Aumento da tecnologia nos portos acende alerta para cyber attacks

Brasil ainda não sofre com casos, mas ocorrências em empresas instaladas em portos do mundo cresceram 900% em três anos

Por: Matheus Müller  -  18/11/20  -  20:36
Ataques cibernéticos são motivos de precaução para empresas da área portuária
Ataques cibernéticos são motivos de precaução para empresas da área portuária   Foto: Carlos Nogueira/AT

Os portos cada vez mais tecnológicos em seus sistemas administrativos e operacionais, com automação de máquinas, passam a enfrentar novos desafios de prevenção, proteção e controle contra os cyber attacks (ataques cibernéticos). Embora as grandes empresas instaladas no Brasil não tenham enfrentado problemas de magnitude nessa área, nos demais portos do mundo, a situação é diferente e tais ocorrências saltaram 900% em três anos.


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“Temos que nos manter alertas. Não estamos livres ou isentos. Temos que ser vigilantes e estar preparados para, se isso acontecer, ficar resguardados e controlar a situação”, disse Carlos Augusto Cabral, diretor administrativo Representações Proinde, debatedor no painel ‘Covid-19 e cyber risks no contexto de P&I Clubs’ do 2º Congresso de Direito Marítimo e Portuário – São Paulo.


O tema foi apresentado virtualmente pela executiva de reivindicações no Shipowners’ Club (Clube dos Armadores), Giselle Villanueva, e teve como outro debatedor Mauro Sammarco, diretor administrativo da Brazil P&I e presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), que sediou o evento, uma iniciativa da Associação Brasileira de Direito Marítimo (ABDM), com realização do Grupo Tribuna.


Em sua apresentação, no último dia do congresso, Giselle destacou os principais motivos que permitem os cyber attacks: Erro humano, engenharia social (frauds para conseguir informações e aplicar golpes),sistemas sem patches (que garantem maior segurança à rede) e através das mídias sociais.


“O erro humano é o mais cometido”, disse Giselle, ao eleger a situação mais comum a permitir os cyber attacks. “Acredito que erros humanos também são os mais difíceis de minimizar (as ocorrências) e mitigar (os impactos)”. Ao mesmo tempo, a executiva ressalta que os ataques “são uma realidade diante da velocidade com que a tecnológica avança, “mas acompanhamos e buscamos tomar a frente para lidar com isso”.


Uma das medidas para evitá-los, portanto, segundo Giselle, é “continuar educando e fazer com que (os profissionais) se questionem sobre os alertas, por exemplo, se perguntar antes de clicar, se aquele e-mail é genuíno”. Cabral complementa: “O erro humano é responsável por 98% (dos problemas nesse sentido)”.


Sammarco ressalta que o Brasil dispõe de boa legislação sobre o tema, assim como uma linha de investigações consistente. “Acredito que estamos resguardados sobre riscos, mas as empresas devem investir educação para evitar os erros humanos. Também devem investir em empresas especializadas em sistemas que protejam acessos e dados”. 


Atenção


Sammarco destacou que as informações e transações estão na palma da mão, ao toque do celular, e que o setor portuário lida com o envio de muitos documentos. Ele citou o recém lançado sistema que blockchain, que vai conectar as aduanas do Mercosul com o objetivo de aumentar o fluxo de informações trocadas entre os portos, bem como dar celeridade às transações. “Temos que redobrar a atenção para evitar problemas”.


A tecnologia a que se refere ainda engatinha na América do Sul, mas como já citado vai permitir conectar as aduanas de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.  O Blockchain, a princípio, foi desenvolvido para oferecer segurança às transações de criptomoedas. A cada operação ele gera um arquivo e um hash (algoritmo que mapeia os dados e garantem que não foram violados).


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