Oftalmologista explica os diferentes tipos de conjuntivite

Aprenda a diferenciar uma da outra

Por: Willian Guerra  -  04/07/21  -  14:18
  Contar com a ajuda de um profissional é essencial
Contar com a ajuda de um profissional é essencial   Foto: Adobe Stock

Com a pandemia de covid-19, muitos fugiram dos consultórios médicos. O certo, no entanto, é colocar o oftalmologista na lista de médicos essenciais.


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Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o seu primeiro relatório sobre a visão da população mundial. Nele, estimou que 2,2 bilhões de pessoas têm algum problema nos olhos. Quase metade, cerca de 1 bilhão, é evitável ou passível de correção.


Ainda de acordo com o documento, indígenas, moradores da zona rural, famílias de baixa renda e mulheres são os grupos que mais sofrem com problemas oculares. Entre dores e incômodos está a famosa conjuntivite.


O oftalmologista Renato Neves explica que a conjuntivite acontece quando há uma inflamação na conjuntiva, que é uma membrana que reveste a parte externa do globo ocular. “As principais e mais comuns são: viral/bacteriana, alérgica, química, tóxica, irritativa e a primaveril”.


Como diferenciar uma da outra? Cada uma tem o seu gatilho, mas o resultado final é quase sempre o mesmo: vermelhidão, lacrimejamento e sensação de areia dentro do olho. Renato Neves distingue os seis tipos mais frequentes a seguir:


Viral/bacteriana: Ela está relacionada com algum processo viral, ou seja, gripes, resfriados, zika ou o próprio coronavírus. Aqui no Brasil, a conjuntivite viral é comum, ainda mais no inverno. Ela é transmitida por gotículas de saliva, contato com objetos contaminados ou até mesmo ao entrar em uma piscina suja.


Alérgica: Esse tipo não é transmissível, como o viral. Geralmente acomete pessoas que possuem alguma alergia, como em quadros de rinite e bronquite, recorrentes no frio.


Química: É desencadeada por uma reação a algum tipo de xampu, por exemplo. Aquele produto cai nos seus olhos e pode gerar a inflamação.


Tóxica: “Uma pessoa que passa um creme no rosto antes de dormir ou põe cílios postiços também corre o risco de ter uma conjuntivite”.


Irritativa: “O próprio indivíduo, ao manipular os olhos com as mãos ou unhas sujas, cria a irritação”.


Primaveril: Ela costuma aparecer durante a época da primavera, devido ao aumento da polinização no meio ambiente.


Os vários gatilhos que iniciam a conjuntivite mostram que, mesmo na segurança de casa e sem o risco de exposição à infecção, ela pode aparecer por diferentes motivos. “Por isso, a importância de ir ao oftalmologista se o paciente notar que está dois dias seguidos com o olho vermelho. Só o médico vai poder diagnosticar e tratar o problema”, reforça Renato Neves.


Tratamento


Contar com ajuda profissional é essencial porque nem todos os tipos têm o mesmo tratamento. “A automedicação é tudo o que não se deve fazer nesse momento, pois pode agravar ainda mais o quadro do paciente”, observa o oftalmologista Eduardo Paulino.


Profissional da Saúde há mais de 40 anos, ele diz que só o médico tem a habilidade de analisar os sintomas apresentados pelo paciente para, então, iniciar o tratamento. “Em uma conjuntivite alérgica, o uso de antibióticos não ajuda em nada e pode até piorar o quadro. Esses medicamentos só devem ser usados em pacientes que têm o tipo viral ou bacteriano”.


Paulino acrescenta que as lentes de contato podem ajudar a causar a doença. Para ele, pessoas que costumam dormir com a lente ou que não tomam os cuidados necessários de higienização correm um risco maior de desenvolver uma conjuntivite.


Seguindo as orientações dadas pelo médico, a pessoa consegue se recuperar completamente no prazo de até oito dias, afirma Eduardo Paulino.


Hoje, você acordou, se esticou na cama e provavelmente, antes mesmo de se levantar, levou as mãos aos olhos. Esse hábito comum nas nossas vidas pode ser muito pior do que se imagina. A prática, além de ser a porta de entrada para uma conjuntivite viral/bacteriana, também gera males graves à saúde ocular.


“Coçar os olhos é o mesmo que colocar uma pessoa frágil fisicamente contra um campeão mundial de boxe. É a mesma proporção. Quando coça, você dilacera os tecidos oculares, enfraquecendo as estruturas da córnea e contribuindo para a aparição de outras doenças”, explica Eduardo Paulino.


E se engana quem pensa que a conjuntivite é a única ameaça aos nossos olhos. Pequenos problemas também podem atrapalhar nossa visão e gerar um grande incômodo no dia a dia. O mesmo relatório da Organização Mundial da Saúde constatou que 65 milhões de indivíduos estão cegos ou enxergam muito mal por causa da catarata, que é operável. Já os custos para adquirir óculos fazem com que 800 milhões de pessoas não os utilizem.


Com o aumento do home office provocado pela pandemia de covid-19, males como presbiopia (vista cansada) e miopia tendem a aumentar. A OMS aponta que essa mudança no estilo de vida deve fazer com que os casos de miopia saltem dos atuais 1,95 bilhão para quase 3,5 bilhões em 2030.


Com a degeneração macular natural do ser humano, outra doença acaba batendo à nossa porta: o ceratocone. “É um dos problemas mais frequentes da córnea e a principal causa de transplante do mundo. O ceratocone faz a córnea se afinar, provocando a sua degeneração”, detalha o oftalmologista Renato Neves. Além do transplante, o profissional diz que a doença pode ser tratada em estágio inicial com o uso de óculos.


Já para os diabéticos, os cuidados com a visão também se mostram superimportantes para se conseguir evitar a retinopatia diabética. Essa disfunção metabólica pode danificar os vasos sanguíneos que ficam dentro da retina, levando a um sério comprometimento da visão ou até mesmo à cegueira. Por ser um problema crônico, a retinopatia diabética não tem cura, mas o tratamento consegue estagnar os efeitos dela.


Check up dos olhos


Dada a importância do oftalmologista no dia a dia, com que frequência devemos nos consultar com esse médico? Para Eduardo Paulino, salvo algum problema ocular, o paciente tem de procurar esse profissional em faixas etárias específicas.


Os recém-nascidos devem ser levados para analisar se não têm uma má formação. Na fase escolar, a criança precisa se consultar, pois pode ter “graus escondidos”, o que dificulta para ler a lousa. Pessoas com histórico familiar de problemas oculares e quem tem mais de 40 anos – início da queda da visão – não podem deixar de ir ao médico. “E de, preferência, semestralmente”.


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