Atriz norte-americana é cotada ao Oscar no primeiro filme de sua carreira

Domingo + conversou com Ariana DeBose, de 'Amor, Sublime Amor', que pode levar a estatueta nesta noite (27)

Por: Stevens Standke  -  27/03/22  -  09:48
Ariana DeBose estrela a refilmagem do clássico musical Amor, Sublime Amor
Ariana DeBose estrela a refilmagem do clássico musical Amor, Sublime Amor   Foto: Divulgação

Ariana DeBose vive um sonho. Depois de trabalhar por dez anos na Broadway, conseguiu não só a tão desejada chance de estrear no cinema como também foi escalada para um grande projeto: a refilmagem do clássico musical Amor, Sublime Amor (West Side Story, em inglês). E sob a direção de Steven Spielberg, encarnou Anita, personagem que, no longa original, de 1961, rendeu para Rita Moreno o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Tem mais: Ariana concorre nessa mesma categoria, com sua Anita, na edição deste ano do Oscar, que acontece hoje à noite em Los Angeles (EUA) – ela, inclusive, é apontada como a favorita para levar essa estatueta para casa. Em entrevista exclusiva para o domingo+, a simpática norte-americana de 31 anos, além de comentar o trabalho em Amor, Sublime Amor, fala da “longa estrada” que percorreu até ter seu talento reconhecido e da busca incansável por mostrar a sua versatilidade, lutando contra qualquer rótulo que tentassem colocar nela.


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O que foi mais marcante nas filmagens de Amor, Sublime Amor?


Todo dia era especial. Trabalhei dez anos na Broadway e sempre sonhei em ter a chance de fazer um filme épico. Joguei esse desejo para o universo e não só tive o meu sonho realizado como consegui trabalhar com o Steven Spielberg, refilmando um dos musicais mais clássicos que existem.


E esse é o seu terceiro trabalho em Hollywood.


Tem um detalhe curioso aí: Amor, Sublime Amor, na realidade, foi o primeiro filme que fiz. Só quando ele já estava concluído que rodei A Festa de Formatura, da Netflix. E na sequência, gravei a série Schmigadoon!, da Apple TV+. O que aconteceu foi que esses dois trabalhos foram lançados antes; portanto, as pessoas começaram a me conhecer por eles. Foi uma longa estrada até chegar aqui.


Ariana DeBose, em cena do filme Amor, Sublime Amor
Ariana DeBose, em cena do filme Amor, Sublime Amor   Foto: Divulgação

Como se sentiu quando se viu na tela do cinema?


Foi uma experiência fora do corpo, sabe? Não vou dizer que me senti completamente confortável ao me ver na tela do cinema. Foi algo meio estranho, mas, ao mesmo tempo, surreal, maravilhoso, assustador e excitante. Quando vi o meu nome com o do Steven Spielberg, pensei: “Meu Deus! Eu consegui!”


Você estava acostumada com o ritmo do teatro, da Broadway. Estranhou muito a dinâmica do cinema?


O meu processo de construção de personagem não mudou. O que precisei fazer foi me habituar com o fato de que a câmera seria a minha “plateia”. Enquanto na Broadway você se apresenta para centenas de pessoas e deve fazer o que chamamos de “projetar a sua voz de um modo que ela atinja o fundo do teatro”, no cinema isso não é necessário.


Qual a mensagem principal do filme, na sua opinião?


Algo que fica indo e vindo na minha cabeça, e que também tem muito a ver com o mundo atual, é o seguinte: em Amor, Sublime Amor, dois grupos lutam pelo domínio de uma área; eles estão tão bravos uns com os outros que não percebem que têm mais coisas em comum do que o contrário. Demora para entenderem que podem ser melhores juntos. Trazendo a ficção para a realidade, vejo que o sistema, que a nossa sociedade, é construída de um modo que coloca a maioria das pessoas para baixo e faz com que elas se sintam pequenas, sem valor. Observo isso todos os dias, nos Estados Unidos mesmo, onde muita gente fica à margem e não se sente parte do todo. Espero que o filme estimule essa reflexão e que, de alguma forma, estimule o público a tentar criar mudanças positivas na sua comunidade. Não precisa ser algo grandioso, pode ser algo sutil, porque qualquer mudança positiva já é um progresso.


No seu caso, qual foi o maior desafio que encarou para chegar até aqui?


Na minha carreira, sempre lutei contra os rótulos que a indústria do entretenimento tende a colocar nas pessoas. O mercado costuma pôr o ator dentro de uma caixa: “este aqui não faz protagonista; aquele ali é melhor para comédias ou um tipo específico de papel etc.” Eu não gosto de rótulos. Não admito que digam o que posso fazer ou não. Desde o início da minha carreira, busco a versatilidade. Tanto que nunca fiz o mesmo tipo de trabalho ou personagem duas vezes. Na Broadway, fiz um pouco de tudo: fui de suporte a papel principal. Desse modo, me mantenho motivada para seguir adiante. Gosto de me desafiar. E sempre comento: “Deixe as pessoas te subestimarem, pois, assim, você irá surpreendê-las”. Amo surpreender os outros. É um dos meus passatempos favoritos (risos).


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