Precisamos falar sobre o Cueva
Eu juro que preferiria não ter que escrever sobre o meia (boca) peruano, mas... o Santos me “obriga” a isso
Cueva já deu o que (mal) falar no Santos. Após um ano de sua contratação, bom seria não ter que escrever (de novo) sobre o meia (boca) peruano. Mas como o Alvinegro resolveu apostar nele no ano passado... sou obrigado a relembrar que o clube ainda tem uma bomba em suas mãos.
Ao que parece, a novela de enredo arrastado, que ganhou ares mexicanos desde o início do mês, quando Cueva passou a treinar no Pachuca, pode ter um início de desfecho nesta semana.
Após o jogador ter entrado na Fifa pedindo a liberação do Santos pelo suposto atraso no pagamento de cinco meses de seus direitos de imagem, a entidade máxima do futebol deu prazo para que o Alvinegro apresente a sua defesa até esta quarta-feira (12).
Além de negar a dívida com o meia, o Santos promete acionar o time mexicano, exigindo o pagamento da cláusula indenizatória para clubes do exterior. O valor? 100 milhões de euros, ou mais de R$ 470 milhões.
Neste fogo cruzado, é difícil saber quem está com a razão, quem está mentindo ou quem está blefando. Se Cueva não tem credibilidade na praça, fruto de sua conturbada carreira, o Santos também não goza de muito prestígio quando o tema é “pagamentos em dia”. E isso, infelizmente, não é de hoje. É histórico.
Nos últimos tempos, cobranças de pagamentos atrasados já foram feitas até em entrevista ao vivo. Como no final do ano passado, quando o atacante Marinho lembrou o presidente José Carlos Peres das pendências.
O ano de 2020 também começou com broncas. Carlos Sánchez ficou insatisfeito com a falta de pagamento de comissão a empresários na negociação que o trouxe à Vila. O Huachipato, do Chile, já chiou sobre atraso na quitação de parcelas da compra de Soteldo e por aí vai...
Apesar dos diversos problemas financeiros pelos quais passa o clube, seria uma insanidade, para dizer o mínimo, se o Santos deixasse de pagar salários, direitos de imagem ou de fazer o pagamento do fundo de garantia a qualquer funcionário por dois meses ou mais.
Seria a brecha para que um jogador entrasse na Justiça exigindo o rompimento do contrato. Tal qual aconteceu no final da gestão de Odílio Rodrigues, em 2014, quando vários jogadores conseguiram se desvincular do Santos (e acionar o clube judicialmente) por falta de pagamentos.
Tal irresponsabilidade faria com que Cueva não apenas se livrasse do vínculo com o Peixe. Deixaria, ainda, a indigesta conta de 7 milhões de dólares (cerca de R$ 30 milhões) para o Santos pagar ao Krasnodar, da Rússia.
Seria mais um pesadelo financeiro para o Alvinegro (e outra herança maldita para as futuras gestões), assim como foi a barca furada chamada Leandro Damião. Contratado à época pelo presidente Odílio Rodrigues, com as bençãos da maioria do então Comitê de Gestão.
Resta ao torcedor santista torcer para que Cueva esteja mentindo ou blefando. E que a Fifa dê razão ao Santos no imbróglio, punindo o jogador ou o Pachuca. Porque, na aposta neste azarão peruano, se o Peixe sair no 0 a 0 (sem ter que pagar, nem receber nada), já estará no lucro.