Empresários estragam os jogadores
Atitudes como a dos agentes de Lucas Paquetá, que tentam tirá-lo do Milan por falta de oportunidades, contribuem para o surgimento de jogadores sem personalidade
Lucas Paquetá saiu do Brasil em 2018 como um dos principais jogadores do País. Com grandes atuações pelo Flamengo, ele convenceu o Milan a pagar 35 milhões de euros pelo seu futebol. Pouco menos de dois anos depois, porém, os empresários do jogador quem tirá-lo de lá. A alegação é que brasileiro estaria desmotivado por não receber oportunidades.
Por mais jovem que seja, e por maiores que sejam as dificuldades com a mudança para uma realidade tão distinta da brasileira, Paquetá só tem a perder ao desistir do Milan e forçar uma transferência. Aos 22 anos, ele tem mais é de se superar e mostrar que os italianos não jogaram dinheiro fora com ele.
Mas o jogador não erra sozinho. Na verdade, seus empresários são os vilões da história. Ao tentarem “virar a mesa” para acabar com a suposta tristeza do meia-atacante, eles apenas mostram o caminho mais fácil, que muitas vezes é o pior. Jogador tem que ganhar a vaga em campo, não via empresário.
Esse excesso de cuidados – que também tem seu lado comercial, é claro – é o grande responsável pelo surgimento de tantos jogadores sem personalidade no Brasil. A Seleção Brasileira é o exemplo mais claro. Não falta talento a Thiago Silva, Philippe Coutinho, Marquinhos e, claro, Neymar. Faltam personalidade e resiliência nos momentos difíceis. Não por acaso, nossas últimas participações em Copa do Mundo foram um desastre. Levamos de 7, choramos e perdemos jogos nos quais faltou sangue nos olhos.
No caso de Paquetá, porém, não falta apenas personalidade. Ele, Vinicius Jr. Éder Militão, Gabigol e outros não têm futebol para vestir a camisa de grandes times da Europa. Eles foram muito bem no Brasil porque, por aqui, o nível do futebol é baixo. Mesmo na Itália, pais no qual o campeonato nacional já não é o melhor do mundo há tempos, é preciso mais do que correr e simular faltas. Leitura de jogo e inteligência para entender o que as partidas pedem são características fundamentais.
O tempo vai dizer se Lucas Paquetá e toda essa geração vendida ao exterior por milhões valem quanto pesam. O que se pode dizer, desde já, é que não é no grito, ou entregando os pontos, que eles vão se firmar nos principais centros do futebol.