Torcida do São Paulo não pode reclamar
Quem aplaude contratações como a de Alexandre Pato tem de aceitar tudo o que ele (não) faz
Mais um clássico fora de casa, mais uma derrota. A sina perdedora do São Paulo teve sequência na última quarta-feira, com o tropeço diante do Palmeiras, no qual o 3 a 0 ficou barato, tamanha a superioridade dos donos da casa.
Após a partida, embora todo o time tenha jogado mal, apontar Alexandre Pato como um dos piores em campo foi chover no molhado. Não somente diante do Palmeiras, mas na maioria dos jogos é assim. Ganhe, empate ou perca, o atacante que custa milhões por mês é sempre omisso, pouco notado em campo, para desespero de um fã clube que, sete meses atrás, o idolatrava e praticamente obrigou a diretoria a contratá-lo.
Mas, se Pato sempre foi Pato, se ele até hoje vive da expectativa que provocou quando surgiu, no longínquo ano de 2006, por que esperar algo de diferente agora, que ele tem 30 anos e está milionário? Mais: como cobrar empenho e aplicação de um jogador que nunca entregou isso?
Por isso, antes de reclamar da diretoria do São Paulo – a pior da história do clube, sem dúvida –, o torcedor precisa se olhar no espelho e tentar entender por que ele se deixa enganar com a chegada de salvadores da pátria. Foi assim com Pato, Daniel Alves – outro fiasco, que, conquistas à parte, ainda não entendeu o que é jogar em um clube na fila –, Hernanes e mesmo Rogério Ceni, Raí, Lugano, Ricardo Rocha fora de campo. Nenhum deles, apesar do currículo, demonstrou a mínima capacidade para recolocar o trem nos trilhos.
Além de parar de procurar coelhos na cartola, o São Paulo precisa deixar de encarar as competições como se elas fossem um torneio interclasses. Qualquer coisa que fuja de um trabalho feito por gente que entenda do assunto, com continuidade e métodos profissionais, vai resultar no que se vê hoje, com um time fragilizado, um departamento médico que não recupera ninguém e um marketing que não funciona, entre tantas outras mazelas.
Nos últimos dez anos, o São Paulo se meteu em um buraco muito fundo, institucionalmente falando. As más administrações provocaram um estrago que vai levar tempo para ser remendado. Não será de uma hora para outra que o clube voltará a vencer, a distância, especialmente a moral, para o topo está gigantesca. Até por isso, é preciso reconhecer o cenário de terra arrasada e dar um passo de cada vez.
O presidente Leco já deixou claro não ter competência para virar o jogo. Ainda assim, se ninguém no Morumbi entender o momento, uma hora vai ser tarde demais.