Duas novas tecnologias prometem captar energia solar mesmo durante a noite

Busca por fontes limpas de energia começa a tornar possível o até então impossível

Por: Marcus Neves Fernandes  -  29/05/22  -  21:20
Atualizado em 29/05/22 - 21:34
Os princípios que regem os óculos de visão noturna prometem captar energia solar mesmo durante a noite
Os princípios que regem os óculos de visão noturna prometem captar energia solar mesmo durante a noite   Foto: AdobeStock

Duas novas tecnologias, que combinam painéis fotovoltaicos com os princípios que regem os óculos de visão noturna, prometem captar energia solar mesmo durante a noite.


A quantidade de energia obtida nos experimentos é pequena, mas abre perspectivas interessantes, como abastecer desde implantes ou até mesmo celulares por meio da eletricidade emitida por nossos corpos.


Para isso, os dois grupos, um norte-americano e o outro australiano, trabalham com a luz infravermelha, que os olhos humanos não veem.


É assim que funcionam alguns dos óculos de visão noturna, captando ondas de calor traduzidas na forma de luz infravermelha.


Impossível
Na prática, o que acontece é que os fótons atingem uma lente do óculos que funciona como um painel solar em miniatura. O objetivo desta tela é transformar os fótons em elétrons, ou seja, a luz se tornando eletricidade.


“Fizemos uma demonstração inequívoca de energia elétrica de um diodo termorradiativo”, disse o líder da equipe, Ned Ekins-Daukes.


A descoberta é a confirmação de um processo anteriormente teórico e o primeiro passo para criar dispositivos especializados e muito mais eficientes que possam, um dia, capturar energia em escala muito maior.


Agora, a equipe de pesquisa acredita que a nova tecnologia pode ter uma variedade de uso nas próximas décadas, ajudando a produzir eletricidade de maneiras até hoje impossíveis.


Energia do corpo
Uma delas pode ser a alimentação de dispositivos biônicos, como marca-passos ou corações artificiais, que atualmente funcionam com baterias que precisam ser substituídas regularmente.


“No futuro, essa tecnologia poderia potencialmente coletar essa energia e eliminar a necessidade de baterias em certos dispositivos - ou ajudar a recarregá-los. Isso não é algo em que a energia solar convencional seria necessariamente uma opção viável”.


No momento, os testes com o diodo termorradiativo conseguem produzir cerca de 10% da potência de um celular. Pode parecer pouco, mas é suficiente para muitos dispositivos médicos.


No caso da placa fotovoltaica, os resultados obtidos pelo grupo norte-americano demonstram que é já possível gerar 0,04% da potência de uma célula solar normal.


Com essa força, a nova tecnologia permitiria ligar um carregador de telefone ou uma luz LED de baixa potência – alternativas muito úteis em locais sem rede ou em situações de desastre.


Em alta
Estudo internacional lançado neste mês, em Munique, na Alemanha, mostra que a energia solar no mundo acaba de ultrapassar a marca histórica de 1 terawatt (TW) de potência instalada. O Brasil, líder em energia solar na América Latina, deve se tornar um dos principais mercados globais nos próximos anos.


Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), isso representa mais de 459 mil novos empregos acumulados, além de ter evitado a emissão de 22 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade. “Em 2021, o Brasil foi um dos mercados líderes do mundo na instalação de novos sistemas solares”, afirmou Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar.


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