Após quase um ano e meio de pandemia, setor cultural ensaia primeiros passos para retomada

Sensação entre os envolvidos com o setor é de que o retorno está mais próximo

Por: Redação  -  08/08/21  -  10:19
 Vacinação e protocolos dão confiança para o retorno dos eventos e espetáculos
Vacinação e protocolos dão confiança para o retorno dos eventos e espetáculos   Foto: Matheus Tagé/AT

Ao longo da pandemia, a Cultura, em suas mais variadas formas de expressão, mostrou o quanto é vital para uma sociedade. Como válvula de escape ou a manifestação dos desejos de uma sociedade, marcou o período com inovação, resiliência e espera. Teve suas baixas – e não foram poucas - por conta da Covid, como Paulo Gustavo, Nicete Bruno, Aldir Blanc e Genival Lacerda, só para citar alguns.


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Praticamente um ano e meio depois, com a vacinação em crescimento, a sensação entre os envolvidos com o setor é de que o retorno está mais próximo. Novo normal? O normal de sempre: rir, chorar, emocionar, entreter, conscientizar. Mas com protocolos, distanciamento, álcool gel, e conscientização. Nunca a expressão “o show não pode parar” esteve tão verdadeira. A retomada está aí.


Debater os desafios deste recomeço e o legado deste período tão singular para as nossas vidas é o desafio lançado pelo projeto A Região em Pauta, que teve transmissão pelas redes sociais do Grupo Tribuna na última segunda-feira, com mediação da gerente de Projetos e Relações Institucionais, Arminda Augusto, e o editor de Galeria, Ronaldo Abreu Vaio. Vale lembrar que o tema já foi abordado no ano passado, ainda nos primeiros momentos de uma pandemia que jogava mais incertezas do que respostas ao setor cultural.


O debate teve representantes de vários segmentos ligados à Cultura. Um deles é o ator e produtor Alexandre Borges. Ele se definiu como um defensor dos protocolos e orientações da Vigilância Sanitária para uma volta segura.


“Agora, em São Paulo, nos últimos três meses, tenho trabalhado bastante, com esse protocolo de segurança: 30 a 40% da sala, todos com máscara, o elenco testado. Meu interesse em voltar não é por necessidade artística ou saudade, mas porque acho que os trabalhadores da cultura estão precisando voltar a trabalhar, com toda segurança e responsabilidade”.


Mesmo com o processo de retomada das atividades culturais já em curso, ele ainda prega cautela, em função da alternância dos estágios da pandemia, com novas variantes. “Acho que o novo normal já começou em alguns lugares. Mas é imprevisível. Países que estavam sob controle tiraram a máscara e voltaram a ter pessoas infectadas. Sou a favor de máscaras e de testes rápidos”, explica.


Lives, opção para democratizar


Borges, como muitos artistas, recorreu às lives para mostrar seu talento. Mas, sobretudo, um espaço para disseminar a solidariedade. “Agora é o momento para quem pode ajudar o Poder Público a dividir essa responsabilidade. Eu tenho um tempo de carreira, faço televisão, fiz uma economia. Posso, nesse momento, ajudar. As pessoas com dinheiro, que receberam tanto da cidade, que prosperaram, está na hora de retornar à população carente, não em forma de doação, mas investir do próprio bolso”, prega.


Ele admite que este tipo de performance transmitida online não é a ideal (“O teatro tem essa característica que é a emissão da voz. E ela com microfone, para quem está em casa com fone de ouvido, pode ter uma coisa que precisa dosar”). Mas, na visão do ator e produtor, compensa por oferecer oportunidade a quem não tem condições financeiras ou de deslocamento para ver uma peça ao vivo.


“E acho que a live é uma coisa cara, há um investimento que se deve fazer: uma produtora, câmeras, a internet, o áudio. É um investimento de produção. Mas que, quanto mais se faz, barateia. A gente aprende a fazer melhor. Vai servir para aproximar o público carente, sem dinheiro para entretenimento”, considera.


O olhar doce para a função da arte é o atestado de uma longa carreira de êxito. Com a precisão da palavra, Alexandre Borges resume bem o seu sentimento. “Artista está sempre aprendendo com a vida. Com certeza todos nós nos tornamos melhores artistas agora, pois vivemos (a pandemia) de forma mais profunda, com reflexões. Ele é movido pela paixão”.


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