Dupla Patati e Patatá fala sobre carreira, pandemia, shows no litoral de SP e projetos futuros

Em entrevista para AT Revista, os palhaços mais famosos do País falam sobre os próximos shows em Praia Grande e Santos

Por: Stevens Standke  -  10/10/21  -  08:10
Atualizado em 10/10/21 - 12:06
 Dupla na verdade começou como quarteto
Dupla na verdade começou como quarteto   Foto: Divulgação

Muita gente não imagina, mas, antes de bombar na TV e mais recentemente nas redes sociais – apenas no YouTube são mais de 100 milhões de visualizações a cada mês –, os palhaços Patati Patatá não eram uma dupla. Na verdade, eles começaram a carreira integrando um quarteto, que levava o nome dos dois e do qual também participavam uma bailarina e o mágico Rinaldi Faria. Essa turma, que se reuniu em São Paulo no início da década de 80, costumava fazer pequenas apresentações, em eventos de prefeituras e festas infantis. No entanto, Rinaldi achou melhor só os palhaços – cujas identidades são mantidas em segredo – seguirem no palco e foi para os bastidores, para cuidar dos negócios – que evoluíram de turnês por escolas com base nos CDs e DVDs que gravavam para uma marca multimídia de sucesso, com direito a circo, programas de TV, produtos licenciados e, em breve, um filme e um sistema de ensino próprio. Na entrevista a seguir, Patati e Patatá, que vão se apresentar no Teatro Serafim Gonzalez, em Praia Grande, em 6 de novembro e no Parque Balneário Hotel, em Santos, em 7 de novembro, falam, entre outros assuntos, do seu engajamento em causas sociais e ambientais, do impacto da pandemia no seu processo criativo, da comunidade de admiradores que têm fora do Brasil e dos casamentos em que marcaram presença, atendendo a pedidos de fãs.


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Vocês estão há 36 anos entretendo o público infantil. O que foi fundamental para fortalecer e manter a ligação com as crianças ao longo do tempo?


Patatá: A nossa maior preocupação é fazer com que todas as músicas, vídeos e shows divirtam 100% dos pais e filhos. Os nossos conteúdos são pensados de modo que não tenham nenhuma restrição, como uma palavra de mau gosto ou uma segunda intenção. Não queremos criar nenhum tipo de rejeição ou dúvida no público. E como hoje o mundo está muito tecnológico, também não desejamos ficar atrás nesse sentido. Por isso, temos nos dedicado bastante ao TikTok, ao Instagram e ao YouTube.

Patati: Procuramos mostrar para as crianças as brincadeiras que os pais curtiam quando eram pequenos. Nós sempre sugerimos que perguntem para eles o que gostavam de fazer quando tinham a mesma idade. Assim, as crianças descobrem muita coisa legal. Combinamos o mundo lúdico das brincadeiras tradicionais com vídeos e as novidades da tecnologia. Acho que um pouco do segredo para termos nos mantido nestes 36 anos está aí: nos atualizarmos constantemente, sem deixarmos de lado o que é clássico.


As crianças mudaram muito desde que vocês começaram?


Patatá: Não importa o ano ou século em que estamos, a criança sempre vai ser criança. A essência dela não muda. Mesmo com o avanço da tecnologia e a informação cada vez mais rápida, ela continua tendo dentro dela a ingenuidade, o humor simples e a sinceridade. E a criança é muito criativa. Se você estimula isso no dia a dia, ela tende a desenvolver coisas incríveis.

Patati:
Não foi a criança que mudou, mas o mundo, e ela se adapta, acompanha o que acontece de uma maneira alegre. O que o adulto apresentar para a criança ela vai se divertir com aquilo, transformar em uma brincadeira.


O clássico não perdeu espaço?


Patati: Não. O interessante é que, quando propomos uma brincadeira tradicional, a criança fica doidinha para saber como é. Por exemplo: se ela nunca viu o pega-pega, vai achar aquilo fantástico. Essa reação não muda seja hoje em dia ou lá atrás, há dez ou 20 anos.

Patatá: As crianças também gostam do desafio proporcionado pelas brincadeiras clássicas. Temos um monte de músicas que tratam delas. Nos shows, quando as cantamos, os adultos dançam até mais do que as crianças.


Vocês transitaram por gerações. Muitos pais devem ter sido fãs quando eram pequenos.


Patatá: Eu diria, inclusive, que há alguns avós que foram nossos fãs (risos). Para ter ideia, já fizemos casamentos de adultos que são apaixonados pela gente desde pequenos e nos convidaram para participar desse dia tão especial. Também já dançamos a valsa em festa de 15 anos.

Patati: É um carinho que transcende a infância. Lembro que teve o pedido de casamento no nosso palco do Igor (Faria, filho do criador da dupla e atual responsável pela marca Patati Patatá, já que seu pai, Rinaldi Faria, se afastou para cuidar do novo negócio, a rede de TV Mais Família). Tem outra história marcante: um rapaz desmarcou o casamento três vezes por causa da nossa agenda. Até que um dia a noiva dele foi até a igreja onde o Rinaldi (Faria, criador da dupla) e a família costumam ir em São Paulo e pediu ajuda para fechar uma data.


Quais foram os maiores desafios ao longo destes 36 anos?


