Jesualdo está perdido no Santos
Declarações e trabalho do treinador mostram que ele não entendeu o que é o clube
Mesmo liderando a sua chave no Campeonato Paulista, o Santos é uma decepção até aqui. E o futebol apresentado na derrota para o Ituano, por 2 a 0, é um sintoma do trabalho ruim do técnico Jesualdo Ferreira.
Após a partida disputada em Itu, o treinador declarou que o Santos que pretende ver daqui para frente é o do segundo tempo, no qual pressionou o adversário. Mas foi uma pressão leve, natural de quem já estava desvantagem. Não houve nada de especial, nada provocado pelas mexidas do treinador.
Na derrota para o Corinthians, também por 2 a 0, Jesualdo também demonstrou não entender o contexto no qual está inserido. Questionado sobre o impacto do resultado, o português declarou que ninguém havia morrido e que o importante foi a manhã festiva de futebol em Itaquera. É evidente que o ano do Santos não terminou naquele tropeço, mas minimizar a derrota e a atuação apagada frente ao maior arquirrival não pareceu ser a solução mais adequada.
Na vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, àquela altura o pior time do Campeonato Paulista, em plena Vila Belmiro, Jesualdo minimizou a atuação insossa alegando que o adversário não ofereceu perigo ao Santos. O que a maioria esperava, provavelmente, era que o time santista aproveitasse a ocasião e goleasse, anulando o adversário naturalmente.
Passados sete jogos, fica claro que Jesualdo Ferreira não tem nada a ver com o Santos e seus valores históricos de futebol ofensivo e arrojo na busca por vitórias. Com o tempo – caso não seja demitido antes –, o português até pode virar a chave e montar um time que, mesmo cauteloso e lento, alcance resultados importantes. Porém, o horizonte desenhado não indica nada disso.
Jesualdo também carrega nos ombros o peso de suceder Jorge Sampaoli. O argentino, com todos os seus muitos defeitos, montou um time que encantou, mesmo não tendo sido campeão de nada. Qualquer um que viesse a substituí-lo teria de lidar com isso. Contudo, o português mostra a cada jogo, a cada declaração, que vê o futebol de forma diferente. “Não precisamos correr, correr cansa. Quem corre é a bola”, chegou a dizer o treinador certa vez, quando perguntado sobre o contraste na intensidade da equipe em campo. Nem o fato de jogar com três atacantes, no caso dele, quer dizer algo, pois o time não demonstra energia para agredir o adversário.
Para piorar, tudo isso acontece às vésperas de um clássico – diante do Palmeiras, no sábado (29), pelo Paulista, no Pacaembu – e da estreia na Libertadores – no próximo dia 3, contra o Defensa y Justicia, na Argentina. É obrigação da diretoria cobrar e dar suporte a um treinador que ela tirou da inatividade. Porém, fica difícil imaginar sequência de trabalho nessas condições.