Uma via-crucis em nome da arte

Nem mesmo a tradicional Paixão de Cristo de Cubatão passou incólume aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19. A apresentação, marcada para 28 de novembro e que terá sua 51ª edição, terá transmissão pelo Facebook e YouTube da Incena Brasil. Mas, até chegar ao modelo que será apresentado este ano, houve muitos desafios, tristezas e adaptações.

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Pela primeira vez, os personagens que representam Jesus, Maria, Pôncio Pilatos e outros usarão máscara em cena. Um cuidado necessário aos nossos tempos. Além disso, o elenco foi reduzido ao mínimo necessário e haverá distanciamento também em cena. A passagem onde Maria recebe o filho morto nos braços, por exemplo, não vai ocorrer.

“Foi muito difícil se reinventar. Antes, contratava um audiovisual e, hoje, é você quem tem que entender como funciona. Enfim, é uma reinvenção dentro do teatro. Tivemos que cortar 50% do elenco de apoio que, na verdade, é o grande elenco, o povo que faz essa história acontecer. São pessoas que agregam conosco”, conta Carla Vieira, produtora executiva e figurinista da encenação.

Estava tudo pronto para a Paixão de Cristo do ano passado acontecer. Foi quando, duas semanas antes da data da estreia, as restrições provocadas pela pandemia colocaram uma pedra nos planos. Carla admite que se sentiu perdida.

“Foi duro receber a notícia de que o Parque Anilinas (local da apresentação) iria fechar, ninguém entrava ou saia. E, com 15 dias para o espetáculo, estávamos finalizando as coisas de cenografia. E eu tive que parar. Não conseguia entender o que era parar algo que faz parte da minha vida. Minha mãe participou da encenação comigo na barriga. Fiquei muito perdida, assim como todos os atores”, relata a produtora executiva.

Para este ano, toda a estrutura teve que ser adaptada para o modo online. Nada de arquibancadas - apenas patrocinadores e autoridades terão acesso ao local. E os atores deverão apresentar o comprovante de vacinação contra o coronavírus.

“São mudanças que, de início, geram desconforto. E a gente não sabe o que vai acontecer até lá. Na verdade, a emoção acontece no dia. Espero, ainda assim, que a emoção contida há dois anos esteja presente”, pontua