Médicos especialistas falam sobre cuidados com joanete

Joanete é mais comum nas mulheres, principalmente por conta do uso de determinados calçados

Por: Willian Guerra  -  15/08/21  -  10:58
Atualizado em 15/08/21 - 11:01
 O joanete é mais frequente em mulheres que costumam usar salto alto de bico fino por uma grande quantidade de horas
O joanete é mais frequente em mulheres que costumam usar salto alto de bico fino por uma grande quantidade de horas   Foto: Adobe Stock

Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, existem dois tipos de joanete. O mais comum é chamado de Hálux Valgo, quando a base do dedão do pé cria uma deformidade, gerando uma inflamação que deixa a região dolorida e sensível. Menos popular, mas também incômoda, a Sastre (também conhecido como joanete de alfaiate) aparece na outra extremidade do pé, ao lado do dedo mindinho, gerando uma curvatura a partir do quinto metatarso.


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O joanete é mais frequente em mulheres que costumam usar salto alto de bico fino por uma grande quantidade de horas e dias, mas pode aparecer mesmo nas que evitam esses calçados e também em homens, principalmente idosos. “Estima-se que cerca de 20% da população idosa sofra com joanete. Como vivemos em uma região onde esse público é muito grande, podemos dizer que a deformidade é muito comum na Baixada Santista.”, conta o médico ortopedista especialista em pés, Igor Marijuschkin.


O profissional destaca que aproximadamente 80% dos pacientes que chegam com queixas do joanete são mulheres. Para Marijuschkin, não apenas os scarpins, mas todo calçado que gera desconforto nos pés pode vir a ser um potencial “criador” da deformidade. “Temos um péssimo hábito de que mulher tem que ter pé pequeno. Então muitas delas acabam comprando números menores para não serem julgadas.”.


Já uma parcela menor dos pacientes precisa lidar com o problema por outros fatores. “Uma pessoa que joga constantemente futebol também pode desenvolver joanete. Além disso, tem o ponto hereditário que precisa ser considerado.”, explica o médico especialista.


Ainda mais raro, a medicina registra casos de joanete infantil. Nesse cenário, um bebê recém-nascido já aparenta estar com a deformidade por apresentar um dedão torto. Provocado pelo fator hereditário, em muitos casos o bebê precisa passar por uma cirurgia para corrigir o problema.


Atenção aos primeiros sinais


Sabe aquela festa de formatura do seu filho? Pois é, ela pode ser o primeiro alerta para começar a cuidar melhor dos seus pés. Após curtir a noite com um sapato fechado e inapropriado para dançar, você chegou em casa e está com o pé latejando de dor. Querendo se livrar do incômodo, toma um anti-inflamatório e no outro dia nem lembra mais que estava com o problema.


O médico ortopedista e especialista em pés, Joaquim Maluf Neto aponta que esse é um dos primeiros indícios do joanete. “Esse paciente tem o problema e não sabe. Até porque se automedicou e está bem. O joanete também é assim. Muitos têm em estágios avançados e ficam bem. Outros têm uma deformidade menor e procuram a cirurgia.”


Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia do Pé, Maluf Neto explica que os primeiros sinais do incômodo são semelhantes a qualquer processo inflamatório. Por isso, devemos estar atentos caso surja vermelhidão, edema ou inchaço na base do dedão ou do dedo mindinho. “Nesses casos, usamos aqueles afastadores de joanete. Eles não chegam a corrigir o problema, mas pode retardar por muito tempo a cirurgia.”, explica o médico.


Cuidado


"Joanete não tem cura. Única cura é o procedimento cirúrgico.” A afirmação de ambos os especialistas chama a atenção para combater inúmeros tratamentos alternativos que surgem no mercado.


Seja de produtos milagrosos que prometem o fim do joanete ou por um tratamento exclusivo realizado por uma clínica. “Isso é mentira. É alguém querendo te enganar. Nenhum desses procedimentos têm comprovação científica com publicação para todo o mundo. Então, além de te enganar, esse picareta pode piorar ainda mais o quadro do paciente.”, reforça o médico Maluf Neto.


“Por isso também a importância de sempre procurar um ortopedista especialista em pés. Hoje em dia é fácil saber. No site da Sociedade Brasileira de Ortopedia consta todos os profissionais que são habilitados nessa área. Essa pesquisa é fundamental para não ser enganado.”, diz Igor Marijuschkin.


Nesses casos, após um procedimento inadequado, é comum que o paciente comece a se queixar de mais dores no corpo. Isto porque, mesmo causando uma deformidade abrupta nos pés, o joanete não está relacionado a outras complicações. “Já tive casos de pacientes que contaram, após a cirurgia, que melhoraram de dores nos joelhos e até na coluna. Mas, em geral, o joanete não tem ligação alguma com outros desconfortos.”, explica Marijuschkin.


Sem medo da cirurgia


Assim como tudo na medicina, a cirurgia para correção do joanete evoluiu e muito nos últimos anos. Se antes o paciente saía do hospital mal podendo colocar os pés no chão e se queixando de muita dor, hoje o horizonte é outro. Segundo os médicos, mesmo sendo um procedimento complexo, a pessoa consegue operar os dois pés no mesmo dia e já sai colocando-os no chão.


Além disso, o ortopedista Joaquim Maluf Neto explica que a cirurgia não é padrão para todos os pacientes. “Primeiro fazemos uma radiografia do pé e fazemos um estudo para montar um plano cirúrgico. Mesmo sendo um problema igual para todos, nenhum pé é igual ao outro.”


Sobre o tempo de internação, Igor Marijuschkin conta que, de modo geral, o paciente fica um dia internado. “Opera em um dia e ganha alta no outro com um sapato especial que parece uma bota. Com esse equipamento ele pode andar, mas sem abusar.”


Quanto ao pós-operatório, 20 dias após o procedimento, acontece o retorno ao médico para ele analisar o quadro e retirar os pontos. “Pouco tempo depois, ele já pode utilizar calçados mais largos como chinelos sem a divisão do dedo ou uma sandália. Já para você ficar sem dor alguma e até esquecer que operou, o tempo varia de três a seis meses.”, esclarece o médico Joaquim Maluf Neto.


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