Vacina: palavra-chave de 2021, é o melhor caminho

Confira a importância das vacinas e as que compõem o calendário do idoso (60+), que fazem a diferença

Por: Redação  -  26/12/21  -  15:25
Vacina, palavra-chave de 2021, é o melhor caminho
Vacina, palavra-chave de 2021, é o melhor caminho   Foto: AdobeStock

Entramos na última semana de 2021 e a palavra mais pronunciada no ano tem três sílabas, seis letras e uma incalculável representatividade: vacina. É evidente que a repetição incessante desse substantivo durante o ano deu-se em virtude principalmente da imunização contra a covid-19, que segue levando milhares de brasileiros aos postos onde as doses são aplicadas. Em uma escala menor, a vacina contra a gripe teve um bom número de adeptos em 2021, mas poderia atingir mais pessoas. Isso se mais gente (sobretudo os idosos) tomasse os cuidados devidos.


É a dose anual da vacina contra o vírus influenza que pode, por exemplo, reduzir os impactos provocados pelo H3N2, responsável pelo surto de gripe que vem atingindo algumas das principais regiões do Brasil. Essa não é, obrigatoriamente, uma maneira de bloquear a ação do vírus, mas, caso isso aconteça, os sintomas se tornam bem mais leves. Trata-se da chamada reação cruzada.

O que significa que pessoas já imunizadas podem, eventualmente, apresentar quadros de gripe em virtude da nova cepa, porém com sintomas bem mais brandos. “Durante a infância, os responsáveis pela criança têm a carteira de vacinação e seguem aquele calendário. O problema é que, quando o ser humano se torna adulto, costuma deixar de receber as doses das vacinas necessárias. Parece esquecer ou começa a achar que não precisa”, diz o patologista clínico e diretor do IACS Santos, Alberto Augusto Guimarães Gonçalves.


O médico lembra que os idosos compõem o público que deveria seguir o calendário de vacinação com maior rigor. “Eles são mais suscetíveis a problemas de saúde, mas a maioria tem tomado somente a vacina contra a gripe, deixando as outras de lado. Há, inclusive, os que acreditam que a vacina contra o influenza basta. Só que existe uma série de vacinas muito importantes e que devem ser tomadas”. Entre os imunizantes que merecem uma atenção maior, o patologista destaca dois.


A primeira vacina é a pneumocócica. Ela consiste em duas doses que protegem de infecções provocadas pelo Streptococcus pneumoniae: a VPC 13 (vacina conjugada e que protege contra 13 tipos da bactérias) e a VPP 23 (feita com polissacárides, protege de 23 tipos de bactérias).


Outra vacina de suma importância é a herpes zoster, que protege do zoster, infecção causada pelo vírus da catapora.


É nesse ponto que a atenção com os idosos aumenta, pois é a partir dos 60 anos que o problema se torna mais comum, bem como em pessoas com sistema imune enfraquecido. O imunizante reduz o risco de ter zoster em cerca de 50% a 60%. “É um problema que, se atingir pessoas com imunidade baixa, pode trazer complicações sérias”, afirma Gonçalves.


O herpes zoster é conhecido popularmente como cobreiro ou zona. Trata-se de uma doença infecciosa causada pelo mesmo vírus da catapora, que pode voltar a se manifestar já na idade adulta provocando bolhas vermelhas na pele, que surgem principalmente na região do tórax ou da barriga, embora também possa acabar afetando os olhos e as orelhas.


Exames de auxílio

No caso da imunização anual contra o influenza, o patologista reafirma que, por tratar-se de uma nova cepa, para a qual ainda não há uma vacina direta, é possível que quem tenha se imunizado contra o influenza contraia a variante, só que os efeitos por ela provocados sejam mais fracos. “Tudo vai depender também do estado geral de saúde do paciente. E vacinar sempre será melhor do que não vacinar. O risco mínimo é mais vantajoso do que a exposição total”. O patologista alerta para o alto grau de risco de contaminação por esse vírus. “Recentemente, houve uma reunião entre colegas que juntou pouco mais de 15 pessoas em um mesmo ambiente. Todos os participantes tiveram a gripe logo depois”.


