O santista vai precisar de paciência
Ao que tudo indica, Jesualdo não segue a cartilha de Sampaoli. Mas isso não significa fracasso
Atualizado em 24/01/20 - 18:35
O Santos começou o ano sob grande expectativa. Casa cheia, estreia de técnico, homenagens pelo aniversário da Cidade e um adversário que valorizaria uma eventual vitória. Mas o empate em 0 a 0 com o Red Bull Bragantino em plena Vila Belmiro caiu como um balde de água fria.
Pior do que o resultado foi a atuação. Do time intenso, que marcava no ataque e trocava bolas com o goleiro para atrair o adversário e criar espaços, o Santos se mostrou cauteloso e precavido. O ritmo lento e os erros cometidos principalmente pelos armadores deixaram os atacantes isolados. Não por acaso, a equipe santista praticamente não criou nada, e se tivesse que haver um ganhador seria o Bragantino, que perdeu duas chances claras com Ytalo.
É evidente que é cedo para se tirar conclusões. Além disso, havia o desfalque de Soteldo. Entretanto, as impressões estão aí para serem debatidas. E a primeira delas é que Jesualdo Ferreira tem visão diferente da de Jorge Sampaoli sobre futebol. Não só pelo jogo de quinta-feira (23), mas principalmente pelo que já declarou, ao que tudo indica o treinador português prefere um time mais contido, que não corra riscos e agrida o adversário na hora certa, sem se expor.
Por isso, o torcedor santista tem de estar preparado. A mudança de estilo está desenhada. Pode ser que, com o passar do tempo, Jesualdo aprimore a equipe a ponto de ela se tornar tão boa que pouca gente lembre de Sampaoli. Contudo, neste início de trabalho a adaptação tende a cobrar um preço que deve ser bancado, inicialmente – e com convicção –, pela diretoria. Talvez já prevendo dificuldades, o presidente José Carlos Peres pediu paciência aos torcedores na última quarta-feira (22). “A palavra é adaptação. Jesualdo está chegando agora”, disse ele, que, independentemente do que venha a acontecer, fez certo ao, mais uma vez, buscar um treinador que fugisse das opções de sempre.
E tem mais: por melhor que tenha sido o trabalho de Jorge Sampaoli, ele não ganhou nenhum título no Santos. Com Jesualdo, pode ocorrer o contrário: um futebol menos vistoso pode levar a conquistas, especialmente em competições de mata-mata, nas quais a cautela muitas vezes aponta o caminho da glória.
As próximas rodadas do Campeonato Paulista vão servir para revelar o rumo do Santos. Desde já, porém, está claro que o time e o treinador vão precisar de apoio e compreensão, ingredientes nem sempre encontrados na prateleira do futebol brasileiro.