Ator português Ricardo Pereira fala da paixão pelo Brasil e porque resolveu ficar no país

Ao Domingo +, artista fala da esposa, dos três filhos e da paixão por arte, vinhos e gastronomia

Por: Stevens Standke  -  17/07/22  -  11:58
O ator português faz o grande vilão da novela das sete, Cara e Coragem
O ator português faz o grande vilão da novela das sete, Cara e Coragem   Foto: Joanna Correia/ Divulgação

Ricardo Pereira anda com uma agenda apertada de gravações da novela Cara e Coragem, da TV Tribuna/Globo – com cenas, inclusive, nos fins de semana. Por causa disso, não tem conseguido “colocar o pé na praia”, para curtir uma das suas grandes paixões: o mar.


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O cenário dessa entrevista, portanto, foi mais do que convidativo para o simpático ator português de 42 anos. Afinal, numa das suas raras folgas, conversou com o domingo+ remotamente, olhando para o mar, após correr na orla do Rio de Janeiro. Essa ambientação só embalou um descontraído e longo bate-papo – vale dizer que outra coisa que Ricardo ama é conversar. A seguir, ele faz um balanço dos 20 anos em que mora no Brasil e fala dos planos para estrear como diretor.


Como tem sido a repercussão do trabalho na novela Cara e Coragem?
O meu personagem, o Danilo, é o grande vilão da história, só que ele não aparenta isso. Normalmente, esse é o pior tipo de vilão, aquele que vai se aproximando e, quando ataca, é implacável. Ao mesmo tempo, por o Danilo ser simpático, sedutor, persuasivo e ter um lado família, o público acaba gostando dele. Tem gente que, inclusive, fica em dúvida sobre a conduta do Danilo, e eu acho isso ótimo, pois sempre quis que ele fosse dúbio. Há muitas pessoas como esse personagem por aí, no nosso dia a dia.


Já faz 20 anos que você escolheu o Brasil como lar, não é mesmo?
Sim. Quando vim para o País, eu era um moleque. Estava solteiro, sem filhos e já tinha uma carreira de ator em Portugal, com algumas experiências na França e na Espanha. Mas escolhi o Rio de Janeiro para ser a minha base, de onde saio quando necessário para fazer trabalhos pontuais em outros lugares do mundo, como Colômbia, Holanda... Em uma das minhas férias em Portugal, conheci a minha mulher, a Francisca, que também adora o Brasil. Ela quis vir morar comigo no Rio ainda quando namorávamos. Depois, casamos e tivemos nossos três filhos aqui no País. Hoje, estou com 42 anos, ou seja, passei a maior parte da minha vida adulta no Brasil, que se tornou a minha terra, o meu lugar. Me encontrei aqui. Tive muitos aprendizados, conquistas, enfim, um crescimento não só profissional como pessoal. Tudo isso me fez o homem que sou.


O que foi decisivo para ficar de vez aqui no País?
Eu sou de Lisboa e passei diversos fins de semana em Ericeira, vila que fica a 30 minutos da capital e que é uma reserva famosa, em especial para a prática do surfe. Vivi a minha infância inteira dentro d’água, e por ser um cara do mar, me encantei pelo Rio de Janeiro quando vim trabalhar pela primeira vez no Brasil. Nessa época, já tinha morado em oito países, pois trabalhei como modelo por alguns anos e curtia levar uma vida meio nômade, com a mochila nas costas. Respondendo à sua pergunta: foi muito bom para mim profissionalmente o primeiro trabalho que fiz no Brasil, a novela Como Uma Onda, porque foi a primeira produção da Globo com um protagonista estrangeiro, mas o que pesou mesmo para que eu resolvesse me firmar no País foi a acolhida, o carinho que recebi do brasileiro. Lembro que fui para Portugal numa folga que tive das gravações de Como Uma Onda e não parava de falar do Brasil. Gosto demais do jeito de vida do brasileiro, e construí uma história linda aqui.


A sua mulher é marchand. Você, por acaso, gosta de arte?
Eu sempre fui de amar arte, de ir a exposições, museus, galerias. Também tenho vários amigos artistas. Costumo organizar em casa reuniões com poetas, pintores, escritores, atores e diretores que me inspiram e com os quais quero trocar ideia, aprender. E não tenho humildade para falar do meu sogro, que é um dos caras mais entendidos de arte de Portugal e quem abriu ainda mais a minha cabeça para esse universo. Além de trabalhar como marchand com ele, a Francisca estudou moda em Londres (Inglaterra) e tem uma marca de lingerie que está bombando em Portugal e na Espanha.


Tem outras paixões ou hobbies?
Sou um leitor assíduo. A minha mulher me considera compulsivo, pois tenho livros do lado da cama, na sala de casa, na mochila do trabalho. Aprendi com o meu pai a ser um ávido consumidor de literatura. Também amo gastronomia, vinhos e cozinho. Aliás, acho incrível reunir amigos em casa para tomar um vinho, conversar e cozinhar para eles.


Pretende voltar a investir no seu lado apresentador?
Eu me formei em Psicologia e amo me comunicar. Você deve ter percebido o quanto gosto de conversar. O trabalho de apresentador me seduz por ser uma forma diferente de comunicação. Como eu já havia apresentado programas em Portugal, a Globo começou a me dar oportunidades nesse sentido. Em paralelo à carreira de ator, tive a chance e a honra de, junto com a Ana Furtado, substituir a Ana Maria Braga no comando do Mais Você por um período. Ainda cheguei a fazer o É de Casa e dois programas para a Globo Internacional. Uma das pessoas que mais abriu portas para mim como apresentador foi o Faustão. O Boninho também acreditou bastante em mim. Acho que o meu caminho de apresentador aqui no Brasil está apenas começando.


Você está tocando algum projeto junto com a novela?
Em breve, vai chegar ao País o meu mais novo filme, chamado Revolta, que acaba de estrear em Portugal, e vou rodar mais dois longas – um neste ano e outro em 2023. Fora isso, tenho certeza de que, em algum momento, vou começar a dirigir peças, filmes, seriados. De janeiro para cá, já li de 6 a 7 mil páginas; são roteiros de vários autores. Estou selecionando esses projetos. Tem muita coisa bonita por vir.


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