Promessa do skate nacional, Gui Khury coleciona recordes no Guinness

O paranaense de 13 anos acaba de estrear na Seleção Brasileira Júnior de Skate, com uma medalha de prata

Por: Stevens Standke  -  29/05/22  -  15:54
  Foto: Bruno Terena / Red Bull/ divulgação

Precoce e promissor, Gui Khury faz parte do grupo de atletas que ajuda a trazer visibilidade para o Brasil na cena global do skate.


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Com apenas 13 anos, ele, que é de Curitiba (Paraná), já contabiliza três recordes no Guinness Book: o de ser o atleta mais jovem dos X Games (maior e mais conceituada competição de esportes radicais); o de ser o primeiro skatista a realizar, em um campeonato, a manobra 1080° (três giros completos no ar) em uma pista vertical; e o de ser o medalhista de ouro mais jovem dos X Games no masculino – recorde que pertencia ao norte-americano Tony Hawk, com quem Gui já andou de skate.


Aliás, o lendário skatista chegou a comentar: “O Gui é incrível. Ele faz giros em qualquer lugar e vai longe”.


No mês passado, o curitibano ampliou sua lista de conquistas com medalha de prata na sua estreia na seleção brasileira júnior de skate, em prova dos X Games, o que pode ser mais um passo rumo ao sonho de defender o País numa Olimpíada (a próxima será a de Paris, em 2024). Na entrevista, Gui conta como se apaixonou pelo esporte e fala do centro de treinamento que o pai construiu para ele.


Com quantos anos você se interessou, de fato, pelo skate?
Hoje em dia, eu moro em Curitiba (no Paraná, cidade onde Gui nasceu). Mas, quando eu tinha 2 anos, a minha família se mudou para San Diego (no estado da Califórnia) e moramos nos Estados Unidos por uns cinco, seis anos. Por indicação de um amigo da família, o meu pai resolveu me levar, quando eu estava com 4 anos de idade, para conhecer uma escolinha local de skate e foi lá onde tive o meu primeiro contato com o esporte. Mesmo caindo de bunda (risos), não desisti de praticar. Passei a frequentar o lugar e fiquei tentando, me esforçando até conseguir andar de skate para valer. O que mais me inspirou foi ver outras pessoas voando no ar. Queria fazer igual a elas. Nessa escolinha de San Diego, além de aprender um monte de manobras, conheci bastante a cultura do skate.


E começou a competir com que idade?
A minha primeira competição foi pouco tempo depois disso, durante uma viagem que a família fez para Bali, na Indonésia. Fiquei sabendo de um torneio que estava rolando e que contava com algumas provas para menores de 6 anos. Acabei participando desse campeonato. Não sei como, mas ganhei em primeiro lugar. A partir daí, passei a frequentar diversas competições. Sou muito grato aos meus pais, pois eles sempre acreditaram no meu potencial e investiram em mim. Com o tempo, acabei entendendo que o melhor a fazer era encarar os torneios com alegria, sem sentir uma obrigação de ganhar; e que eu, na realidade, devia enxergar cada prova como uma celebração do skate.


Essa postura ajuda a melhorar o seu rendimento no esporte?
Sinceramente, eu nunca entro em uma pista pensando em ganhar. O meu pai costuma falar: “Gui, se você for competir só pensando em ganhar, melhor nem ir. Foque em se divertir e em fazer amigos”. O skate é tudo para mim, não quero que ninguém tire o esporte de mim. Por meio dele, aprendi uma porção de coisas para a minha vida, como, por exemplo, a ter mais foco e atenção.


Se tivesse que escolher um lugar do Brasil ou do mundo, qual elegeria como o seu local favorito para andar de skate?
Amo dois lugares: San Diego, nos Estados Unidos, e Curitiba, aqui no Brasil. Me sinto em casa nesses dois locais. Sem falar que o meu pai construiu para mim o GreenBox (centro de treinamento em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba). Ele fez primeiro uma pista e foi aumentando a estrutura aos poucos (o complexo também é aberto para o público em geral e acaba de ganhar a primeira megarrampa do País).


Como é o seu dia a dia? Dá para conciliar numa boa os estudos com os treinos?
Sim. Inicio o meu dia indo para a escola, onde fico das 8h30 às 15h30. Na sequência, vou para o meu treino. Ando uma ou duas horas de skate diariamente. Dependendo do dia, ainda tenho uma sessão de preparação física, que inclui alongamento e musculação, para ficar mais forte e sair do meu shape magro. Essa é a minha rotina quando não tenho que viajar para competir.


Na medida do possível, você consegue ter tempo para o lazer, como os demais garotos da sua idade?
A minha vida acaba sendo diferente da levada por outras pessoas que têm a mesma idade. Mas, quando estou me divertindo com os meus amigos, nos horários livres, procuro deixar o esporte de lado e me sinto igual a todos eles. Nesse momento, gosto de jogar videogame com o pessoal. Curto Minecraft, Valorant e CS:GO (Counter-Strike: Global Offensive).


Já tem muitos fãs?
Sim, vários aqui no Brasil e um número considerável no exterior, pelo que tenho percebido. Para você ter ideia, a minha torcida no Japão é legal para caramba. Reparo que possuo admiradores de todas as faixas etárias. Só que a maioria é um pessoal mais novo ou que tem a minha idade. Alguns deles dizem que se inspiram em mim e que me usam até como um exemplo para as suas vidas. Quero continuar a merecer esse respeito e esse carinho todo que costumo receber das pessoas no dia a dia.


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