O médico acrescenta que os sintomas da gripe provocada pelo vírus H3N2 são muito parecidos com os da covid-19. Por esse motivo, é fundamental que quem sentir alguns desses sintomas realize o quanto antes um exame PCR (que detecta com maior precisão a presença do coronavírus no corpo) e um teste capaz de determinar se o paciente está com gripe. É a única maneira de saber com exatidão qual é o tratamento adequado.


A recomendação, portanto, é que todos os adultos procurem a vacinação contra uma série de problemas, e os idosos devem dar atenção especial a essa prática.


Há outras vacinas com alta relevância no calendário, casos da tríplice bacteriana, hepatite dos tipos A e B, febre amarela, além de meningocócica e tríplice viral, que engloba sarampo, caxumba e rubéola.


Calendário do idoso (60+)

A vacinação é a estratégia mais eficiente para prevenir doenças infecciosas. Os seguintes imunizantes fazem a diferença:

Influenza (gripe) – dose única anual. A vacina influenza 4V é preferível à vacina influenza 3V pela cobertura maior de cepas circulantes;

Pneumocócica. São duas as vacinas que protegem contra infecções do Streptococcus pneumoniae (que tem mais de 90 tipos): a VPC 13, que é uma vacina conjugada e que protege contra 13 tipos de bactérias, e a VPP 23, que é uma vacina feita com polissacárides e que protege contra 23 tipos de bactérias. Deve ser dada de rotina em primeiro lugar uma dose da VPC 13 e, depois de seis meses a um ano, a dose da VPP23. Uma segunda dose da VPP23 deve ser aplicada após cinco anos;

Herpes zoster. Essa vacina protege contra o zoster, infecção causada pelo vírus da catapora anos depois dessa doença, que ocorre em geral em crianças. É comum após os 60 anos e também em pessoas com sistema imune enfraquecido. A vacina reduz o risco de ter zoster em cerca de 50% a 60%. São indicadas, de rotina, duas doses com intervalo de dois a seis meses entre elas. Quanto aos casos de pessoas com zoster oftálmico, não há dados suficientes para indicar ou não o imunizante. Para os imunodeprimidos, recomenda-se falar com o patologista antes;

Tríplice bacteriana (dTpa).
Essa vacina protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche (tosse comprida ou pertussis). Atualmente, vários casos de tosse comprida foram relatados, sugerindo que a imunidade contra essa bactéria desaparece com o tempo. A aplicação do imunizante é de rotina. Pessoas com esquema de vacinação completo devem fazer o reforço a cada dez anos. Já para quem possui esquema de vacinação incompleto, o melhor é tomar uma dose da dTpa e uma dose de reforço a cada dez anos. E as pessoas sem nenhuma vacinação precisam tomar uma dose seguida de outra, quatro semanas após, e mais uma dose de seis a 12 meses depois;

Hepatite A. Em geral, as pessoas com 60 anos ou mais provavelmente já tiveram contágio com o vírus da hepatite A. Portanto, antes de se imunizar, o idoso deve providenciar a sorologia. Nos casos em que ela for negativa, a vacina é indicada em duas doses, com um intervalo de seis meses entre elas;

Hepatite B. Essa vacina protege contra a hepatite B, doença viral que pode levar a problemas sérios no fígado. Alguns adultos têm risco maior de serem infectados. O imunizante é indicado para todo mundo. Normalmente, a imunidade é de longa duração. São três doses no esquema 0 – 1 – 6 meses para os que não foram vacinados;

Febre amarela. Em adultos, deve ser avaliado o risco oferecido por essa vacina. É preciso conversar com um patologista antes;

Meningocócica. É uma vacina conjugada ACWY/C e indicada dependendo da situação de risco, como surtos e viagens para áreas listadas. Mas é necessário conversar com um patologista antes;

Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Na população com mais de 60 anos é incomum encontrar pessoas suscetíveis a essas doenças. Por essa razão, a vacinação não é feita de rotina. Em caso de dúvida, deve-se conversar com um patologista antes.


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