Que tal morar no Centro Histórico de Santos repaginado?

Retrofit é alternativa para dar novos usos a imóveis antigos desocupados

Por: Redação  -  10/07/22  -  17:53
Atualizado em 10/07/22 - 22:26
retrofit centro santos
retrofit centro santos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Imagine caminhar pelo Centro Histórico de Santos, nas ruas General Câmara, Amador Bueno, XV de Novembro e do Comércio, e encontrar janelas dos edifícios ocupadas com vasos, praças Mauá e da República com crianças brincando, e o ir e vir de pessoas em mercados, escolas, padarias e parques.


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Impossível? Não tanto. O primeiro passo seria repaginar os imóveis antigos e fechados, a maioria de uso comercial, e torná-los habitáveis. Esse processo tem nome: retrofit, conceito que pode ser pensado como “reconversão” ou “modernização” de uma construção, por meio de sua adaptação, atualização, customização ou requalificação


“Retrofit é uma técnica de revitalização de construções antigas, históricas ou não, que tem como objetivo modernizar o espaço, corrigir problemas de infraestrutura e torná-lo mais seguro sem retirar seus elementos originais históricos e arquitetônicos”, diz o arquiteto e urbanista Gustavo de Araújo Nunes, que participou de painel dedicado ao tema no Summit da Construção Civil.


A técnica foca na revitalização de construções antigas, com o objetivo de modernizar seu espaço por dentro, e dar uma cara nova para o ambiente externo. Outro ponto importante é tornar estes empreendimentos mais seguros, sem que seus elementos originais sejam retirados.


Travas
Contudo, muitos desses imóveis localizados na área central de Santos são protegidos por legislação, uma parte é tombada pelo patrimônio histórico e outra tem níveis de proteção, travas que dificultam a realização do retrofit. Ainda assim, recentemente, algumas construções foram modificadas.


Pelo menos quatro exemplos foram dados por Gustavo, que também é membro do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa). “A maioria dos imóveis do Centro é NP 2 (nível de proteção), onde três características precisam ser preservadas: volumetria, telhado e fachada. Mesmo assim, conseguimos realizar ótimos trabalhos ultimamente”.


O arquiteto defende que a cidade precisa avançar em outros pontos e começar a incentivar e acreditar em projetos de retrofit no Centro. Uma das alternativas propostas por ele é que a própria Prefeitura ofereça os incentivos fiscais mesmo antes da obra ser entregue.


Conta precisa fechar, diz especialista
A cidade de São Paulo também enfrenta o mesmo desafio em seu Centro Histórico: revitalizar seus espaços e dar novos usos a imóveis antigos e degradados. E para revitalizá-los, a conta final, envolvendo os custos e a possibilidade de venda ou locação, precisa fechar.


Maxime Barkatz, sócio fundador da Ilion Partners, empresa especializada na aquisição e reposicionamento de prédios antigos em São Paulo, mostrou todos os 17 projetos em andamento da sua empresa na cidade de São Paulo.


Desses imóveis, grande parte é procurada por estudantes, que gostam de viver em um local mais próximo de tudo na grande metrópole. Ainda assim, Maxime afirma que os retrofits voltados para moradia não têm um público alvo definido.


“Existem vários fatores, como famílias de renda mais baixa, querendo se aproximar um pouco do centro de São Paulo, e também muitas pessoas optando por trocar de bairro por conta da insegurança onde vivem”, afirma.


Maxime explicou que “cada projeto é um projeto diferente”, e que a análise deve ser feita de forma criteriosa antes de começar a obra, “para que a conta feche ao final”.


Riscos
Maria João Figueiredo, arquiteta e sócia da MMBB Arquitetura, da Capital, trouxe de forma detalhada todos os desafios para transformar um edifício comercial em residencial, na Vila Buarque, em São Paulo. Falou, ainda, das surpresas que aparecem no meio dos trabalhos e sobre a necessidade de mudar o projeto inicial para adequar às realidades de cada construção. “Mesmo com o desafio da obra, as surpresas que aparecem, é algo recompensador”, disse.


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