Especialistas explicam como fazer a diferença no local de trabalho e a se destacar no mercado

Seja em pequenas, médias ou grandes empresas, apenas uma parcela das pessoas acaba chegando a cargos de liderança

Por: Willian Guerra  -  07/11/21  -  11:18
 Pesquisa mostrou que 89% dos profissionais estão insatisfeitos com seus trabalhos
Pesquisa mostrou que 89% dos profissionais estão insatisfeitos com seus trabalhos   Foto: Adobe Stock

Como você se vê dentro da empresa onde trabalha? Se considera um líder? Alguém responsável por treinar novos funcionários? Uma pessoa influente na equipe? Apenas mais um elo no meio de toda uma engrenagem? Nenhuma das respostas para essas perguntas pode ser considerada errada, desde que você se sinta feliz e valorizado.


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Seja em pequenas, médias ou grandes empresas, apenas uma parcela das pessoas acaba chegando a cargos de liderança. Por outro lado, a grande maioria integra o grupo dos colaboradores, que, dependendo do caso, pode ficar sem ter voz ativa.


Essa é a principal queixa dos profissionais atualmente. Pesquisa realizada pela International Stress Management Association Brasil mostrou que 72% das pessoas estão insatisfeitas no trabalho. Desse total, 89% se dizem infelizes porque não têm o devido reconhecimento por parte dos chefes.


Pensando nesse grupo que forma a maior fatia da força de trabalho, a profissional da área de marketing Beatriz Machado escreveu o livro O Subordinado. Formada em Administração e com MBA em Gestão, ela conta na publicação parte da sua carreira e os caminhos que trilhou, desde o estágio até o cargo de liderança que ocupa em uma multinacional. “O principal objetivo da obra é passar a mensagem para o leitor de que não deve ser um subordinado na própria carreira”, resume Beatriz.


Para ela, uma pessoa pode até ser chamada de subordinada dentro da empresa onde está, mas isso não deve transbordar para a sua vida profissional. “A palavra subordinado carrega uma carga de conformismo. E isso não faz bem. Precisamos ser mais protagonistas. Tanto para sermos mais felizes hoje quanto para obtermos mais sucesso no futuro”, conta a autora.


Branding pessoal


Ao frisar a importância de não se colocar como coadjuvante na própria carreira, Beatriz Machado ressalta que a pessoa deve olhar a sua vida profissional além da empresa onde trabalha. A especialista em marketing diz que, ao frequentar cursos para ampliar seu conhecimento, ter uma boa comunicação e fazer um networking eficiente, esse “subordinado” pode se tornar uma referência da sua profissão nas redes sociais. “Aí está a importância de fazer de você uma marca forte. Isso eu falo no livro e reforço: invista em você e se veja como um criador de conteúdo”, recomenda a escritora.


No mês de outubro, o Instituto Ipsos divulgou pesquisa mostrando quais profissões usufruem de mais ou de menos confiança entre os brasileiros. Na lista das mais exaltadas estão professor e cientista, ambas empatadas com 68%, seguidas por médico, membros das forças armadas e pessoas comuns.


Em contrapartida, políticos e membros do governo aparecem na liderança das profissões menos prestigiadas. Logo após vêm banqueiros, advogados e juízes.


Para Beatriz Machado, principalmente profissionais dessas áreas precisam ter uma presença maior nas redes sociais para se destacar. “Só mostrar o seu trabalho dentro da empresa não é a melhor alternativa. Tente divulgar resultados nas redes sociais e expor a sua opinião. As oportunidades de reconhecimento não existem só na organização da qual você faz parte. Elas estão no mercado como um todo”.


Comportamento antigo


Se sentir inferior é danoso em qualquer situação. Seja no trabalho ou em um relacionamento, essa percepção deve ser identificada – preferencialmente o quanto antes – para que não venha a evoluir para um transtorno psicológico.


De acordo com Beatriz, profissionais que não conseguem romper a barreira da subserviência geralmente já apresentaram esse mesmo tipo de comportamento no passado. “Muito provavelmente essa pessoa abaixava a cabeça para os pais, professores ou para os próprios parceiros e nunca questionava as decisões que eram tomadas. Por isso também recomendo procurar a ajuda de um psicólogo para se ter um maior autoconhecimento”, diz a autora de O Subordinado.


Lição para os líderes


Não à toa a pesquisa da International Stress Management Association Brasil indicou que 89% dos profissionais estão insatisfeitos com seus trabalhos, porque não têm reconhecimento dentro da empresa. Marcelo Lico, especialista em governança corporativa, indica que cabe também aos gestores motivar todos os membros da equipe.


Marcelo Lico ressalta que, independentemente da função que ocupam dentro da organização, todas as pessoas podem contribuir com o processo de liderança. “Quando você traz esse profissional ‘secundário’ para o jogo, ele se sente importante e percebe que não é invisível. Só assim esse trabalhador vai se sentir dentro do processo”.


Ainda segundo Marcelo Lico, sempre deve-se ter em mente que todos os colaboradores são fundamentais para se conseguir um bom resultado final. “Se há um recepcionista, por exemplo, que não sabe atender bem, o cliente vai embora e vai ter péssima impressão da empresa. Cabe ao líder treinar o profissional, motivar e reconhecer o que ele faz”.


Dê o melhor


“Foi o tempo em que uma pessoa entrava em uma organização e se acomodava, esperando completar o tempo necessário para a sua aposentadoria. Hoje, existem vários aspectos que nos fazem querer mais (conquistas no mercado de trabalho)”, afirma o especialista.


Diferentemente dos baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e da Geração X (1965 – 1977), as novas gerações não se contentam com um cargo qualquer. Além de vislumbrar o crescimento profissional a curto prazo, essas pessoas também desejam obter um aumento de salário para ontem. Mas, para que isso seja possível, Marcelo Lico indica um único caminho: dar o seu melhor. “As gerações mais novas costumam ser inquietas. Muitos não sabem direito o que querem. Após essa pessoa se encontrar profissionalmente, é preciso que se jogue de cabeça e exponha as suas ideias”, orienta o especialista.


Por outro lado, Beatriz Machado diz que não só de superestrelas vivem as empresas. “Há pessoas com cargos menores que fazem muito bem os seus trabalhos. Elas, por mais motivadas que se mostrem, podem não almejar um crescimento profissional, pois são felizes nas suas funções. É necessário reconhecer também essas estrelas, não apenas as superestrelas”, pondera a escritora.


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