Entenda a importância da ergonomia na escolha do mobiliário
Detalhes como altura e iluminação podem ajudar muito no conforto e saúde
Na hora da escolha do mobiliário, é preciso se preocupar com a ergonomia. Preste atenção em detalhes como a altura dos móveis e eletrodomésticos e se a iluminação é adequada. Ficar à vontade nem sempre é a melhor opção para a nossa coluna. O uso da ergonomia em casa pode garantir segurança física e saúde a longo prazo, ajudando a evitar dores nas costas. O médico chefe da Ortopedia da Santa Casa de Santos e professor da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Maurício Sgarbi, explica que a dor lombar, na maioria das vezes, não está relacionada com uma coluna “doente”. “Mas com uma coluna normal submetida a um esforço, postura ou gesto incorreto ou de grande intensidade”.
Para evitar eventual desconforto e dores, o ortopedista diz que a orientação é levantar peso utilizando a musculatura das costas. Ou seja: realizar essa tarefa mantendo as costas retas, preferencialmente agachado e distribuindo o esforço entre as costas e as pernas. Maurício Sgarbi enfatiza que, muitas vezes, é difícil melhorar a postura diária sem contar com a ajuda de um profissional, considerando que os vícios de postura já podem existir há bastante tempo. “Esse profissional geralmente é um fisioterapeuta ou educador físico. Nas atividades mais simples, como o uso de computadores em casa ou no trabalho, um ajuste na altura da cadeira, na posição do mouse ou na distância da tela bastam para fazer diferença”.
É comum falarmos de manter a postura correta no ambiente de trabalho, mas as atividades domésticas também exigem esse tipo de atenção. “Algumas tarefas realizadas em casa, como limpeza e reparos, podem levar à sobrecarga da musculatura e dos ligamentos das costas. É fundamental perceber se você está ‘forçando ou não as costas’, digamos, de forma simples durante essas atividades. Um único movimento com grande peso ou com postura inadequada, como ao limpar uma vidraça, pode desencadear uma crise de dor”, observa o ortopedista.
Mix de conhecimentos
A ergonomia existe para adaptar as tarefas às necessidades do nosso corpo e proporcionar o máximo de conforto, segurança e eficiência. Para isso, reúne conhecimentos da engenharia, arquitetura, fisioterapia e psicologia. Segundo a arquiteta Shirley Vaz Vedovate, um ambiente ergonomicamente adequado seja no trabalho, em casa, no carro e até mesmo no home office garante mais qualidade de vida e reduz gastos com saúde. “O conhecimento ergonômico contribui para termos um maior conforto em casa. Nesse sentido, é importante tomar algumas medidas como adaptar os espaços de circulação e as alturas dos móveis e dos eletrodomésticos: fogão, portas de armários, camas, entre outros. Muito além de proporcionar conforto, esse cuidado amplia a segurança, previne problemas de saúde e ainda aumenta a produtividade”.
A profissional explica que a ergonomia na arquitetura é aplicada em todas as etapas de um projeto – da concepção ao detalhamento do mobiliário. “Ela serve para ajustar a pessoa às condições indicadas para o dia a dia, com o objetivo de fazer com que ela permaneça confortável, produtiva e segura ao exercer a sua função e as suas demais rotinas”.
Mais dicas
Algumas pessoas sentem dor ao lavar a louça ou a roupa. De acordo com Shirley Vaz Vedovate, numa bancada, na pia ou no tanque é necessário seguir as normas e as medidas de ergonomia. “Por outro lado, precisamos pensar em também atender quem tem estatura mais alta ou mais baixa ou possui alguma deficiência. Uma opção é ter uma superfície mais elevada para apoiar os pés de maneira alternada na hora de passar roupa e lavar louça. Enquanto estiver cozinhando, organize o ambiente para que os utensílios estejam sempre por perto sem que tenha necessidade de torcer o corpo para alcançá-los”.
A altura de uma mesa de jantar, por exemplo, deve variar de 0,75 cm a 0,80 cm, segundo a arquiteta. “O tamanho da mesa é importante para a gente manter a postura adequada. O cotovelo deve ficar de três a quatro centímetros abaixo da superfície. A cadeira de preferência regulável tem de ficar, no mínimo, a 20 cm de distância da mesa”.
Shirley Vaz Vedovate acrescenta: “Deve-se utilizar (ou comprar) uma mobília adequada e com ergonomia. Procure não ficar sentado por muitas horas, fazer alongamentos durante o dia e usar alguns apoios quando necessário para melhorar a sua postura. O principal é ter móveis ergonômicos. Há várias empresas que trazem o certificado de ergonomia nos seus produtos”.
Por fim, a arquiteta ressalta a importância de conciliar a ergonomia com a decoração na hora de montar um ambiente. “Ao projetar um cômodo, é preciso levar em conta vários fatores, como o tamanho do espaço, a altura dos moradores, a mobilidade, se há alguém com deficiência física, qual é o tipo correto de iluminação, checar a temperatura, a acústica, o campo de visão, a acessibilidade. Ou seja: diversos fatores ajudam a tornar um ambiente mais saudável e mais agradável”.
