Em Peruíbe, um exemplo de dedicação e respeito

Ativista ajuda artistas a conseguir apoio

Por: Da Região  -  08/08/21  -  13:24
 A ativista cultural Catarina Moreira (à frente) tem assumido protagonismo na busca por valorização da Cultura, de forma democrática
A ativista cultural Catarina Moreira (à frente) tem assumido protagonismo na busca por valorização da Cultura, de forma democrática   Foto: Divulgação

Quando a pandemia eclodiu, a preocupação do meio cultural, de modo geral, era com as formas de mitigar os problemas vividos pelos profissionais sem trabalho. Mas, e como ficam as pessoas que possuem trabalhos culturais, mas não se reconhecem formalmente como artistas? Vira um desafio levar os recursos até elas, especialmente de áreas mais afastadas.


No entanto, a ativista cultural Catarina Moreira, atuante em articulações de políticas públicas e programas de cultura, aceitou a missão.


Como representante no Conselho Municipal de Cultura de Peruíbe, ela ingressou na Escola de Políticas Públicas, que preparou um curso especifico de aplicação da Lei Aldir Blanc com o objetivo de contribuir nas discussões coletivas com a sociedade civil e com a Gestão Pública.


“Para construir um possível mapeamento em uma cidade que ainda não possuía um cadastro cultural e artístico, e sim apenas informações básicas dos artistas locais em um número reduzido, foi preciso buscar desde o artista individual até os eventos culturais”, explica Catarina.


“Para o aporte financeiro chegar nas pontas, no Brasil profundo, é preciso haver planejamento e estratégias que possam ser modificadas no caminho de uma ação ou de um processo. Mas é preciso experimentar e tentar, pelo bem maior que é o coletivo”.


Um grupo de trabalho de cadastros elaborou cinco tipos de formulários para, além de investigar o que tinha na localidade, realizar um cadastro cultural e organizar as demandas para as próximas políticas públicas ou programas culturais que venham a ser destinados ao Município. Reunida a categoria, o próximo passo era buscar aqueles que por diversas questões poderiam ficar fora do cadastramento e, consequentemente, fora do apoio financeiro emergencial.


“Nossa preocupação era com os povos indígenas e suas aldeias, as casas de matrizes africanas e seus integrantes, os pescadores artesanais, bem como as festas tradicionais caiçaras. Comunidades que estavam muito distantes dos acontecimentos e discussões pela falta de acesso à internet, ou até pelo fato da não compreensão e entendimento do que significava uma lei emergencial, um programa, uma política pública”, explica Catarina.


 Em apresentação musical, respeito à diversidade cultural e religiosa como estímulo para maior participação
Em apresentação musical, respeito à diversidade cultural e religiosa como estímulo para maior participação   Foto: Divulgação

Oralidades


Surge, então, o Projeto Oralidades, em parceria com integrantes destas comunidades, uma vez que ouví-los seria a forma mais correta de atendê-los sem invadir seus territórios.


“Foi proposto um diálogo com integrantes das aldeias, da cultura caiçara e das casas de matrizes africanas da região de Peruíbe.


“Como não poderíamos entrar nas comunidades em virtude do isolamento social, fizemos encontros de forma virtual, e nessas discussões entendemos qual o caminho que faríamos para chegar nas pontas desse Brasil profundo”, pontua a ativista.


Foi produzido um vídeo com a participação das lideranças, em uma linguagem popular do que era a Lei Aldir Blanc, os benefícios, como e quem poderia participar, entre outras informações.


O Projeto Oralidades contribuiu para o protagonismo dos povos e comunidades tradicionais, sem invadir seus territórios, levando de forma responsável informações sobre políticas públicas de Cultura.


“Em meio a uma pandemia, com isolamento social, foram cadastradas 522 ações, entre espaços de culturas tradicionais, artísticos, coletivos, grupos e eventos. É um trabalho contínuo, que precisa se expandir, principalmente, para as outras cidades da Baixada Santista, já que existem regiões no Brasil onde essa interação se faz presente por meio de discussões, fóruns e intercâmbios”, finaliza Catarina.


Para todos


“Para o aporte financeiro chegar nas pontas, no Brasil profundo, é preciso haver planejamento e estratégias que possam ser modificadas no caminho de uma ação ou de um processo. Mas é preciso experimentar e tentar, pelo bem maior que é o coletivo” Catarina Moreira, Ativista cultural


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