Alison e Jean Mota são a prova de que técnico faz a diferença
Santistas têm jogado como nunca após a chegada de Sampaoli
Se a cada mês houvesse uma eleição de melhor time do Brasil, o Santos teria sido o vencedor de janeiro. Afinal, ninguém em todo o País jogou mais do que a equipe de Jorge Sampaoli, ainda que cada caso seja um caso nos combalidos estaduais. E muito do grande futebol apresentado pela equipe alvinegra passa pelos pés de Jean Mota e Alison, jogadores por quem a maioria dos torcedores nunca morreu de amores.
Teria o argentino poderes mágicos para transformar atletas que entregavam pouco em referências de um time que vence e convence? Creio que não. A questão resume-se a conhecimento profundo do tema e ascendência sobre comandados e comandantes. Sem amarras que limitem seu trabalho e obcecado por fazer seus times jogarem em alto nível, com total dedicação, Sampaoli cobra muito tanto os jogadores quanto a diretoria e demais agentes envolvidos no processo. E assim o faz por ter prestígio e “tamanho” para isso. Do outro lado, quem recebe a cobrança sabe que precisa corresponder, não há como se acomodar ou se esconder atrás de justificativas inconsistentes. Essa junção de características, infelizmente, virou espécie em extinção nos treinadores do Brasil.
Jean Mota começou o ano fazendo o cruzamento que resultou no gol de empate no amistoso contra o Corinthians. Em seguida, marcou o gol da vitória sobre a Ferroviária, por 1 a 0; fez mais um e deu assistência na goleada sobre o São Bento, por 4 a 0; acertou o cruzamento para o gol de Luiz Felipe, na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo; e voltou a deixar sua marca (de cabeça, quem diria...) nos 4 a 1 diante do Bragantino. Nem nos melhores sonhos o torcedor santista poderia esperar algo parecido de um jogador que nunca pareceu ser capaz de sair da estagnação em que se encontrava.
Alison continua firme na marcação, mas agora acerta lançamentos como o que permitiu a Derlis González balançar as redes tanto diante do São Paulo como contra o Bragantino. Principalmente no clássico, não foi um mero lançamento, e sim uma jogada digna de camisa 10, o que não é o caso do volante.
O Santos ainda não ganhou nada e pode nem vir a ganhar. Entretanto, não é possível ignorar, ainda mais no Brasil, um estilo tão vistoso e corajoso como aquele que Sampaoli imprimiu no time da Vila Belmiro. Com propriedade, o treinador comprova que treinador faz a diferença.