamento do tabagismo

“Quando uma pessoa está muito ansiosa ou tem diagnóstico de um transtorno de ansiedade, geralmente fica mais vulnerável e, por isso, é comum que aja mais por impulso ou tenha ações automáticas. Ela, portanto, não vai fumar para relaxar, até porque não está necessariamente fazendo isso de forma consciente. É apenas uma estratégia comportamental, que não foi criada por ela, mas por uma convenção que a sociedade construiu em torno do hábito de fumar”.


MITO
O tabaco causa menos dependência do que outros tipos de drogas

“De certa forma, o tabaco não causa tantas sensações como outras drogas. Por isso, acaba sendo mais aceito e visto como algo ‘normal’ na sociedade. Mas a nicotina, que é o princípio ativo do tabaco, provoca tanta dependência quanto outras substâncias. Ela é, inclusive, uma droga de ação muito rápida. Logo que a pessoa apaga o cigarro, a nicotina começa a sair do seu corpo e, então, o organismo já começa a sentir falta, levando a um consumo cada vez maior e muito nocivo para a saúde”.


VERDADE
A terapia pode ajudar a largar o cigarro

“A terapia sempre vai buscar investigar os gatilhos que levam uma pessoa a ter um determinado problema. Isso faz parte do autoconhecimento. No caso do tabagismo, a função da terapia será encontrar o que o paciente associa ao ato de fumar, entender qual o papel do cigarro na sua vida e fazer uma relação das vantagens e desvantagens do tabagismo. Isso vai ajudar o fumante a entender se está realmente no momento de parar de fumar e, de fato, fazer essa escolha”.


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