Patatá: Houve muitos desafios. Nós começamos fazendo shows em escolas do País inteiro – quatro, cinco por dia. Aí, passamos a gravar CDs e DVDs em paralelo. Não é todo mundo que lembra, mas só entramos na TV em 2011, ou seja, dez anos atrás. Um pouco antes, já fazíamos turnês em grandes casas de espetáculos e esgotávamos os ingressos. Um dos desafios mais recentes foi montar um circo com a nossa cara e toda a nossa turma.

Patati: Para chegar até aqui, encaramos centenas de desafios, de todas as naturezas que se pode imaginar. Certa vez, quando ainda não tínhamos estourado, vetaram em Belo Horizonte (Minas Gerais) a nossa apresentação em um lugar grande e liberaram um espaço menor. Em 2009, estávamos com o cenário pronto para gravar um CD/DVD, só que um incêndio destruiu tudo. Naquela época, dependíamos desse material para seguir fazendo shows nas escolas. Como a gravação foi adiada, o Rinaldi investiu no lançamento de bonecos nossos, que era um sonho da gente, no qual ninguém apostava por não sermos famosos até aquele momento. Retomamos os shows aproveitando a novidade dos bonecos, pois, em 2009, ficamos sem CD/DVD. E após o boom que vivemos com a ida para a televisão, vieram outros desafios, para mantermos o que conquistamos.


Como lidaram com o impacto da pandemia no meio artístico?


Patatá: Como outros artistas, aproveitamos o isolamento social para produzir um monte de material. Também abrimos o nosso TikTok, que, hoje, já tem mais de 1 milhão de seguidores. Temos trabalhado bastante.

Patati: A pandemia trouxe o desafio de entender qual era a melhor hora para voltar a abrir o nosso circo. No fim de 2020, ele retornou às atividades um pouquinho, mas, por conta das novas restrições que surgiram, fechou de novo. O circo só reabriu neste ano, em 26 de julho, com as medidas sanitárias necessárias. Ele está indo bem. Os ingressos têm esgotado. Desde o início da pandemia, já fizemos uma live bem produzida, uma turnê no formato drive in e nos tornamos os artistas nacionais voltados ao público infantil que mais realizaram shows desse tipo. Para completar, enquanto estávamos isolados, finalizamos o nosso sistema de ensino. Nos últimos dez anos, com a dimensão que tomamos, não conseguimos visitar tantas escolas como gostaríamos e esse projeto do sistema de ensino vai nos permitir estar mais perto dos colégios a partir de 2022. Temos uma gratidão por todas as escolas que abriram as portas para a gente.


O que mais pretendem fazer?


Patatá: Estamos negociando um filme nosso. Vamos fazer mais um DVD e acabamos de lançar o Floffy Café e Shop, espaço inspirado nesse personagem da nossa turma, que fica no Central Plaza Shopping, em São Paulo.


Vocês continuam fazendo visitas a hospitais?


Patati: Sim, como procuramos estar onde as crianças estão, não poderíamos deixar de visitar as que se encontram nos hospitais. Tanto que, quando estamos na estrada, nosso diretor artístico sempre concilia os shows com idas a hospitais locais.

Patatá: Esse tipo de visita costuma envolver muita emoção. Trocamos carinho, risadas e sentimentos positivos com as crianças que estão hospitalizadas. Quando nós chegamos, parece que, por mais fraquinhas que elas estejam, ganham nova energia e viram outras pessoas. Naquele momento, é como se tudo ficasse bem.

Patati: Essa pergunta me fez lembrar de algo que não tem a ver com hospital, mas que também é muito significativo. Em nosso circo, fazemos questão de receber crianças com necessidades especiais. Tem um menino com paralisia cerebral que já foi várias vezes e a mãe sempre aproveita para nos contar como ele está evoluindo. Esse garoto faz a fisioterapia com as nossas músicas de fundo e ele, que quase não se mexia, vem progredindo. Teve um show em que conseguiu dançar no colo da mãe. Torcemos por esse nosso amigo e ficamos felizes com a evolução dele.


Também procuram se associar a causas sociais?


Patatá: Sim. Nós somos um dos porta-vozes do Programa Mundial de Alimentos. Fomos a Brasília selar a parceria. Por incrível que pareça, o desperdício de comida ainda é muito grande no Brasil e no mundo, e esses alimentos podem ser reaproveitados para uma boa causa. Também costumamos visitar a Laramara, entidade voltada a pessoas com deficiência visual. Os nossos shows já têm músicas em libras e queremos incluir conteúdos em braile.

Patati: Costumamos marcar presença no Teleton desde os anos 90; já estamos confirmados na próxima edição, que acontece no dia 23. E colaboramos com a WWF-Brasil e o seu trabalho de conscientização focado na preservação do meio ambiente. Temos alguns clipes relacionados à natureza. Revertemos parte da receita desses conteúdos à WWF.


Como é a relação com os fãs que têm fora do Brasil?


Patati: Os brasileirinhos que estão fora do País e que gostam da gente têm feito um verdadeiro trabalho de formiguinha. Por exemplo: a colônia de brasileiros na Inglaterra apresentou o Patati Patatá para muitas crianças inglesas, que, mesmo sem entender o nosso idioma, curtem os vídeos e as músicas. Temos conhecimento de algumas crianças estrangeiras que, por nossa causa, aprenderam um pouco de português, e já fizemos alguns shows na Europa.


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