Especialista de Santos explica como aproveitar e usar melhor o seu plano de saúde; VÍDEO

O bom atendimento e a disponibilidade dos planos de saúde também dependem do uso responsável das pessoas

Por: Cláudia Duarte Cunha  -  03/07/22  -  12:15
Atualizado em 03/07/22 - 15:53
Rogério Martins, CEO da Blue Med
Rogério Martins, CEO da Blue Med   Foto: Divulgação

Pesquisa da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) revela que 47% dos brasileiros tiveram que enxugar as despesas para conseguir pagar o plano de saúde em 2021. Ano, inclusive, em que os preços dos planos caíram em 8,2%.


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O estudo ainda mostra que o índice de portabilidade cresceu 12,5% e que 83% dos usuários têm medo de perder o benefício, tão importante em tempos de tanta insegurança com a nossa saúde. O bom atendimento e a disponibilidade dos planos de saúde também dependem do uso responsável das pessoas. Rogério Martins, CEO da Blue Med, dá dicas para a hora de contratar um serviço, para evitar o desperdício e garantir a satisfação com o plano. (veja no vídeo mais abaixo)


O que se deve avaliar antes de fazer a escolha por um plano de saúde?
A primeira coisa que você tem de fazer, quando pensa em contratar um plano de saúde, é se informar sobre a idoneidade da empresa que presta o serviço. Como ponto de partida, seria importante verificar se a operadora tem registro na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar, órgão fiscalizador do setor). É também importante observar a abrangência geográfica do atendimento, as carências contratuais, a rede de atendimento, a cobertura oferecida e o Reclame Aqui.


Há uma sobrecarga dos planos de saúde. Isso tem relação com a utilização inadequada? O que é importante para se fazer o uso consciente desses serviços?
A utilização inadequada do plano de saúde realmente está trazendo consequências para o sistema de saúde suplementar. A situação tem se tornado um problema econômico de ordem nacional, mas quem paga a conta é sempre o próprio consumidor, pois, uma vez por ano, o valor do plano é reajustado. Passamos um momento único na pandemia, em que muitos exames, cirurgias e consultas ficaram represados, já que grande parte da população tinha medo de se expor. Assim que a vida foi voltando ao normal, as pessoas retomaram os seus atendimentos de saúde, mas de uma forma desordenada, deixando muitos planos sobrecarregados, com grande quantidade de exames e de consultas. Se cada usuário tivesse em mente o custo de cada procedimento e a real necessidade de utilizá-lo, a realidade dos planos de saúde no Brasil seria bem diferente. Provavelmente, teríamos planos mais acessíveis.


Juntar o valor da mensalidade do plano para se, um dia, eventualmente, precisar desse dinheiro para pagar um tratamento ou um exame no particular é uma tática arriscada?
Sim, é uma alternativa muito arriscada, pois não dá para se mensurar o valor necessário para pagar um eventual tratamento de alta complexidade. Nós temos vivenciado uma pandemia, na qual as pessoas utilizaram muito a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e os procedimentos de alta complexidade. Algo que nunca tinha sido previsto por nenhum plano de saúde. Imagine se as pessoas que utilizaram os seus planos tivessem seguido essa prática de “guardar o dinheiro debaixo do colchão”? O valor médio de uma UTI é de R$ 5 mil a R$ 10 mil a diária (o preço depende muito da complexidade do caso e do hospital).


Como você enxerga as mudanças de regras nos planos de saúde aprovadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ)? Com base em quais critérios foi criada essa lista de procedimentos considerados indispensáveis?
Todo beneficiário de plano de saúde tem direito a consultas e exames, conforme previsto no seu contrato e de acordo com a determinação da ANS, e não pode, em hipótese alguma, ser cerceado nesse sentido. A ANS vem aprimorando sistematicamente o processo de atualização do rol, de modo a torná-lo mais ágil e acessível, bem como garantindo extensa participação social e primando pela segurança dos procedimentos e eventos em saúde incorporados, com base no que há de mais moderno em avaliação de tecnologias em saúde (ATS), primando pelo bem-estar baseado em evidências. A nova determinação do STJ só traz segurança maior aos planos de saúde, uma vez que agora existe a previsibilidade de gastos. O importante é ressaltar que os planos de saúde seguem o que está na lei. Quando a regra era o rol exemplificado, os planos seguiam a determinação, muitas vezes arcando com enormes prejuízos. Vale lembrar que, apesar de o segmento ser o de Saúde, estamos falando de empresas. E como acontece com todas as empresas, é preciso ter uma previsibilidade de gastos para garantir a saúde financeira e a continuidade dos serviços. O rol taxativo só determina isso; traz a previsibilidade dos gastos para o plano.


A sobrecarga gerada pelo uso excessivo dos planos em exames e consultas sem necessidade, inclusive nos prontos-atendimentos, acaba refletindo nos atendimentos mais complexos e de caráter emergencial?
Sim. Vale sempre lembrar que prevenir é melhor do que remediar. Nesse caso, um planejamento para casos em que isso seja possível é sempre a melhor saída. Por exemplo, é importante que a pessoa tenha um clínico geral para acompanhar a sua saúde como um todo. A consulta em um pronto-socorro tem um custo muito maior.


O que é necessário para que o sistema não entre em colapso?
A atenção primária tem o principal objetivo de manter a saúde das pessoas de forma preventiva e não necessariamente realizar o tratamento de doenças. A razão disso é simples: uma população que se preocupa em cuidar da saúde preventivamente reduz fortemente as chances de desenvolver doenças mais sérias. A atenção primária à saúde melhora a qualidade de vida e o bem-estar dos beneficiários; dá acesso ao diagnósticos precoce; direciona para o atendimento adequado e aumenta a eficiência do tratamento. Além disso, promove o atendimento familiar, com atenção a fatores hereditários e sanitários.


Por que alguns planos não valorizam a fidelização, ou seja, acabam oferecendo descontos atrativos para novos clientes, com foco maior nos reajustes aplicados para os usuários antigos?
Entendo a crítica, porque algumas operadoras têm mesmo muito o que evoluir na fidelização de seus clientes. Uma vez por ano, o valor do plano é reajustado. No cálculo do índice para esse reajuste, são levados em conta utilização do plano, número de consultas e exames e procedimentos realizados no período. Já os novos clientes ainda não têm essa utilização. Nós sempre vamos pensar na fidelização dos usuários.


Vocês conquistaram muitos novos clientes na nossa região. A que se deve esse resultado?
Atribuo isso ao posicionamento da marca, ao custo-benefício, à ampliação/qualidade da rede de atendimento, à ampla rede hospitalar e ao acolhimento.



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