“Vai todo mundo perder?”

A competição no mercado de contêineres do mundo faz com que o dinamismo dos negócios e os investimentos sejam vorazes.

Por: Maxwell Rodrigues  -  20/07/22  -  08:00
Vai todo mundo perder?
Vai todo mundo perder?   Foto: Google

Quem ganhar vai perder e quem perder vai ganhar? ou vai todo mundo perder? A competição acirrada no mercado global de contêineres faz com que o dinamismo dos negócios e os investimentos sejam vorazes e o protecionismo mercadológico não tenha espaço para alegações sem fundamentos concorrenciais concretos. Algo que hoje, talvez, faça sentido diante do momento que estamos vivendo no Porto de Santos. Uma frase confusa, mas que pode esclarecer o que estamos passando na atração de investimentos.


A competição acirrada no setor de contêineres faz com que o dinamismo dos negócios e os investimentos sejam vorazes e o protecionismo mercadológico não tenha espaço para alegações sem fundamentos concorrenciais concretos. A concorrência é a competição entre dois ou mais negócios que disputam a mesma fatia de mercado. A análise da concorrência, portanto, diz respeito à observação do que esses competidores estão fazendo nos mais diversos aspectos do negócio para criar e melhorar suas próprias estratégias, de modo a se destacar.


Mas como se destacar com tamanha mudança de regras e instabilidade jurídica no Brasil? Os argumentos de atratividade do capital estrangeiro pelo Governo Federal são enormes. Acompanhamos rotineiramente ministros e representantes “vendendo” os portos do brasil em eventos nacionais e internacionais. Venda vem do latim “vendita”, a ação e o efeito de transferir a propriedade de algo a outra pessoa mediante o pagamento de um preço estipulado. Por aqui, o investidor precisa enfrentar um sistema político partidário feudal para comprar, não basta somente pagar.


A proposta de “vender" no mundo de hoje não é só uma atitude que gera negócios, e sim um estilo de políticas publicas que abre portas para o conhecimento e confiança dentro de um mercado específico. Nessas definições, percebemos que no setor portuário muitas vezes não é tão fácil vender ou comprar ativos, principalmente porque em muitos casos, depois que a venda ocorre, as regras do jogo mudam pelo caminho. Algo difícil de explicar aos prospects internacionais que são abordados rotineiramente pelas estratégias de concessões no aspecto da “pré-venda”.


Estamos acompanhando todos esses movimentos atualmente no mercado de movimentação de contêineres no Porto de Santos, sem nos preocuparmos com o impacto gigantesco que esse debate pode ter na imagem de liberdade de concorrência proposta pelo Brasil. As mais diversas narrativas surgem e se aproveitam do arcabouço legal esquizofrênico para prorrogar algo que poderia ser simples de resolver. A quem interessa tanto conflito? Quando o foco é o conflito, teorias surgem e atores da sociedade civil saem em defesa de interesses que não ficam claro para a própria sociedade.


Uns defendem quem está operando e outros se posicionaram a favor de quem quer se instalar no porto. Os argumentos são os mais diversos possíveis e tentam proteger algo que não é o foco do debate. Enfim, qual é o pepino? Qual o problema? O Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) proposto estipula crescimento significativo nos próximos anos, aumentando problemas de infraestrutura e a necessidade de mais espaço para movimentação de contêineres. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) estima que os portos brasileiros deverão movimentar, já em 2026, 1,402 bilhão de toneladas, contra a projeção de 1,239 bilhão de toneladas para 2022.


Somente pelos portos, passarão mais de 90% do total da movimentação do comércio nacional e internacional. Antes do final desta década, em 2028, os espaços do terminal STS10 estarão em plena capacidade de operação, quando teremos um aumento de demanda consolidado. Se olharmos para o que está sendo planejado, a preocupação deve se concentrar em resolver problemas de acessos ferroviários, rodoviários e agilizar a atracação de navios. O volume aumentando precisaremos de mais terminais operando. Uma equação estruturada que tem aderência ao que consta no PDZ, além de atender aos interesses público e da sociedade com a geração de empregos, atratividade do capital investido e redução de custos, tornando o brasil muito mais competitivo.


Para investidores que venham a ganhar concessões portuárias, perder depois da vitória e ter de lidar com a interferência nos seus negócios é uma probabilidade bem alta. Já aqueles que perdem uma concessão e tentam evitar a entrada de novos players, acabam comprometendo a eficiência e o futuro do Porto de Santos com “billing” de ineficiência e em gargalos. Se continuarmos com guerras que impedem o investimento, iremos todos perder!


Logo A Tribuna