Quebra de sigilo de processo dá vantagem a traficantes
Embora não soubessem a data da operação, os bandidos sabiam que as forças policiais iriam cumprir o mandado de prisão
Atualizado em 11/05/21 - 10:14
A quebra do sigilo do processo que originou a operação policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, permitiu que advogados dos investigados acessassem os autos e tivessem informações sobre o pedido de prisão preventiva emitido contra eles. Isso deu aos criminosos tempo para que pudessem se preparar para o confronto com as forças de segurança na ação que ocorreu na comunidade na última quinta-feira (6).
Após a operação, foi encontrado um documento com o timbre do Ministério Público em um imóvel apontado como a casa-forte dos principais chefes do tráfico de drogas atuantes na comunidade e, de início, foi entendido que a operação tivesse sido vazada. No entanto, o MP esclareceu que a Promotoria recebeu o pedido de prisão, decretada no dia 28 de abril, mesma data em que o sigilo foi quebrado e as peças processuais ficaram públicas. A grande questão que fica é: como que um processo de tamanha relevância se torna público? Por ordem e mando de quem?
Com isso, a operação no Jacarezinho perdeu o elemento surpresa. Embora, ao que tudo indique, não soubessem a data exata da operação, os bandidos sabiam que as forças policiais iriam cumprir o mandado de prisão a qualquer momento. Com a informação, puderam se preparar, não apenas se organizando para fugir, mas também para se aparelhar e enfrentar a força policial.
Certos de que conseguiriam parar a operação por estarem em ponto estratégico e com forte armamento, os criminosos permaneceram em posição de evidente confronto à ação policial. Mesmo em desvantagem e sob intenso ataque, os agentes altamente treinados da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) realizaram um excelente trabalho durante nove horas de operação, avançaram no terreno, prenderam criminosos e apreenderam 16 pistolas, cinco fuzis, uma submetralhadora, 12 granadas, duas escopetas calibre 12 e munições.
Nesse confronto, perdemos mais um soldado na guerra contra a bandidagem. O policial civil André Frias morreu durante a ação. Filho único, deixou desamparada a sua mãe, que dependia dos seus cuidados. Fica aqui a minha homenagem a um herói que será sempre lembrado por sua coragem, sua ação em combate, cumprindo a sua missão de proteger a sociedade e os cidadãos de bem. Meus sentimentos à família e amigos e que Deus possa confortar os corações de todos.
O Brasil é o país que mais mata policiais no mundo. Os criminosos possuem pesados equipamentos e estão prontos para uma guerra civil. Estão, muitas vezes, em vantagem em relação ao armamento dos policiais brasileiros. Mais que lamentável, toda essa situação é inaceitável.