Versão amadurecida de Neymar tenta levar PSG ao topo europeu
Atacante brasileiro assume o protagonismo no Paris Saint-Germain na reta final da Champions
Nove anos após mudar de dono e passar a receber rios de dinheiro do Catar, o Paris Saint-Germain está a míseros dois passos do sonho que se tornou obsessão: a taça da Liga dos Campeões da Europa. A vitória de quarta-feira (12) sobre a Atalanta colocou o time francês na fase semifinal da Champions e evidenciou uma mudança de postura do PSG. Após tantos fracassos na busca pela conquista europeia, o clube dá sinais de amadurecimento. E isso passa por Neymar, finalmente inteiro nos aspectos físico e psicológico para ser o comandante dessa jornada.
A quem pensa que o PSG passou sufoco contra galinha morta, é bom lembrar que a equipe de Bérgamo deu show no último Campeonato Italiano e apresentou o melhor futebol do torneio, ficando em terceiro lugar e emendando uma goleada atrás da outra, mesmo com um time mais barato que os elencos de rivais como Inter de Milão e Juventus. Não à toa, vencia os franceses por 1 a 0 até os 44 minutos do segundo tempo e fazia por merecer a vaga na semifinal. Até Neymar virar o jogo do avesso, como tantas vezes conseguiu fazer com as camisas do Santos e do Barcelona.
O camisa 10 brasileiro desperdiçou oportunidades de gol que não costuma jogar fora, mas não fugiu da responsabilidade e comandou as ações ofensivas do PSG, que não contou com Di Maria na armação das jogadas e teve Mbappé em campo só na reta final do jogo de quarta-feira, devido a uma lesão. Armou e tentou concluir jogadas, o que o deixou sobrecarregado e por vezes irritado, mas não havia como fugir desse cenário, por conta dos desfalques - o artilheiro uruguaio Cavani, por exemplo, encerrou seu contrato com o clube em junho e saiu pela porta dos fundos, sem despedida.
Seja por mera evolução pessoal ou pelo fato de perceber que a tão sonhada volta ao Barcelona não ocorrerá tão cedo - a pandemia acertou em cheio os cofres do clube catalão -, Neymar acordou para a vida e assumiu o papel que deveria ter desempenhado desde o dia em que desembarcou em Paris, em 2017. E isso é bom demais. Afinal, ninguém aguentava vê-lo desperdiçar parte da carreira se recuperando de lesões, virando piada por simulações de falta ou sendo notícia por escândalos extracampo.
Azar da Atalanta, que tentou em vão neutralizá-lo e viu o brasileiro aparecer livre na área, no último minuto do tempo regulamentar, para dar o passe do gol de Marquinhos e, num piscar de olhos, tirar da cartola um lançamento primoroso a Mbappé, que só rolou para Choupo-Moting marcar o gol da vitória.
Em uma Champions afetada pelo novo coronavírus a ponto de mudar a fórmula de disputa e adotar jogos únicos na fase final, o crescimento do Paris Saint-Germain após fracassos de todo tipo no torneio (como esquecer os 6 a 1 para o Barcelona?) e o caminho mais curto para o título podem credenciar Neymar a um objetivo pessoal que marca sua carreira: ser eleito o melhor jogador do mundo. Os primeiros passos já foram dados e quando o dono do cabelo moicano mais famoso do planeta está focado, é impossível segurá-lo.