Defasagem no aprendizado e questões comportamentais são citados no A Região em Pauta

Fórum, organizado pelo Grupo Tribuna, abordou com especialistas a Educação e os aspectos do retorno às aulas

Por: Anderson Firmino  -  29/03/22  -  08:51
Projeto A Região em Pauta aconteceu na tarde desta segunda (28), no auditório do Grupo Tribuna
Projeto A Região em Pauta aconteceu na tarde desta segunda (28), no auditório do Grupo Tribuna   Foto: Matheus Tagé/AT

Vários segmentos da vida deram passos atrás com a pandemia. Um deles, a Educação. Os relatos de defasagem de aprendizado dos alunos, afastados do ensino presencial por dois anos, impressionam. O momento é de recuperação, lenta e desafiadora.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Esse é o diagnóstico exposto no primeiro encontro do ano do projeto A Região em Pauta, na tarde desta segunda (28), no auditório do Grupo Tribuna. Sob o tema Retomada da Educação, o Papel da Escola e do Professor, o evento teve dois painéis, sob mediação da gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo, Arminda Augusto.


No primeiro, profissionais do setor escancararam circunstâncias que ajudam a entender o grau de dificuldade de crianças e jovens. Fatores como pobreza extrema ajudam a contar o drama de quem queria estudar, mas esbarra na fome.


“Quem era pobre ficou mais pobre ainda. Eu vi a seguinte situação: nas casas, se tomando a chamada sopa de papelão. Rasga-se o papelão, guarda, põe para ferver. joga água e sal. O caldo grosso que dá, você consome”, relata João Bosco Braga Guimarães, diretor regional de Ensino de Santos.


Regina Spada, dirigente regional de Ensino de São Vicente e Litoral, lembra que, no Ensino Médio, pode não haver recuperação educacional. “Muitos adolescentes não têm mais a chance de recuperar isso. Posso falar, como educadora, que é desesperador”.


DEPOIMENTO
A tarde foi aberta por duas estudantes, Giovanna Sena e Luana Karoliny, ambas da UME Pedro II, em Santos. Além de terem ficado, na pandemia, sem um espaço para aprimorar habilidades, demonstraram preocupação com as consequências emocionais da falta da escola.


“É perturbador porque, sem ter convívio social, com outras crianças, elas podiam desenvolver problemas psicológicos, como depressão”, argumenta Giovanna. “ Eu saí totalmente diferente da pandemia”, pontua Luana.


Israel Batista de Oliveira, coordenador de ensinos Fundamental e Médio de Praia Grande, fez outra revelação. “Dois alunos, coincidentemente do sétimo ano, pediram para que as professoras escrevessem em letra de forma. porque a letra cursiva não estava sendo compreendida”.


A secretária de Educação de São Vicente, Nivea Marsili, pontuou que “a criança que tem problemas de comportamento, especialmente no 5o, no 6o ano, é aquela que não se sente representada. Às vezes, é taxada de bagunceira, mas é só porque não entende (o conteúdo)”.


O vereador de Praia Grande Roberto Andrade e Silva, o Betinho (PSDB), que é presidente da União dos Vereadores da Baixada Santista (Uvebs), pensa que “essa defasagem dos alunos está muito vinculada ao acesso a celular, computador, internet”.


Giovanna e Luana, alunas da UME Pedro II, de Santos: pandemia trouxe a descoberta de competências
Giovanna e Luana, alunas da UME Pedro II, de Santos: pandemia trouxe a descoberta de competências   Foto: Matheus Tagé/AT

É consenso entre as pessoas que trabalham com Educação que alguns caminhos devem ser seguidos. E eles passam pela adesão dos familiares e pelo olhar quanto aos professores, entes fundamentais neste processo de retomada.


“É preciso ter um diagnóstico com as famílias, se nós tivermos ações dentro das escolas para acolher essas famílias, Outro pilar importante são os professores. precisamos olhar para eles. Quando temos isso, podemos dar o próximo passo”, diz Maria de Lourdes Cordeiro, diretora da UME José Carlos de Azevedo Júnior, de Santos.


Enquanto isso, Janaína Lamas, diretora da UME Padre Waldemar Valle Martins, traz um novo elemento para o debate. Para ela, a busca por parcerias e o envolvimento da comunidade contam pontos para um processo seguro e eficiente.


“Ouvindo alunos, as famílias e todos os profissionais, podemos desenvolver um trabalho melhor. Vamos buscar parcerias na comunidade, nos fortalecer enquanto comunidade, para achar soluções”, enfatiza Janaína, especialista em Educação.


INCLUSÃO
Regina Spada é favorável a um processo de inclusão consistente em sala de aula. “É um desafio gigantesco. Muitos professores não são, de modo geral, totalmente qualificados para dar a assistência devida a esses alunos. É algo a ser aprimorado.”


“A transformação de uma sociedade passa pela educação. Enquanto não for prioridade, de nada vão adiantar esforços em quaisquer outras demandas”, acrescenta a vereadora santista Audrey Kleys (PP), vice-presidente da Uvebs.


Veja, neste domingo (3), mais matérias sobre o primeiro encontro de 2022 do fórum A Região em Pauta


Logo A Tribuna